No último final de semana saiu o resultado do plebiscito na Irlanda a respeito do casamento igualitário. O país que sempre foi dominado pela Igreja Católica – a homossexualidade lá foi crime até 1993, e o divórcio só foi legalizado em 1996 – teve 60% dos votos a favor do casamento entre pessoas do mesmo sexo, uma derrota que abalou até mesmo o Vaticano. Já quem é a favor do amor às claras comemorou. A atriz irlandesa Evanna Lynch, conhecida mundialmente por dar vida à personagem Luna Lovegood nos filmes da série Harry Potter, comemorou o resultado em sua conta no Instagram:
A internet, sendo a internet, deu à atriz de 23 anos o desgosto de receber uma chuva de comentários odiosos em seu post no Instagram. Mas a atriz decidiu deixar claro que não está disposta a aguentar homofóbicos com dor de cotovelo em suas redes sociais. No fim de domingo ela escreveu uma carta aberta em seu perfil no Facebook, que a gente traduz a seguir:
Vou fazer um pedido especial para todos vocês, em vista de uma sequência horrorosa de comentários no Instagram que realmente está me incomodando. É simples: se você é alguém que considera a homossexualidade como algo ‘nojento’ ou ‘pervertido’ ou ‘anormal’, faça-me a gentileza de por favor deixar de me seguir em todas as plataformas de mídias sociais. E em seguida me dê um block.
Se eu fosse alguém que tem vontade de dedicar minha vida a essa batalha para expandir a mente das pessoas sobre a definição de casamento e quebrar os preconceitos das pessoas com relação à homossexualidade, eu provavelmente incentivaria esse tipo de debate antagônico e convidaria os radicais a entrar em batalhas verbais sobre moralidade comigo. Mas esse não é o propósito da minha vida, é apenas a vida como eu a vejo, algo que eu apoio, e os comentários torpes, mordazes e, francamente, cruéis, simplesmente me deixam E-X-A-U-S-T-A. Eu acredito que deve-se promover sempre uma mensagem positiva, e eu não quero seu veneno se derramando sobre meu mural de luz e positividade cuidadosamente cultivado. <3
E deixe-me ser bem clara e dizer que as “crenças” das pessoas não têm nada a ver com isso. O problema é sua atitude e a maneira como vocês reagem. Façam o favor de não justificar a intolerância e o ódio que vocês estão espalhando com sua “religião”, pois nenhuma religião endossa as trevas que vocês espalham. É possível não gostar do conceito de homossexualidade, considerá-lo uma ideia completamente alienígena e desconfortável, e NÃO impor essa visão sobre as pessoas que serão afetadas por ela e, acima de tudo, NÃO envergonhar as pessoas por causa da maneira que são. Sendo da Irlanda, eu sou amiga de muitas pessoas que lidam com seus pontos de vista opressores dessa maneira. Eu admiro a elegância com que eles se esforçam para conciliar suas crenças com essa sociedade em mudança, e seu respeito por outros seres humanos. Eu tenho muito respeito por essas pessoas, apesar de que eu sempre considerarei seus pontos de vista errados. Se você não consegue lidar com esse conceito então, por gentileza, VÁ EMBORA da minha página.
Há outras figuras mais incisivas, mais articuladas, mais francas e mais controversas que lideram a comunidade LGBTQ+ e entram nesse tipo de debate com alegria, que se alimentam e se energizam com sua cólera e seus vitupérios, e eu peço para que você vá até eles e trave batalhas verbais entre suas convicções conflitantes. Eu não consigo lidar com esse tipo de maldade, e, indo direto ao ponto, é um desperdício de energia da sua parte colocá-la aqui.
Outra coisa, por que você está me seguindo? Acho que é de se supor que a maioria de vocês me “curtiu” por conta de eu ter interpretado a personagem “Luna Lovegood” nos filmes do Harry Potter (fãs da Mackenzie Price… puxa, desculpe, mas vocês estão meio de fora desse tópico). O nome já dá a dica, gente! O amor de Luna Lovegood é um tipo BOM de amor (Nota do tradutor: Love = amor, good = bom). Ele não é condicional, ou possessivo, ou carente, nem faz exigências. Ele não se desfaz no momento em que você expõe uma parte de você que foge do convencional ou que é até mesmo desagradável. Luna é uma personagem que aceita todas as pessoas e criaturas em todas as formas, as ama por serem exatamente do jeito que são, e que constantemente se impressiona com a diversidade, estranheza e novidade de cada ser que conhece. Você já parou para se perguntar por que ela fixa o olhar sobre as pessoas abertamente, sem piscar, e por períodos desconfortáveis de tempo? É porque ela literalmente está se apaixonando com aquela sarda de formato estranho no nariz delas, com a maneira peculiar como elas falam uma palavra, com a maneira desajeitada deles de ser que é impossível esconder quando colocados sob esse tipo de escrutínio amoroso.
E, finalmente, Luna só consegue ser quintessencialmente Luna porque ela verdadeiramente ama e aceita a si mesma. Se Luna condenasse e vilipendiasse algo tão intrinsecamente humano como nossa sexualidade e visse QUALQUER um de seus matizes como errado, ela não se sentaria tão confortavelmente dentro de si mesma e não seria quem nós conhecemos e amamos. Luna é alguém que me ensinou a me amar, e eu não sei o que você está fazendo no meu Instagram, Facebook ou Twitter tentando fazer com que outras pessoas se sintam mal por causa da maneira como são. Se você for uma das pessoas que plantou ódio ou asco ou vergonha no meu post de hoje no Instagram, então fica claro que você não pensou muito sobre o que eu ou Luna Lovegood representamos, e é hora de você me dar um unfollow.
Nós, pelo contrário, vamos passar a te seguir cada vez mais, Evanna.
Eu sou heterossexual e fiquei FELICÍSSIMA com o resultado do plebiscito.
Graças aos Céus, eu sou LIVRE de preconceitos e não há nada nesse mundo que eu queira mais do que a liberdade sexual e /ou amor incondicional. Estamos falando de AMOR, afinal, A-M-O-R.
Amor DEVE ser respeitado, compartilhado e disseminado, não importa de que jeito ele seja. Amor é amor e precisa ser cultivado.
Evanna discursou lindamente e merece o devido respeito.
Nossa arrasou geral ja virei fã
Evanna = <3
Nossa, que samba!!!! Virei fã dela!!!