Por que a seletividade étnica torna as pessoas racistas

“Nada de negros ou asiáticos, nada contra, só não curto”? Jamais se envolveu com alguém de outra raça? Isso é preconceito

por Marcio Caparica

Ano passado postamos um texto sobre uma prática discriminatória classificada como “colorism”. Trata-se do racismo praticado entre negros. O texto, que você pode ler aqui, falava sobre como esse tipo de preconceito travestido de preferência tem raízes culturais.

Hoje, mais um post sobre o assunto, que nos remete a como essas práticas racistas se difundem nos apps de pegação gay. Todas elas, claro, travestidas de “preferência”, “gosto” e “filtro”.

Adaptado do artigo de Jerry Plaza para o site GayGuys.com

A existência do racismo começou com uma ideia. Alguém, em algum lugar, achou que seria legal tentar se fazer mais importante, algo que todos nós queremos. O jeito mais fácil de fazer-se sentir mais valorizado é criar a aparência falsa de que você é mais merecedor do que os outros. Enganar o mundo, fazendo-o pensar que você vale mais aqueles ao seu redor. É uma maneira certeira de ganhar autoestima. As celebridades fazem isso artificialmente, os chefes fazem isso por meio do poder. Uma das maneiras mais comuns de se criar valor social é incitar a segregação racial. Gays solteiros que preferem uma raça a outra não são “seletivos”. Eles são racistas. Eis o porquê:

Há uma diferença entre “tipo” e generalização. Todos têm seu tipo. Nossos tipos são aqueles para quem nós olhamos primeiro quando entramos numa sala. Alguns caras preferem louros enquanto outros preferem ruivos; alguns caras preferem os altos aos baixos. Esses são todos tipos. Generalização é outra coisa. É um julgamento lançado sobre um grupo inteiro de pessoas tendo por base uma fantasia ou um estereótipo.

Aqui vai um exemplo. Digamos que você tem tesão por ruivos. Se um gostoso de cabelos castanhos chegar junto, você o descartaria? Algo me diz que você pelo menos experimentaria para ver como é. Bem, e se um homem igualmente gostoso, mas de outra etnia, fizer a mesma coisa? Você o dispensaria sem jamais lhe dar uma oportunidade? As estatísticas dizem que sim.

Generalizações são incrivelmente danosas, inclusive a quem as carrega. Elas o impedem de enxergar qualquer outra coisa além do estereótipo que você criou dentro de sua cabeça. Não é a mesma coisa que “preferir” louros ou ruivos. Não dá pra dizer que absolutamente nenhum homem de uma certa etnia tem as características físicas (com exceção da raça), mentais e sentimentais que poderiam fazer com que você se apaixonasse por ele. Se eu perguntar por que você preferiu não sair com alguém de uma certa etnia, a única resposta que você pode possivelmente dar está plantada em estereótipos, assim como você estaria sendo preconceituoso se pensar que todos os ruivos são ruins de cama ou que todos os asiáticos são passivonas.

Você pode argumentar que já viveu por experiências ruins no passado, mas pare para pensar. A razão por que o lance não deu certo foi a etnia da pessoa? Se seu ex é fanático por Star Wars, você eliminaria da sua lista de futuros candidatos todos os outros caras que gostam desse filme? O nome disso é cabeça estreita, e você está sendo um belo exemplo. Raciocínios como esse fazem você se sentir superior e mais forte (“coitado, ele me quer, rarará!”), ao mesmo tempo que impedem qualquer autoanálise sobre o que fez você aceitar esse ponto de vista para início de conversa.

(Engraçado que nunca vi nenhum perfil em que esteja escrito “nada contra brancos ou louros, não sou preconceituoso, só não curto”.)

Não há qualquer lógica por trás das preferências étnico-raciais. Desde crianças nós passamos por uma lavagem cerebral que nos ensina a fazer generalizações baseadas na raça. Quem não as questiona é mais uma peça nessa missão sem fim de manter as etnias separadas, uma ideia que compactua com a opressão. A pele se tornou uma moeda e nossa cor se tornou um valor. Isso não cria nada além de um complexo de superioridade racial. Quando você supõe que o modo de vida de alguém tem menos valor que o seu (seja numa escala socioeconômica, seja numa escala humana), você está sendo igualzinho aos pais que expulsam de casa seus filhos adolescentes, ou os políticos que dizem barbaridades sobre homossexuais mas justificam isso sob a égide da liberdade de expressão.

