Dragon Age: Inquisition apresenta homem trans entre seus personagens

Entre os lançamentos mais vendidos do mês, o videogame de RPG também tem personagens gays e lésbicas, cenas de sexo homossexual e BDSM

por Marcio Caparica

O mundo dos videogames são conhecidos por suas tramas muitas vezes machistas e sexistas. Mas há jogos que fazem o que todos deveriam fazer: colocar à disposição dos gamers um leque de opções de identidade de gênero e afetivas nas tramas de seus personagens. O mais recente (e provavelmente melhor) exemplo disso é Dragon Age: Inquisition. O jogo, produzido pelo estúdio BioWare, chegou às prateleiras internacionais no dia 18 de novembro e, ao contrário do que muitos esperariam, toda a diversidade existente em sua trama não está afastando o público: ele é um dos best-sellers do mês.

Provavelmente o maior exemplo do esforço pela pluralidade que a Bioware faz no jogo é o primeiro personagem trans da série Dragon Age, Cremisius Acclasi, ou apenas Krem. Krem é um homem trans (nasceu com sexo biológico feminino, mas se identifica como homem) e segundo em comando no grupo de mercenários Bull’s Chargers. O jogo faz questão de frisar que ele é um homem como todos os outros:se, durante uma conversa com o líder dos mercenários, Iron Bull, o jogador cometer a gafe de chamar Krem de mulher, será corrigido: “Ele não é mulher… Krem é um homem, e dos bons.”

O próprio Iron Bull é descrito como pansexual. Não importa se o personagem que o jogador criou é homem ou mulher, é possível fazer sexo com ele. Segundo consta, a cena de sexo gay (caso o personagem do jogador seja homem) é uma das melhores já criadas nos videogames (confira você mesmo no final do post). Caso opte-se por manter o relacionamento, há opções de se adicionar fetiches à relação, com Iron Bull explicando conceitos como palavras de segurança para o jogador. Há também um personagem exclusivamente gay, o mago Dorian, e Sera, uma lutadora que só se interessa por mulheres.

No mundo real, no entanto, nem tudo corre sem percalços. A produtora do jogo, a Electronic Arts, decidiu não lançá-lo na Índia para evitar que se infringisse leis locais. “A decisão se deveu a leis contra obscenidade no país, não especificamente aos romances homoafetivos”, declarou um representante da empresa. No entanto, o distribuidor indiano do título, Milestone Interactive, deu a entender que as tramas gays seriam, sim, o problema.

Há outros exemplos de como o jogo é amigável com o espectro da sexualidade. Durante a criação dos personagens, é possível criar uma personagem feminina com pomo de Adão ou com barba, ou personagens masculinos que usam maquiagem. Alegria dos jogadores queers, e educação para os não-queers. Infelizmente essa ainda é uma exceção no mundo dos games, mas o sucesso de Dragon Age: Inquisition, vamos torcer, há de aumentar a diversidade de gênero e sexual também entre os jogos.

Esse jogo chega ao Brasil em 4 de dezembro e já está disponível para pré-venda.

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10 comentários

Alan Henrique

Gente, por respeito aos trans vocês poderiam corrigir a frase “nasceu com sexo biológico feminino, mas se identifica como homem”, mudá-la para “foi designado como mulher ao nascer mas identifica-se como homem”.

Espero que vocês compreendam a colocação.

James Cimino

Oi Alan, valeu pela dica. É um assunto muito cheio de nuances e meandros. E o vocabulário sobre é bem complicado, às vezes. Abraço.

Alan Henrique

Para quem quiser saber mais sobre identidade trans indico a página “Travesti Reflexiva”, da Sofia Favero e que sigam o perfil da Daniela Andrade. Espero ter ajudado.

Abraços.

James Cimino

Alan, Daniela Andrade não. Ela já disse que somos um site transfóbico. Queremos distância de gente magoada. Mas atravesti reflexiva lemos sempre. E temos outras trans maravilhosas que sempre colaboram. 🙂

Alan Henrique

Entendo sua posição.

Gosto muito dos textos dela. Muitas vezes ela é bem “explosiva”, porém, eu procuro sempre entender o lado dela. (Isso também com outros ativistas trans e LGBT em geral).

Enfim, agradeço a disposição de vocês em responder o comentário. E é isso aí haha

Até mais.

Lucas

Não sei se já foi postado, pois acompanho o blog há pouco tempo, mas ano passado a Ubisoft lançou lançou Assassin’s Creed Black Flag com uma personagem trans também. Seu nome era James Kidd. Era uma mulher que se apresentava como homem por boa parte da história, sempre muito próxima do protagonista, até que ela se revela numa missão de um jeito muito genial. Vale dar uma conferida 😉

Pedro Camargo

“Homem trans: Nasceu mulher, mas se identifica como homem” – gente, um momento…

Ninguém NASCE mulher ou homem: as pessoas se tornam, são identificadas pela sociedade como sendo e coagidas para dentro de modelos pré estabelecidos.

Antes de falar de pessoas trans, pelo menos tentem entender o debate primeiro, senão acabam cometendo gafes desnecessárias…

Marcio Caparica

Oi Pedro. Quando escrevi “nasce mulher”, quis dizer nasce com “sexo biológico feminino”. O que certamente era o caso, já que o jogo não diz que ele nasceu intersexo. Já corrigi o texto. Obrigado pelo toque. Todos nesse blog são aliados dxs trans, não há porque ser rude.

Claudio Ribeiro

Acho que a intenção foi mais de cutucar do que de realmente corrigir alguma coisa. Todo mundo entendeu o que você falou, todo mundo sabe que você não tinha a intenção de ofender, e todo mundo entende que o biológico (no caso, pênis e vagina), não têm como serem ignorados. Essas picuinhas que me dão no saco porque são completamente desnecessárias. O seu post inteiro foi um elogio e um agradecimento à BioWare pela inclusão de uma personagem trans mas sempre vão achar alguma coisa pra ver como ofensa.

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