Berlin

Guia comparativo entre São Paulo e Berlim

Cena noturna fervilhante, cultura de sobra e apreço pela diversidade: a maior cidade do Brasil e a maior da Alemanha têm mais em comum além do tamanho

por Marcio Caparica

Mundo BiBerlim e São Paulo têm mais em comum além de suas posições como as maiores cidades de seu país. Assim como outros grandes centros urbanos do mundo, ambas metrópoles são pontos fora da curva dentro de suas nações – nem Berlim representa a “Alemanha de verdade”, muito menos São Paulo é exemplo do “Brasil real”. Maior tolerância à diversidade, eventos culturais em abundância e vida noturna agitada são todas similaridades entre as duas cidades.

Ajuda muito na missão de conhecer uma nova cidade traçar similaridades com outra já conhecida. Foi com esse propósito que o LADO BI entrevistou Henrik Tidefjärd, proprietário da agência de guias BerlinAgenten. O trabalho de Tidefjärd é rodar o mundo em busca do que há de mais moderno seja aonde for. Apaixonado por São Paulo, o guia estabeleceu correspondências entre endereços paulistanos e localidades berlinenses. Descubra, baseado na região que você aprecia mais em SP, onde você provavelmente vai se divertir mais quando passar pela capital da Alemanha.

Rua Augusta: Oranienstraße

Oranienstrasse

Quem frequenta a Augusta gosta de uma cena alternativa, bares underground e muita gente circulando nas ruas. Em Berlim, esse tipo de movimento acontece em Oranienstraße, no coração do bairro de Kreuzberg, também conhecido como “pequena Istambul”. A qualquer hora do dia, o melhor lugar para observar as pessoas mais antenadas da região é o Luzia Bar. Quem quiser sentar e conversar com os amigos pode rumar para o Muto Lounge e usufruir de seus narguilés. Quando já estiver mais alegre e quiser fugir da heteronormatividade, a melhor pedida é seguir para o Roses, com sua decoração kitsch (as paredes são cobertas de pelúcia cor-de-rosa) e música eletrônica de qualidade. A fim de algo mais cool? Caminhe até o Möbel Olfe, marcado apenas por uma faixa na entrada em que se lê “homobar”. Bonito e alternativo, exibe cadeiras coladas no teto, e decoração industrial. Está sempre lotado de gays, principalmente às quintas-feiras. As lésbicas costumam se reunir no Bierhimmel, local de mostras de arte, performances e música. Oranienstraße também guarda o único bar burlesco de Berlim, o Prinzipal Kreuzberg. Os shows acontecem às quintas e sábados, às 23h e à 1h da madrugada.

Roses: decoração kitsch com paredes forradas de pelúcia

Roses: decoração kitsch com paredes forradas de pelúcia

Jardins: Mitte

Museumsinsel

Ruas bem cuidadas, lojas de alto padrão, hotéis estrelados. Essas são as características dos Jardins, em São Paulo. Em Berlim, isso tudo também está no centro histórico da capital alemã, conhecida como Mitte. Caminhar por essa área é um programa que vale um dia inteiro por si só, tantos marcos importantes da cidade acumulam-se nessa região. Não deixe de visitar a Museumsinsel, a ilha dos museus. Os interessados em acomodações de primeira devem instalar-se no Regent Hotel: fica ao lado da Gendarmenmarket, é colado na Friedrichstraße (ideal para compras) e oferece acesso fácil para toda a cidade. Trendsetters e fashionistas reúnem-se no Hackerscher Markt, reduto da moda de Berlim, lar de marcas berlinenses, lojas de grifes internacionais, lojas de design descoladas e muitas ruelas repletas de cafés, bares e galerias.