Um típico perfil de apps de pegação gay, em que seu usuário jura que não é preconceituoso, mesmo transbordando preconceito pelos poros

Um típico perfil de apps de pegação gay, em que seu usuário jura que não é preconceituoso, mesmo transbordando preconceito pelos poros. A palavra usada desta vez é “filtro”.

Você quer saber o que é mais triste? É que não é culpa sua. O racismo existe para fazer com que nós nos sintamos melhores sobre nós mesmos. Se você não gosta de si mesmo, o racismo e o preconceito podem ser ferramentas excelentes para ajudá-lo a ter mais autoestima. Dá para ganhar dinheiro com o racismo. Ele pode se transformar em propaganda para ajudar políticos a se elegerem, gerar negócios ao criar campanhas de marketing e produtos (“alise seu cabelo!”), e fornecer pautas a repórteres  que podem elevar sua carreira. É um assunto que é sempre bom guardar na manga, porque, afinal de contas, se ele não existisse, do que mais se falaria?

Nós precisamos expor os danos que as preferências de raça causam na comunidade gay. A maioria das pessoas teme discuti-lo porque é desconfortável. Os caras que dizem não curtir “negros” ou “asiáticos” no Grindr são os mesmos que descartam o assunto quando ele surge numa conversa, e ao mesmo tempo defendem seus pontos de vista racistas (“Se eu não tenho tesão, já estou agilizando o negócio!”), sem jamais terem se envolvido com um negro ou um asiático na vida. A verdade é que provavelmente eles nunca se expuseram a eles de forma alguma – como crianças, “não comi e não gostei” – então como a lógica que empregam pode ser qualquer coisa que não uma generalização?

O racismo pode acabar se nós quisermos, mas provavelmente isso jamais acontecerá. Ele já deu sinais de que pode ser muito lucrativo. É um lixo de tradição que passa de geração em geração de todos os perfis étnicos. As ilusões podem chegar ao fim, mas sem a ilusão só resta a realidade. E a realidade é um lugar assustador de se viver, especialmente quando a mensagem é de igualdade. Ninguém quer ser igual aos outros porque nossa cultura nos treinou para sermos melhores que todos os outros. O mundo da fantasia é muito mais confortável para todos nós.

A história já demonstrou que quando há uma divisão gritante entre classes sociais ou etnias, revoltas acontecem mais cedo ou mais tarde. É um instinto animal, e é como a maioria das civilizações na história do mundo chegou ao fim. É hora de nós aceitarmos o fato que não somos tão bonzinhos quanto nós achamos que somos. Preferir uma raça a outra não faz qualquer sentido. Qualquer argumento contrário é fruto do preconceito e, mais ainda, negação.

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39 comentários

Larissa Benevides Vieira

Ótimo artigo, e na minha opinião vale também para héteros

Artigo: Não se trata de sua opinião, você está errado

[…] forma correta e aceitável de conduta para um homossexual é agir como um heterossexual. Ou, ainda, o texto sobre seletividade étnica que muita gente insiste em chamar de gosto enquanto nós chamados…, mesmo apesar de um sem número de comentários de gays que “não são racistas, apenas não […]

Carlos

Achei o artigo uma grande balela, tô pra ver tanta colocação de chifre em cabeça de cavalo.
O racismo, assim como a hetero-normativa são imposições socias, se as imposições sociais influenciassem no tezão dos outros, nos ja teriamos deixado de gostar de homem ha muito tempo, e até o brasil não seria um pais tão mestiço desde de sua formação (quem vai negar que naquela epoca o racismo era muito mais bizarro?). Quem gosta de um bom-bom de chocolate nao vai deixar de gostar mesmo sendo racista e dizendo da boca pra fora que não gosta, o tezão e uma coisa primal, animal e não tem muita explicação. Uma coisa e a pessoa que alguem apresenta pros pais e pros amigos, nisso sim influencia as imposições sociais, mas outra muito diferente é o que pode acontecer entre quatro paredes.
Seguindo essa lógica de raciocínio um homem hétero que não sente tezão por um gay podia ser considarado homofóbico e um gay que não sente tezão por mulher se consideraria misogino.
Acho até que o mundo seria até mais divertido com todo mundo sentindo tezão por todo mundo, mais não é dessa forma que o mecanismo do desejo sexual funciona.

