A revista Americas Quarterly publicou seu Índice da Inclusão Social, que avaliou como cada país da América Latina trata seus habitantes. A avaliação levou em conta quesitos como direitos políticos, direitos civis, direitos das mulheres, direitos LGBT, inclusão racial e alfabetização. O Uruguai foi o país mais bem avaliado pela publicação, o que lhe coloca na posição de nação mais inclusiva da América Latina pelo terceiro ano seguido. O Brasil ficou em segundo lugar, mas, em termos dos direitos LGBT, fica em terceiro, perdendo para a Argentina.
“O Uruguai continua a ser um modelo para a inclusão social na América Latina”, afirmou o editor-chefe da Americas Quarterly, Brian Winter. “Seu progresso nos últimos anos em questões como o empoderamento das mulheres e o casamento homoafetivo só fizeram melhorar sua posição como campeão dos valores igualitários”.
A homossexualidade deixou de ser crime no Uruguai em 1933, e leis que combatem a discriminação estão em vigência no país desde 2003. A adoção por casais homoafetivos foi legalizada em 2009, e, em 2013, o casamento homoafetivo tornou-se realidade para os uruguaios.
Recentemente, o governo uruguaio passou a permitir que pessoas trangênero alterassem legalmente seu gênero sem a necessidade de passar pela cirurgia de adequação de sexo. “Resumindo, esse é o país que melhor protege sua população, não importa o gênero, orientação sexual ou raça de cada habitante”, afirmou a publicação. “Os próprios uruguaios dão grande valor para a inclusão, e a posição de seu país nesse ranking também se deve a acesso robusto à moradia, criação de empregos e crescimento econômico”.
A Argentina ganhou a medalha de prata quando o assunto são os direitos LGBT. O país foi o primeiro da América Latina a legalizar o casamento homoafetivo, em 2010. Pessoas abertamente homossexuais são aceitas no exército, terapias de “cura gay” são proibidas, e desde o ano passado gays podem doar sangue sem qualquer restrição.
Isso não significa que não existe discriminação contra LGBTs nos dois países. Nos últimos meses, por exemplo, as ativistas trans argentinas Marcela Chocobar, Coty Olmos e Diana Sacayan foram assassinadas – essa última, amarrada à cama e esfaqueada repetidas vezes. “Muito já foi feito nos dois países com as leis de identidade de gênero, mas as mulheres trans ainda sofrem violência e são vítimas de crimes de ódio”, declarou a ativista Marcela Romero, da Rede da América Latina e Caribe de Pessoas Transgênero, à revista Washington Blade. “Nós ainda não temos todos nossos direitos reconhecidos, como o pleno acesso à saúde e às oportunidades de trabalho”.
Os países do norte da América Central – El Salvador, Nicarágua, Honduras e Guatemala – obtiveram as posições mais baixas no relatório da Americas Quaterly. A violência contra pessoas homossexuais e transgênero são comuns nesses países, principalmente devido à intolerância religiosa. Francela Méndez Rodríguez, organizadora de um grupo de ativismo trans em El Salvador, foi assassinada em maio; Rene Martínez, líder de um grupo de militância LGBT de Honduras, foi encontrada morta em junho.
O Panamá ficou de fora do ranking da Americas Quaterly devido à falta de informações em várias áreas. A Venezuela também foi excluída da avaliação, afirmaram os pesquisadores, “devido à falta de confiabilidade das informações oferecidas pelo governo”.