Dia 8 de outubro foi lançado nos Estados Unidos o novo álbum de V V Brown, Samsom & Delilah.
“V V QUEM?”, ouço a plateia perguntar.
V V Brown. Se você não a conhece, faça um favor a si mesm@, leia o post até o fim e conheça um dos melhores discos do ano. Se você já conhece, não vai precisar de incentivo extra para fazê-lo.
A britânica V V Brown foi um daqueles geninhos da música que têm como dilema deixar de tocar violino no conservatório aos 9 anos porque gosta mais de tocar piano e trompete. Até os 21 anos ela se dedicou a completar os estudos e participar de grupos de jazz. A partir daí seguiu carreira se apresentando em clubes e compondo canções para as Pussycat Dolls (“I Don’t Need A Man”) e Sugababe’s (“Denial”). Em 2007 ela fechou contrato com uma gravadora, adotou um visual retrô e gravou um disco feliz de tudo, Travelling Like The Light.
Ela foi recebida como a “resposta britância para Janelle Monáe”. Para sua sorte não ficou muito tempo nessa roubada; já sabemos quem sempre sai perdendo em comparações estilo Radiohead x Muse, Rolling Stones x Aerosmith, e tentar competir com a Janelle na mesma raia é besteira, até porque ela é GÊNIA. V V Brown já tinha um álbum pronto para seguir no mesmo estilo do primeiro, Politics & Lolipops, com capa, tracklist e data de lançamento. Mas não estava feliz com o resultado. Em novembro de 2012 ela anunciou que o disco não seria mais lançado.
Não demorou muito para que o mundo conhecesse a nova direção que a inspiração dela tomou: em março desse ano chegou no Youtube o vídeo de “Samson”, um tira-gosto do álbum Samson & Delilah a ser lançado em mais alguns meses. É o exemplo perfeito do disco como um todo: adeus alegria hipster, olá tom tenebroso. O projeto reconta a história do herói bíblico Sansão com tranças de sons eletrônicos, vocais operáticos e linhas melódicas que colam na mente com as garras. É uma série de composições inspiradas que podem ser ouvidas em streaming no site Idolator; os vídeos estão formando um curta sobre a história de Sansão.
Uma mudança tão radical só podia ser fruto da independência, claro. V V Brown montou seu próprio selo, YOY Records, e assim conseguiu levar seu trabalho para o rumo que queria. “Havia uma liberdade criativa tão grande, porque não tinha ninguém pra me dizer o que eu podia fazer ou não”, ela contou em entrevista ao Huffington Post. “Não havia pressão sobre que rádios iam tocar esse disco. Era apenas eu no meu estúdio em casa, mixando e escrevendo músicas, sem saber onde é que isso tudo ia parar.”
Numa semana em que as interwebs não paravam de falar das farpas entre Miley Cyrus e Sinéad O’Connor, foi bom pôr para tocar faixas com “Igneous” e ter um refúgio negro de talento para me esconder.