Mulher que alega ser namorada de Michael Phelps revela ser intersexo

No início da semana Taylor Lianne Chandler ganhou as manchetes declarando ser namorada do campeão de natação e intersex. Mas o que é intersex, afinal?

por Marcio Caparica

Vamos primeiro tirar a fofoca da frente: em setembro, Michael Phelps foi preso por dirigir embriagado, em alta velocidade e realizar ultrapassagens perigosas. Algumas semanas depois ele entrou num programa de reabilitação, do qual ele ainda não saiu. O próprio campeão de natação explicou isso para seus fãs em sua conta no Twitter.

No começo da semana, Taylor Lianne Chandler ganhou os sites gringos de fofoca ao declarar que (supostamente) havia tido um caso com Phelps e, em seguida, revelar que é intersexo. Os dois teriam se conhecido via Tinder e tido um caso. Os tabloides do hemisfério norte fizeram a festa com as informações de que ela teria sido sua namorada antes dele entrar no programa de rehabilitação e os detalhes das transas fenomenais que eles tiveram. Posteriormente ela também já declarou em sua página no Facebook como está abalada – a ponto de ter “náuseas violentas” – com a maneira como a imprensa se refere a ela como “homem”. “Num mundo em que pessoas podem conseguir todas as informações sobre ser intersexo e o que isso significa, não deveriam vender revistas dizendo que Michael Phelps saiu com um HOMEM.”

Michael Phelps ainda não se pronunciou a respeito.

Obviamente, no entanto, não há tanta informação sobre o que é ser intersexo. Vamos fazer o mundo um pouco melhor e esclarecer esses detalhes.

Intersexo é o termo que se usa atualmente para o que antes era chamado de “hermafrodita”. É algo diferente de uma pessoa trans. Um indivíduo intersexo não é nada mais que alguém que nasceu com características físicas que não permitem que se defina seu sexo biológico claramente como homem ou mulher. Taylor, por exemplo, nasceu com um pênis, mas sem testículos, e com um útero, mas sem ovários.

Esse é um fenômeno que ocorre naturalmente e não é tão raro assim. Estudos estimam que 1 de cada 100 bebês nascem com corpos que “diferem dos padrões estritamente masculinos ou femininos.” Estima-se também que 1 ou 2 de cada 1000 indivíduos intersexo passam por cirurgias para modificar a aparência de seus genitais.

E quando as pessoas intersexo decidem com qual gênero se identificam? A Sociedade Intersexo da América do Norte recomenda que se trate cada caso individualmente de acordo com o paciente, escolhendo-se um gênero depois do nascimento e permitindo que a criança desenvolva-se física e emocionalmente antes de decidir se quer passar por uma cirurgia para tornar sua genitália mais distintamente feminina ou masculina. (Muitos indivíduos intersex optam por não realizar essa cirurgia.)

Usando novamente o exemplo de Taylor Chandler, ao nascer ela foi batizada David Roy Fitch. Mas, como ela mesma relatou, “assim que consegui andar e falar eu deixei claro que era uma menina, e me vesti como tal. No começo da adolescência  eu recebi o diagnóstico médico como intersexo, comecei a tomar bloqueadores de testosterona, e aos 15 anos entrei num tratamento de estimuladores de estrogênio. Minha certidão de nascimento foi alterada assim como meu nome ainda durante a adolescência, antes de qualquer cirurgia corretiva.”

Declarar que um indivíduo intersexo “nasceu homem” ou “nasceu mulher” não apenas é errado, é também uma falta de respeito. Apesar da história de indivíduos intersexo terem pontos em comum com as de indivíduos trans, elas não são a mesma coisa. Assim como qualquer outra minoria sexual, pessoas intersexo não têm a obrigação de compartilhar todos os detalhes de seu passado. Sua identidade de gênero é sua escolha individual, assim como para quem ela decide contar essas informações.

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