Alex

Oi Marcio, conheci o site a alguns dias e é meu primeiro comentário! Se eu disser que não existe nenhuma pessoa negra no mundo que poderia despertar meu interesse sexual ou afetivo, eu seria considerado racista? Na sua opinião não existe gosto, tudo é classificado como racismo? Eu sou branco, pele bem clara, olhos claros, e não me considero superior a nenhuma etnia, mesmo assim meu gosto é racista? Acho que isso é a mesma coisa de feministas tentarem obrigar os homens héteros a acharem mulheres gordas, peludas e de cabelos curtos bonitas e atraentes, sendo que não é do gosto da maioria dos homens mulheres assim! Eu tenho atração por pessoas brancas, nunca me relacionei com pessoas de outras etnias por nunca sentir a menor atração, eu deveria me obrigar a uma experiência assim só para provar que não sou racista?
Bem, é isso! Um abraço!

Marcio Caparica

Oi Alex. Sim, se você disser que NENHUMA pessoa negra poderia despertar seu interesse sexual ou afetivo, você está sendo racista. Existe gosto, sim – como o artigo diz, é aquele cara pra quem você olha primeiro quando entra na sala. Agora, todo relacionamento sexual ou afetivo costuma ser escolhido no que eu chamo “3 de 4”. Digamos que seu homem ideal é alto, ruivo, musculoso e bonito. Se um loiro alto, musculoso e bonito chegar junto, você dá uma chance? Sim, ele tem 3 das 4 características que te agrada. Se um ruivo musculoso bonito e baixinho chegar junto, você dá uma chance? Aposto que sim. 3 de 4. Se um ruivo alto musculoso mas meio feio chegar junto, você pega? Bem capaz, olha o corpão, e é ruivo… 3 de 4. Mas se um negro bonito, alto e musculoso chegar junto e você automaticamente descarta, mesmo que ele tenha 3 das 4 características que preenchem seu gosto, isso não é “apenas questão de gosto”, é racismo. A única razão porque você pegaria um louro alto musculoso e bonito mas não pegaria um negro alto musculoso e bonito é porque o segundo é negro? Racista. E nem percebe.

Rodrigo

Marcio, você tá sambando muito na cara dessas pessoas. Seu destruidor. Tchau.

Alex

Mas eu não me sinto superior, eu não odeio as pessoas de diferentes etnias, nunca na minha vida tratei ninguém mal, ou fiz qualquer tipo de diferença! A aparência conta sim, mas o caráter vale muito também, como eu poderia me interessar por uma pessoa que não sinto atração física, isso seria amizade basicamente!
Tudo bem, sou de família italiana, e eu sempre ouvi coisas preconceituosas, como a minha avó dizia “que do mesmo jeito que nasceu o negro, nasceu a negra, e cada um com a sua raça”! Será que eu sou racista? Eu nunca consegui me interessar por negros, orientais, ou pessoas de qualquer etnia diferente da minha! Mas eu não acho que me forçar a sair com uma pessoa que não me atrai vai me fazer mudar isso! Por exemplo, gente de pele morena, tipo árabes também não me interessam, e eles não são negros, então acho que é questão de gosto mesmo! A minha irmã já namorou negros, orientais, nordestinos, ela é muito bonita, já namorou homems feios, bonitos, de todo jeito, mas eu não consigo! Acho que o gay é mais ligado a estética! Estou me sentindo um pouco mal, mas eu garanto que não sou racista, pelo menos eu acho que não! Um abraço!

Marcelo

“Gosto” é uma construção social. Daí que o sujeito não gosta de qualquer etnia que não seja caucasiana, já a exclui automaticamente, todos, e diz não ser racista. “Acho que isso é a mesma coisa de feministas tentarem obrigar os homens héteros a acharem mulheres gordas, peludas e de cabelos curtos bonitas e atraentes”. Além de racista, é um tremendo sem noção, para não dizer o que realmente queria. Quem disse que feministas obrigam homens heterossexuais a gostarem de gordas peludas ? Para de bostejar. Você só perpetua essa lógica gordofóbica, machista e racista. Só faltou ser heterossexual para a falta de empatia ser completa.

