Líder LGBT que deixou campanha de Marina diz que apoio de Dilma à lei da homofobia é “conveniente”

Luciano de Freitas, que não quis se pronunciar sobre uma ruptura com Marina, diz que direitos da comunidade viraram "moeda de troca"

por James Cimino

Eu entrevistei nesta terça o secretário nacional do segmento LGBT do PSB, Luciano de Freitas, para ao UOL. Ele disse que o apoio da candidata à reeleição Dilma Rousseff (PT) à criminalização da homofobia não passa de “conveniência” e que os direitos dos LGBT viraram “moeda de troca”.

No segundo turno da eleição de 2010, Dilma Rousseff chegou a endereçar uma carta a lideranças religiosas se comprometendo a não defender temas polêmicos como aborto e casamento entre pessoas do mesmo sexo. No fim de 2013, a presidente também articulou para que o PLC 122, que criminaliza a homofobia, fosse engavetado para evitar dissabores durante a campanha presidencial deste ano.

Além disso, foi durante seu governo que a Comissão de Direitos Humanos foi entregue nas mãos do pastor Marco Feliciano (PSC), que sempre se declarou contrário ao reconhecimento dos direitos dos LGBT.

“Em certo aspecto [o apoio dela] é conveniente. Porque como isso agora está gerando polêmica – e como é uma polêmica contra a Marina -, é muito conveniente para Dilma ou para qualquer outro candidato dizer-se a pessoa mais aberta à causa LGBT. Mas a prática do governo dela desdiz isso. Se ela cumprir o que está dizendo, vai ser um avanço e eu vou bater palma, independentemente de partido”, disse o secretário.

Freitas ficou conhecido no último sábado por ter deixado a campanha de Marina Silva após a ex-senadora suprimir diversas propostas de defesa dos direitos da comunidade LGBT de seu programa de governo após pressão de grupos evangélicos.

Mudança após publicação motivou afastamento

Ele comenta o caso dizendo que as propostas foram colocadas no programa ao pé da letra conforme as reivindicações dos movimentos de defesa aos direitos dos LGBTs. “Sabíamos que poderia ter cortes, mas não houve na edição final. O que incomodou foi a mudança de postura depois de o programa já ter sido publicado”, disse Freitas, que não quis se pronunciar sobre um possível rompimento com a candidata.

Enquanto ativistas da comunidade LGBT acusam a ex-senadora de ter deixado suas convicções religiosas influenciarem sua decisão quanto ao plano de governo, Freitas disse que os evangélicos apenas “chamaram a atenção” de Marina para pontos do programa em que ela não tinha prestado a devida atenção.

“Tem muita coisa ali que ela discorda, não do teor, mas da linguagem, como por exemplo a questão do casamento e da união civil. Eu acredito que a influência dos evangélicos em um eventual governo da Marina não será diferente do que foi no governo Dilma.”

Após mudanças, Malafaia anuncia apoio a Marina no 2º turno

Apesar de minimizar o lobby evangélico, nesta terça-feira o pastor Silas Malafaia (que no sábado chegou a ameaçar Marina a fazer “a mais dura e contundente fala que já dei até hoje sobre um candidato a presidente” caso ela não recuasse da pauta LGBT) declarou apoio à candidata do PSB: “Claro que apoio Marina. Depois que o ativismo gay retirou apoio a ela, vou de cabeça”.

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4 comentários

Guto

Eu já disse antes e repito: somos uma minoria desorganizada, sem expressão política, por isso que nossos anseios não são levados a sério. Vai continuar assim enquanto a comunidade não tiver a dignidade de dizer NÃO a todos, ao invés de implorar por migalhas.
Dilma ou Marina, a respeito das políticas LGBT, vai ser a mesma coisa. Tenho certeza de que não vamos retroceder (até pq a tendência ocidental é mais favorável que contrária aos gays), mas vamos continuar reféns.
Para mim, as políticas LGBTs não serão prioridade para eleições do executivo, pois não tenho dúvidas que não vai mudar muita coisa, todos tem os mesmos propósitos para isso.
Precisamos estar atentos ao LEGISLATIVO, e até peço aos meninos do ladobi para postarem candidatos ao parlamento que sejam simpatizantes à nossa causa. Estes têm mais possibilidades de ajudar ou atrapalhar.

jair

Claro auet não deixa de ser conveniente para a Adilma. Mas a senhora marina deixou sim se pelo akele silas MALA. Ja votei nela em 2010. Hj nunca por nada nessa vida voto novamente

Robson

“Eu acredito que a influência dos evangélicos em um eventual governo da Marina não será diferente do que foi no governo Dilma.”

Em quatro tuítes foi mudado um programa inteiro de governo. Nos vendeu muito antes de chegar à presidência. Só Alá pra saber o que poderá fazer se de fato for eleita.

Primeiro turno vou com a corajosa Luciana Genro, 50. No segundo, dos males o menor, será 13.

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