Grupo homofóbico banca baile LGBT para jovens – por acidente

Sem entender como funciona financiamento coletivo, tentativa de comprar todos os ingressos só serviu para financiar o evento; comunidade também contribuiu financeiramente em protesto contra a intolerância

por Marcio Caparica

Um grupo homofóbico na Austrália provou que, além de intolerante, não entende muito de internet. Conhecida como The Stop Safe Schools Coalition (Coalizão para Impedir Escolas Seguras – segura que já explico), a organização tentou sabotar um baile inclusivo para jovens LGBT comprando todos os ingressos, mas, por sua própria inépcia, acabou bancando o evento – e ainda sobrou dinheiro.

A história começa com o baile The Victorian Same Sex Gender Diverse Formal (“Baile de Gala para Homoafetividade e Diversidade de Gênero”, em tradução livre), um evento promovido anualmente pelo grupo Minus18 desde 2010, em Melbourne. A ideia do baile é oferecer um espaço em que jovens LGBT de até 21 anos têm a liberdade de comparecerem do jeito que quiserem e celebrarem sua diversidade. Eles podem ir com a roupa que preferirem, dançar com quem quiserem… Ideia bacana mesmo.

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A Minus 18 colocou no ar uma campanha de financiamento coletivo para bancar o baile de 2016. No último sábado, a campanha chamou a atenção dessa Stop Safe Schools Coalition. O grupo tem esse nome porque se opõe a uma iniciativa do governo australiano chamada Safe Schools Coalition, criada para promover a inclusão e a igualdade nas escolas para alunos e funcionários LGBT. “Acabem com essa insanidade antes que ela consuma todas as áreas da educação e tudo que nossos filhos adquiram na escola seja doutrinação, NÃO educação”, implora o grupo em sua página do Facebook.

O plano malévolo da SSSC: pedir para que seus 600 e poucos seguidores comprassem todos os ingressos para o baile. Como os ingressos são intransferíveis e não podem ser reembolsados, se eles fossem rápidos nenhum jovem conseguiria comprar sua entrada. “Quanto mais ingressos forem vendidos para nós, mas jovens vamos proteger”, explicou o administrador da página.

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Claramente os homofóbicos não entenderam como funciona uma campanha de financiamento coletivo – cada cota vendida por crowdfunding apenas ajudaria a financiar o evento. Além disso, a divulgação do plano maldoso da SSC por outras pessoas fez com que o número de patrocinadores da campanha aumentasse rapidamente. A Minus 18 tinha como meta arrecadar 15 mil dólares australianos – com a ajudinha da SSSC, a organização do baile conseguiu mais de 45,5 mil dólares australianos. Os responsáveis pelo baile anunciaram em sua conta no Twitter que, graças à ação da SSSC, esse ano as entradas serão gratuitas.

“Isso só mostra como essas organizações perderam o contato com o mundo – e estão lutando uma batalha perdida”, declarou Micah Scott, executivo-chefe da Minus 18, ao jornal The Guardian. “A comunidade mostrou que não vai mais tolerar a homofobia e a transfobia, e mando uma mensagem clara para essas pessoas de que os jovens LGBT merecem sentirem-se incluídos e seguros.”

Com o comportamento covarde típico desse tipo de intolerante, o administrador da página da Stop Safe Schools Coalition se recusa a se identificar, mas afirma que recebeu ameaças. Ele (ou ela) promete organizar um protesto contra o baile, mas a organização do evento diz que não coloca muita fé nisso. “Essa página é claramente feita por alguém que tem medo de se identificar por causa de seus pontos de vista antiquados. A resposta e apoio da comunidade que recebemos mostra que, mesmo que esse protesto ocorra, eles estarão em minoria e não serão bem-sucedidos.”

A Minus 18 informou que pretende usar o dinheiro extra que conseguiu arrecadar para organizar outro baile em novembro.

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