Alex

Eu não tenho obrigação de me relacionar com quem não me atrai, não tenho que provar nada a ninguém, se quiserem me chamar de racista, fiquem a vontade, não me importo e meus gostos nunca vão mudar!
As feministas querem sim obrigar os homens a aceitarem mulheres gordas, feias e relaxadas como bonitas e atraentes, e quem discorda é rotulado de machista!
Do mesmo modo que as feministas gordas criticam a mulher que é bonita, magra e que se cuida, falando que elas tem distúrbios alimentares, que são vaziase só pensam na aparência, falam isso por inveja!
Então é asim, não sente atração por outras etnias, é racista, gosta de mulher bonita, é machista!
É muito fácil criticar, afinal ninguém está vendo como é a sua vida, mas duvido que algum de vocês fique com pessoas que não te atrai nem um pouco só para ser politicamente correto!

Marcelo

Querido, vamos lá. Você está completamente equivocado em muitas coisas. Discutir sobre o gordo na sociedade e lutar para que ele possa ser da forma que quiser não significa obrigar ninguém a gostar deles. O que acontece é que vivemos numa sociedade que prega um padrão magro/sarado desde que nascemos, e todos formam os seus gostos fazendo referência a esse padrão magro. Por que quem está fora desse padrão é excluído ? Quem disse que o bonito é ser magro? Eu vejo muitos gordos bonitos. Porém, para você, ser gordo é sinônimo de feiura. Percebe ? O seu chamado “gosto” é formado a partir dessa lógica. E pasme, a grande parte da sociedade tem o mesmo “gosto” que você. Coincidência ? Não acho que é coincidência que desfiles de modas, editoriais, e qualquer coisa ligada a estética tem como uma representação um padrão magro. O seu padrão de “bonito” é de branco e magro. Você é só mais alienado com um gosto racista e gordofóbica que não para para refletir sobre o porquê de você e 90% da sociedade ter como padrão esse único modelo. Ninguém nasce achando a Megan Fox maravilhosa, as pessoas constroem o padrão Megan Fox, como algo bom. Tenta achar alguma desculpinha que te convença que você não tem um gosto pautado em racismo e gordofobia, talvez se sinta melhor. Caso contrário, reflita e se questione, se não for doer o cérebro.

Alex

Para começar obesidade não é tipo físico como o magro, é uma doença, grave e uma epidêmia, mas eu vou achar bonito, saudável e natural para provar que o mundo está errado!
Quando eu chego perto de um homem branco, eu me sinto naturalmente atraido por ele, não acontece o mesmo por outras etnias, então o que eu sinto foi construido pela sociedade, e não é o que eu sinto de verdade? Puxa, que interessante seu modo de pensar! Eu não inventei quem deve ser ou não excluído, e acho que isso é errado, afinal todos devem ter os mesmos direitos e deveres, mas não posso obrigar ninguém a gostar de nada!
Então eu não sou racista, é questão de gosto, e meu gosto é pessoal e não é discutível!
Engraçado você se achar tão moderninho, mas as suas idéis tão originais vem todas prontas!
Dúvido que você troque um cara alto, bonito de corpo perfeito por um obeso, que piada, pelo menos não sou hipócrita!

Marcelo

Quem aqui está falando de obesidade ? Conheço pessoas gordas e a saúde delas estão, Ó, ok! Essa velha lógica de ser “saudável” muitas vezes possui esse discurso de emagrecimento por trás. Uma pessoa gorda pode viver bem como qualquer outra. Ela pode fazer caminhadas, praticar alguns exercícios físicos e mesmo assim continuar com o seu corpo fora desse padrão. E ai ? Será mesmo que você está preocupado com a saúde de alguém gordo, ou é a estética ? Faça-me o favor né. E não sei se você leu o que eu disse, mas gordos são tão bonitos quanto qualquer magro. E sim bee, eu trocaria esse cara que você diz ser perfeito por um gordo. É que diferente de você, eu não fico limitado a pensamento discriminatórios e preconceituosos. E já que o senhor não é racista, tampouco gordofóbico, fica com o seu “gosto/totalmente natural/coincidência do destino/obra de deus” para ti, para de tentar convencer de que não é. Para mim, é evidente o que você é, basta ler o que você transmite.

