“American Horror Story – Coven” ataca fanáticos e racistas

Gay assumido, autor mistura elementos de “Glee” e “Nip/Tuck” e usa bruxas como metáfora sobre preconceito

por James Cimino

No ar no Brasil às terças pelo canal a cabo Fox, “American Horror Story – Coven” é mais um trabalho dos autores Ryan Murphy e Brad Falchuck a abordar o preconceito e a intolerância, dessa vez utilizando como metáfora a caça às bruxas e a escravidão no sul dos Estados Unidos.

Dessa vez, no entanto, Murphy e Falchuck resolveram misturar elementos de duas outras séries de sua autoria com os já tradicionais clichês de filmes de terror que fizeram grande sucesso na primeira e segunda temporadas. (Clique aqui e identifique as homenagens aos clássicos do terror)

É possível ver nas personagens de Jessica Lange e Kathy Bates a obsessão pela juventude que as pacientes de Christian Troy (Julian McMahon) e Sean McNamara (Dylan Walsh) tinham em “Nip/Tuck”. Também é possível identificar na história das bruxas, perseguidas e queimadas vivas, o drama dos estudantes da high school de “Glee”, já que o grupo de novas alunas da escola para meninas excepcionais administrada por Cordelia (Sarah Paulson) inclui uma garota com síndrome de Down (Jamie Brewer, que interpretou Adelaide na primeira temporada) e outra que sofre de obesidade (Gabourey Sidibe, atriz indicada ao Oscar por “Precious”).

Nesta nova batalha simbólica contra o preconceito e pró diversidade travada por Ryan Murphy (ele mesmo um homossexual assumido) foi usada uma personagem real para atacar os racistas: Madame Delphine McCarty Lalaurie (Kathy Bates), uma notória torturadora de escravos na Nova Orleans do século 19, apresentada como uma das principais personagens da trama.

Amaldiçoada pela mestre do vodu Marie Laveau (Angela Bassett), outra personagem real que forma a tríade principal da nova temporada, Lalaurie é condenada à vida eterna. Enterrada viva há 180 anos por ter torturado o noivo de Laveau, ela é desenterrada por Fiona (Jessica Lange), a bruxa suprema que quer saber o segredo da juventude.

Em cena hilária que vai ao ar nesta terça (29), às 23h15 no canal a cabo Fox, Lalaurie chora ao assistir um discurso do presidente Obama na TV. “Essa caixa mágica está dizendo que o presidente dos Estados Unidos é um negro?” “Sim, e eu votei nele duas vezes”, diz Fiona, que resolve botar a mulher que, em 1834, foi revelada uma impiedosa carrasca de negros para trabalhar como empregada e escrava particular de ninguém menos que Queenie (a negra Gabourey Sidibe). “Não tem nada que suporto menos que um racista”, diz Fiona.

 

Embora Lalaurie e Laveau sejam personagens reais, suas histórias foram adaptadas de forma exagerada e fantasiosa na série. Para saber o que é verdade e o que é mito, leia minha reportagem de hoje no UOL em que entrevisto a autora de dois livros sobre essas notórias habitantes de Nova Orleans, cuja obra serviu de referência aos produtores de “American Horror Story – Coven”.

E ao que parece, Murphy ainda vai mexer em outro vespeiro: o dos evangélicos fundamentalistas. Também hoje se mudam para a casa vizinha à escola de bruxas a fanática Joan Ramsey (Patti LuPone) e seu filho Luke (Alexander Dreymon). Sem falar que, no primeiro episódio, Misty Day (Lila Rabe) foi queimada viva por um grupo de pastores fundamentalistas e jurou vingança. Vamos ver o que Murphy reservou para os Felicianos dos EUA…

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3 comentários

Atriz transexual fez teste para ''American Horror Story - Freak Show'' como homem - Lado Bi

[…] Nenhuma série da atualidade discute com tanta profundidade o tema da diversidade como “Americ…, dos produtores de “Glee” e “Nip/Tuck”, Ryan Murphy e Brad Falchuck. E nesta nova temporada, que estreou na última quarta-feira, como o subtítulo de “Freak Show” (show de horrores, em tradução livre), Murphy pretende explorar o assunto de forma ainda mais incômoda, pelo menos ao primeiro olhar. […]

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