Sally Field divulga carta aberta sobre seu filho gay

Para ajudar na luta contra projetos de lei homofóbicos dos EUA, a protagonista de Brothers & Sisters conta como ajudou o filho a se aceitar

por Marcio Caparica

Todo movimento gera uma reação na direção contrária, já mostrava Newton e comprova a história. Nos Estados Unidos, onde a luta pelo casamento igualitário está sendo conquistada estado por estado, vários projetos de lei estão sendo propostos em nível estadual com a intenção de oficializar a discriminação contra homossexuais. Pode parecer paradoxal, mas há muitos legisladores que querem garantir por lei em seus estados dos EUA o “direito” de alguém se negar a prestar serviços a gays por ferirem seus princípios religiosos. Fotógrafos poderiam se recusar a fotografar casamentos homoafetivos, docerias a fazer bolos de casamentos gays, ou mesmo restaurantes pedir para gays se retirarem do estabelecimento por não concordarem com a homossexualidade.

A organização Human Rights Campaign está fazendo uma campanha para arrecadar fundos que lhes permita combater essas leis. A poucos dias do fim da campanha, a atriz Sally Field, protagonista da série Brothers & Sisters, ganhadora do Oscar e pessoa muito legal, fez sua parte para colaborar com a organização. A atriz divulgou uma carta aberta em que conta como foi sua trajetória junto de seu filho mais jovem, Sam, que é gay. Essa carta é uma adaptação do discurso que ela deu ano passado, ao receber o título de Aliada do Ano que essa mesma organização lhe concedeu. A tradução você encontra a seguir.

As três coisas em minha vida de que tenho mais orgulho são meus filhos, Peter, Eli e Sam. Eles são gentis, amorosos e produtivos. Cada um tem sua própria lista de talentos e realizações. Sam é meu filho mais jovem, 18 anos mais novo que o primeiro, e é gay. Quanto a isso, eu digo: e daí?

Quando estava crescendo, Sam queria desesperadamente ser igual a seus irmãos mais velhos – atlético, bagunceiro e até meio machão. Ele queria derrotar o Eli no tênis, arrasar o Peter no jogo de futebol americano no computador e aprender tudo sobre todos os jogadores de basquete nas quadras. Mas o Sam era diferente. E sua jornada até se permitir ser o que a natureza queria que ele fosse não foi fácil. Quando eu percebia seu sofrimento, eu queria intervir. Mas seus irmãos mais velhos não deixaram. Eles me disseram que eu não poderia percorrer esse caminho no lugar do Sam. Esse era o percurso dele, não o meu. Eu teria que esperar até que ele se aceitasse por conta própria. Tudo que eu poderia fazer para tornar isso mais fácil é aguardar no acostamento em plena vista, não deixando dúvidas do quanto eu o amava, estando sempre por perto e sempre deixando que ele soubesse disso.

Finalmente, quando ele tinha 20 anos, muito tempo depois de já ter vencido seus irmãos no tênis e nos jogos de computador e de já saber tudo o que havia para saber sobre basquete, Sam foi capaz de se levantar e anunciar com orgulho, “Eu sou um homem gay”.

Um dos maiores privilégios que eu tive em minha vida foi ter tido a permissão de fazer parte da jornada do Sam.

Há pessoas por aí – organizações e políticos, estranhos que nunca encontraram Sam – que acham por bem dedicar tempo para impedir sua felicidade.

Por que é que alguém gostaria de impedir que meu filho – ou o filho ou filha de qualquer outra pessoa – tenha as garantias legais básicas como licença médica familiar, benefícios de seguridade, ou planos de saúde? Não faz o menor sentido – mas essa situação não vai mudar até que as pessoas levantem a voz. E é com orgulho que eu me uno à Human Rights Campaign para unir minha voz à deles. E você, vai unir a sua?

Não importa se você é LGBT, ou o pai, ou o avô de uma pessoa LGBT, ou apenas uma pessoa incrível com convicções fortes sobre o que é certo e justo, eu espero que o tenha convencido a lutar junto com a HRC pela igualdade. Você vai ficar feliz de tê-lo feito!

Confira o vídeo desse discurso durante a cerimônia da premiação, ano passado – e Sam contar como é realmente ser filho de Sally Field.

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8 comentários

Seu Madruga

Meu filho deixou de ter práticas gays e só quer namorar mulheres agora… Isso é normal?

jeremias henrique

Para o Seu Madruga: talvez seu filho seja bissexual e goste mais de mulheres do que de homens.

Lucia Castro

Sou mãe de um lindo rapaz gay…meu maior orgulho…criei para ser um homem cumpridor de seus deveres…respeitando a todos sem distinção de cor…raça…religião…vencendo por méritos proprios sem machucar ninguém …a vida pra mim foi generosa pos me presenteou com esse ser humano maravilhoso…sim sou mãe de um homossexual com muito orgulho…sempre ao seu lado meu filho amado.TE AMO

Margarida Maria de A. M. Ladvocat Cintra

Maravilhosa, adorei . Ela e demais .

Margarida Maria de A. M. Ladvocat Cintra

Realmente lindo demais, sinto exatamente a mesma coisa .Posso imaginar o orgulho dela em fazer um trabalho tâo necessario .

Maria de Lourdes Guedes Rodrigues

Parabéns SALLY FIELD Pela coragem de Expressar o seu grande amor. Se houvessem pessoas iguais a ela não haveriam tantos infelizes neste mundo.Adoro meu neto ,e acho que ele está certo em casar e assumir o seu papel de homem gay ,pois a vida é dele,.e não admito a falsidade. Parabéns a todas as pessoas que lutam pelos seus direitos e por sua felicidade.

Marcos

Lindo demais.

Isso é que é ser mãe.

Muitas só sabem por no mundo e que se ferre…

Exemplo.

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