Marcelo

Quando surge o assunto “gordo”, sempre surge os melhores palpiteiros super preocupados com a saúde alheia, né gente ? Parar de ter hábitos ditos não saudáveis ninguém quer. Mas se é gordo, opa! Vamos olhar para a saúde ? Nem é estética.

Alex

Meus hábitos alimentáres são super saudáveis, não consumo industrializados, só como orgânicos, então eu digo que obesidade é desculpa de gente preguiçosa e acomodada! Eu me cuido e vou me relacionar com quem não faz isso? Vai esperando!

James Cimino

Você é só uma pessoa deslumbrada consigo mesmo e, portanto, um narcisista que se coloca em posição superior porque come produtos orgânicos. Provavelmente faz isso pra sentir melhor que os outros, o que apenas revela a pessoa triste que você é. Você não sabe os motivos que fazem de todas as pessoas gordas. E especialmente acha que é um modelo a ser seguido. Meu caro, sinto avisar, você não é. O mundo é feito de diversos tipos de pessoas que têm outras prioridades, além de passar o dia moldando seu corpo para se sentirem aceitas. Agora, sinceramente, a julgar pelas suas palavras, acho que são os gordos que estão na vantagem de não se relacionarem com alguém tão superficial assim…

Alex

Nossa James, que discurso batido esse! Quer dizer que a pessoa ser gorda ela tem um mulhão de desculpas, mas quem se cuida é narcisista e vazio, superficial! Uau, que original, é o mesmo papo que mulher gorda usa para atacar as magras, que elas tem anorexia, que elas são cabeça vazia, só pensam em malhar, você pensou nisso tudo sozinho?
Então, me cuidar é errado, se entupir de lixo industrializado e usar o “problema de tireóide”, “genética” como desculpa é muito fácil, ter uma meta, seguir uma rotina, ter prioridades é o lado errado da moeda!
O problema de gente gorda é o excesso de vitimismo, chega de reclamar que são gordos, façam alguma mudança significativa!
Para começar você não sabe nada da minha vida, para dizer o que eu sou por poucas palavras digitadas!
E você Marcelo, se prefere pessoas gordas, deve ter tão poucas opções que só sobrou isso, e ainda quer dar uma que é questão de gosto, sei…
E seu gosto foi moldado pela sua vivência, ou falta de opção!
Só para finalizar, não existe NENHUMA pessoa gorda que se tivesse a chance de escolher continuar gordo ou emagrecer, escolheria continuar gordo, então esse papo de gordofobia é ridículo!
Gordura e felicidade, beleza, bem estar não cabem na mesma frase!

James Cimino

NENHUMA é uma palavra que não se deve usar em nenhum texto, especialmente quando você não tem certeza do que está dizendo. Eu conheço muitas pessoas, a começar pelo meu namorado, que adoram gordos (eu sou magro, por exemplo, e fujo à regra dele). E, de fato, não sei nada da sua vida e te julguei por meia dúzia de palavras infelizes que você digitou, assim como você não sabe NADA da imensa diversidade de pessoas gordas que existem no mundo por inúmeras razões. Viu como é bom julgar os outros com base na sua visão limitada de mundo? Aliás, você é tão pretensioso e se acha tanto que acabou de dizer que o cara aí gosta de de gordos porque foi o que sobrou pra ele. Você já pensou que muita gente pode olhar pro seu corpão e depois de meia hora de conversa contigo te achar um mala? Eu não disse que você “se cuidar” é errado. O que é errado, ridículo, feio, inconveniente é o fato de você julgar as outras pessoas e querer moldar o mundo com base nas suas escolhas. Você não é parâmetro de merda nenhuma, apenas pra vc mesmo. Aliás, a cada comentário seu aqui apenas fica provada essa tese de que gente que acha que corpo é tudo é superficial.

Alex

Nossa James, você se supera em originalidade! Quer usar seu “namorado” como prova? Uau, que máximo!
Eu não quero moldar o mundo ao meu gosto, só que tenho direito a escolha, simples assim, nada na minha vida ou nas minhas opiniões vai mudar por causa do que você escreveu!
E quem te garante que esse seu personagem ultra moderninho é interessante? Que piada! Quer dar uma de que não devemos julgar pelas aparências, mas fica usando os mesmos argumentos! Patético querido, mas acho que quando se chega na sua idade, só se pode viver no estilinho de “vamos abraçar a diversidade”, ou será que só foi isso que te sobrou?
Será que só eu sou superficial?