República: Schönenberg

Goya Berlin

Não é a parte mais estilosa da cidade, mas com certeza é a que apresenta a vida gay mais tradicional. Vale para República e Arouche em São Paulo, e também para a região de Schönenberg, em Berlim. Foi esse o primeiro bairro gay de Berlim, área onde ainda vê-se inúmeras bandeiras do arco-íris exibidas com orgulho a poucos metros umas das outras. O edifício onde hoje está o clube Goya é um dos marcos da história LGBT, local que já abrigou as festas mais escandalosas da década de 1920. Se durante o dia o bairro é o point ideal para se tomar cafés tranquilamente, à noite essas ruas continuam desfilando festas fetichistas e trash. Quem passar por aqui em julho poderá fazer parte do Stadtfest, o maior festival de rual LGBT da Europa. Em setembro, poderá testemunhar a Folsom Berlin, versão europeia do evento leather de San Francisco.

Vila Madalena: Prenzlauer Berg

Prenzlauer Berg

Os hippies endinheirados e os apreciadores de bares lotados em São Paulo reúnem-se na Vila Madalena. Já os hipsters de Berlim aglutinam-se em Prenzlauer Berg, bairro arborizado em que prédios de cinco andares enfileiram-se uniformemente pelas ruas repletas de cafés e butiques. Os dois barros também têm em comum as paredes ocupadas por grafites: em Prenzlauer Berg, confira o mural pintado pela dupla Herakut na Greifswalder Straße, 76, e o lobo pintado pelo artista Alaniz na Schwedter Straße, 262.O que não falta por aqui são bares LGBT igualmente descolados: confira o refinado Café November, onde pode-se comer pratos tradicionais alemães durante o dia e  explorar os gays alemães no bar à noite. Quem busca conhecer a cena do sexo underground deve procurar o Stahlrohr, XXL e Greifbar. Quem gosta da Benedito Calixto, quando estiver nesses arredores, deve informar-se sobre o mercado de pulgas do Mauerpark.

Moema: Tiergarten

Berlin_reichstag_CP

Ao lado de um parque lindo no meio da cidade, edifícios de alto padrão abrigam aqueles que podem pagar pela paisagem. Esse é o cenário das ruas com nomes de passarinhos e de tribos indígenas de Moema. E também do Tiergarten, bairro onde funciona o governo alemão – não deixe de conferir a Bundestag, o edifício do parlamento alemão, e sua mistura de arquitetura antiga e contemporânea. O parque Große Tiergarten, o maior de Berlim, fica nessa região – e é nele que pode-se ver os alemães tomando sol pelados no verão, e indo à caça durante todo o ano. A vanguarda da cena da arte pode ser encontrada nos arredores da Potsdamerstraße, novo endereço de inúmeras galerias de arte. Vale a pena visitar a moderníssima loja Andreas Murkudis e parar para um café no P103.

Também vale conhecer… Neukölln

Neukölln era uma área desvalorizada da cidade até que em 2008 o aeroporto Tempelhof, que ficava na região, foi desativado e transformou-se num parque. Os preços começaram a subir, e hoje os berlinenses que buscam uma vida mais artística e alternativa estão fazendo desse bairro seu lar. Vários imigrantes ainda vivem por lá, o que só torna sua efervescência cultural maior. É aqui que todos os anos acontece o Berlim Festival, evento de música eletrônica e rock. Neste ano, o governo berlinense anunciou que utilizaria a área do aeroporto desativado como um centro de abrigo para refugiados.

Viagem realizada a convite do Centro de Turmismo Alemão.

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3 comentários

Beto

Berlin ressurgiu de toneladas de bombas : poderosa,bem pavimentada,plana, limpa,segura, com esgoto e água tratada , sem restrição hídrica,parques lindos,ciclovias grandes e bem realizadas e uma cena multi-cultural.
Em Sampa nós não temos sequer CALÇADA DIGNA PARA CAMINHAR,estamos a séculos-luz daquela civilidade gostem ou não isso é um FATO é só ir lá e conferir.

Carlos

Eu gostaria que o ladobi fizesse um texto falando sobre Os melhores países do mundo para gays

João P.

Locais excelentes, mas dentre todos eu preciso visitar o Roses e me encostar nas paredes de pelúcia xD Visitar o Prenzlauer Berg também vai pra lista de prioridades (Lê-se XXL :v)

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