James Cimino

Ai, bicha, se fecha e pare de ser ridícula. Agora apelou pra minha idade. Mande fotos suas e seu currículo quando chegar aos 38 e daí conversamos. Agora, a julgar pelo que você escreve, sua idade mental continua na casa dos 12, e não tem nada mais ridículo que gente adulta com complexo de Peter Pan.

Alex

O vovozinho me chamou de trouxa! kkk
Independente da sua opinião, eu tenho a minha e não vou deixar um bando de idiotas mudarem isso! Não sou obrigado a ficar com quem não quero, e ninguém pode fazer nada!!! Então vai colocar a dentadura no copo e dormir!

James Cimino

Querida, para ter opinião é preciso ler bastante, analisar e, especialmente, estar aberto à possibilidade de se estar errado, da autocrítica. Uma pessoa que diz que “tem tal opinião e não vai mudar nunca” para mim é um ser fadado ao fracasso intelectual. E não vai ter comida orgânica que te salve disso. E me chamar de velho não me ofende, especialmente se o contrário disso for um imbecil como você, quero ser cada vez mais velho. E você realmente não é obrigado a ficar com quem não quer, embora eu acredite que deve ser muito difícil de encontrar alguém que queira ficar com você.

Alex

Só que esse cara é minoria dentro de uma minoria, a maioria das pessoas prefere gente com o corpo normal, magro ou sarado, não gordo! Lamento mas isso é a realidade! E quanto a um gordo ser saudável, a obesidade em si é a doença, diabetes, pressão alta, problemas cardíacos são doenças relacionadas a obesidade, dizer que obeso pode ser saudável obeso é um absurdo!

Marcelo

É sério que o discurso agora é atacando pessoas velhas ? Ha ha ha. Melhor eu não dizer que também adoro um velho, porque ai fica muito complexo para a sua cabecinha né. Mas que piada. A discussão já não é válida, pois não há uma verdadeira vontade de reflexão. Continua batendo na mesma tecla sem problematizar as questões que o texto aborda. Texto esse que por sinal é excelente, e vale prosseguir com mais debate sobre. Mas claro, com pessoas que realmente estejam abertas a desconstruir certas imposições, ou que ao menos queiram ver outros pontos de vista fora da bolha. Sobre “a maioria das pessoas preferem um corpo normal”. Cara, apenas não posso parar aqui antes de dizer que: ser gordo É NORMAL. Desculpa sociedade, desculpa Alex. Gordos existem e eles são normais. Quanto aos ataques Ad Hominem, nem vale a pena levar adiante.

Alex

Gordo não é normal, não é tipo físico, é doença grave, uma epidemia! é a mesma coisa que gostar de doentes, que nojo de você! Cara, você tem alguma tara bizarra ou algum problema sério de cabeça, que desespero, chega a dar nojo, espero nunca conhecer ninguém tão escroto e repulsivo, como tem gente podre no mundo!
Gordo é normal??? Não é o que os médicos e a ciência dizem!!!

James Cimino

Esse trouxa já disse que tem suas opiniões e “não vai mudar”, ou seja, discutir com ele é dar murro em ponta de faca.

Mariana

Gente, mas se um determinado tipo físico (loiros de olhos azuis, por exemplo) definitivamente não me da tesão, por que é que eu deveria tentar?!
Isso não é preconceito. É libido.
Acho sinceramente que estamos começando a exagerar.

Marcio Caparica

Mariana, você pode categoricamente e com toda a certeza afirmar que NENHUM dos milhões de loiros do mundo é capaz de te dar uma transa boa? Nenhunzinho? Se você descarta todos os milhões de loiros simplesmente porque não te dão tesão, sem nem chegar perto, é sim preconceito contra loiros disfarçado de “falta de tesão”.

Éder

sou negro e tenho perfil em sites de pegação gay. As pessoas já me abordam perguntando o tamanho do meu pau e muitos não querem saber se curti eles, na cabeça deles o importante é eles curtirem negros. Eu tenho apenas que obedecer. Quando digo “não ” e faço isso sempre com caras que acham melhores que eu, muitos chegam a me ofender.
O que mais me assusta é que o preconceito vem de pessoas vítimas de preconceitos.

jorge

O tom comentou uma coisa que eu nunca tinha parado para pensar, sou branco loiro de olhos azuis e com um bom emprego, adoro transar com negros, preferência mesmo, foram e são as minhas melhores fodas mas eu nunca namorei um negro, pq? racismo? talvez inconsciente, com medo de apresenta-lo a sociedade , mas acho que vai além disso, é tão difícil nesse pais segregacionista encontrar um negro com escolaridade e que de pra ter um papo cabeça, acho que o racismo se sobrepõe a nós.

PS: vocês já viram o japonês que o Frederico Devito ta pegando? aquilo ali é melhor que qualquer coisa.

Tom

Outro dia, entrei numa conversa sobre isso com um conhecido que, ao saber que transei com um amigo dele (que é negro), falou que jamais treparia com negros, pois “não curte”.

Quando (relembrando textos lidos aqui) comentei que isso era uma forma de ser preconceituoso, ele argumentou que se fosse preconceituoso não teria amigos negros, e que os tinha.

Acho que ele pensou que esse argumento iria me calar, mas causou o oposto. Contei algo que rolou comigo na prática: eu não tinha menor vontade de trepar com um gordo , e um dia meu namorado arrumou um cara gordo pra gente transar e resolvi ir pra não ser do contra, e na hora senti um tesão enorme naquele cara peludo, gostoso, bonitão.

Tentei, com o relato e também com a conversa com ele, plantar uma semente dessas coisas abordadas no texto, das quais somos mais vítimas do que simples participantes ou coniventes.

Claro que terminamos a conversa com ele me achando radical, mas tudo bem, eu prefiro ser um radical a favor da gente abrir a mente, do que me agarrar a conceitos que me impeçam de conhecer homens deliciosos.

Só uma última coisa: acho que é comum entre brancos gays brasileiros achar que negros são ótimos pra sexo, mas jamais pra ter algo a mais.

E, sim, concordo demais quando o Caparica diz que não tem quem diga em apps que não curte branco. Acho que só uma vez na vida vi um perfil (no disponivel) de um negro que só curtia negros.

E, pasmem (ou não), esse negro de quem falei acima, com quem transei, não curte negros! Diz que é gosto.

James Cimino

Pois é. Eu sempre respondo a isso com a seguinte pergunta: você acha mesmo que em 6 bilhões de pessoas que existem no mundo você nunca vai achar um negro ou japa que seja pelo menos uma boa foda unicamente por conta da cor de sua pele ou de seus olhos puxados? Se a resposta for sim, você é racista.

Nivaldo Reis Santos

Senhores,
Como expressar minhas preferências sexuais sem ser agressivo ou preconceituoso? Por exemplo, já fiquei com pessoas acima do peso, mas realmente não gostei, é um preconceito interno? Mesmo se for, como posso expressar isso, dentro de uma realidades social complexa, onde politicamente correto se confunde ética e o preconceito com preferências reais.

Obrigado,

Nivaldo Reis Santos

James Cimino

Nivaldo, se você tentou e não gostou, já acho uma coisa boa, vc não se impediu de tentar e experimentar por isso. Acho tudo bem. Agora, achar que você não vai gostar de todas as pessoas gordas por causa de uma experiência mal sucedida, é se tolher da experiência humana. Você pode ter suas preferências, seus fetiches, mas eles não devem ser impeditivos, senão você é apenas um prisioneiro de um parâmetro estético. E o ser humano é mais que isso.

Tom

Gostei muito do que vc escreveu, James. Acho que não percebemos o quanto afunilamos as nossas amplas possibilidades.

Claro que num mundo de apps em que vc tem que ser objetivo e não quer “perder tempo” rejeitando quem não te interessa, a gente acaba fazendo essas escolhas como se fossem aqueles questionários de revista feminina, que no final te dizem que tipo de homem serve pra vc.

A série Sex and The City, com todas as coisas boas que teve, caía um pouco nesse esquema, de vender a idéia de que o outro é mais importante do que como vc se sente.

Daí, a gente se agarra nesses nossos portos seguros que julgamos ser o prazer, e abrimos mão de conhecer mais de nós mesmos e, claro, outros homens e outras experiências.

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