Fora do armário: que tal cada um cuidar da própria vida?

A onda dos gays “sérios”, que tentam alinhar o comportamento LGBT aos moldes conservadores, cada dia mais se torna uma batalha interna a ser vencida

por Marcio Caparica

Quando um homossexual compreende que é homossexual, tem início um processo de auto-aceitação que não termina nunca. A maior parte do trabalho é feita nos primeiros anos, de acordo com o ritmo de cada um, e costuma culminar na decisão de “sair do armário”: fazer que família, amigos, conhecidos, mundo saibam que você sente atração por pessoas do mesmo sexo. Nunca é uma decisão fácil, mesmo quando sabe-se viver num ambiente amigável à homossexualidade (o que, infelizmente, ainda não é comum).

Depois desse grande passo, o processo continua: se você já decidiu bancar que tem uma afetividade diferente da maioria, ir em frente com gostos culturais próprios, modelos de relacionamento incomuns, ou crenças espirituais alternativas passa a ser fichinha. Sem o fardo de séculos de expectativas sociais sobre como alguém deve se portar e qual é o roteiro aceito para sua vida, os homossexuais podem, se quiserem, construir a maneira de viver que lhes é mais confortável. Esses inúmeros exemplos de vida ajudam a formar o que chamamos de diversidade.

E no entanto, mesmo entre gays e lésbicas, existem aqueles que argumentam que a maneira de tornar essa diversidade mais socialmente aceitável é torná-la… menos diversa.

Recentemente um verdadeiro compêndio dessa maneira de pensar foi destilado num vídeo chamado “Volte para o Armário”, por Rick Dourado. Em pouco mais de seis minutos, o autor lista todos os preconceitos que muitos gays têm contra outros gays, criando a clássica divisão entre os “gays de bem” e os “gays fúteis”, os “gays exemplares” e os “gays vergonhosos”, os “gays valentes” e os “gays vítimas”. Na visão de Dourado, todo modo de agir que se aproxima de um modelo platônico (e irreal) do comportamento heteronormativo faz do gay um “gay melhor”. O que os gays têm de mais único não faz mais que envergonhar todos os gays perante… quem? Os heterossexuais da sociedade, presume-se, e aqueles gays que não querem mais que serem incluídos nessa sociedade, nem que seja ao custo de sua individualidade. Mesmo com os inúmeros exemplos de heteros infelizes que fizeram de sua vida um reflexo da expectativa alheia, muitas vezes mantendo casamentos infelizes, escolhendo profissões que o pai mandou e por aí vai…

Quando se deseja diminuir alguém, uma das táticas mais certeiras é tentar fazer a pessoa se sentir envergonhada. O vídeo começa com um puxão de orelha: “Deixem de ser egoístas! O mundo tem problemas maiores e piores que essa tal de homofobia!”. Bem, fiquem tranquilos: não há porque se envergonhar por esse tipo de “egoísmo”. Corrupção, fome, guerra são todos problemas horríveis, realmente. Mas nesse ponto vale muito a regra que aprendemos quando o avião está prestes a decolar: em caso de emergência, coloque a máscara primeiro sobre seu rosto, depois ajude a pessoa a seu lado. A população LGBT deve sim se preocupar prioritariamente com seus próprios interesses, com a violência que lhe aflige, e depois auxiliar outras minorias, e então os problemas do mundo em geral.

Não há falta de pessoas que não têm preocupações maiores que a corrupção e a fome. O combate a esses males não vai parar por falta de homossexuais. Por outro lado, gente que luta pelas causas LGBT sem ser LGBT é raridade. Nesse ponto, poderíamos tomar o exemplo dos evangélicos, que votam de acordo com suas causas antes de preocuparem-se com qualquer outra coisa. Hoje, eles têm um poder considerável na cena política; as grandes causas gerais continuam sendo abordadas (ou ignoradas), mas como é necessário manter-se amigo desse grupo tão coeso, várias concessões são feitas ao modo deles de enxergar o mundo. Uma bancada LGBT com esse mesmo tipo de força nunca vai existir se os próprios LGBTs não colocarem seus interesses em primeiro plano. O fato de os LGBTs defenderem sua causa, que muitas vezes é uma causa urgente chamada DIREITO À VIDA, não quer dizer que eles apoiem ou não se importem com corrupção, violência, custo de vida etc.

Outra maneira de se tentar rebaixar um grupo é apontar supostos defeitos como se fossem falhas de caráter, terríveis e exclusivas dessas pessoas. “Gays são fúteis”. “Gays só se preocupam com o corpo e com a aparência”. “Gays não gostam de ‘assuntos sérios’, acham tudo muito chato”. “Gays só querem beber e fumar e se drogar”. “Gays brigam por causa de cantoras”. Bem, podemos respirar aliviados porque nada disso é um defeito tão terrível, nem tampouco são exclusividade de gays. Futilidade, vaidade, preguiça intelectual, escapismo, fanatismo e tantas outras qualidades existem em heterossexuais também. A mulher que só gosta de ler revistas de celebridades também é fútil. Ratos de academia que vivem para seus corpos e só compram roupas de grife são em sua maioria heterossexuais. Meninas adolescentes brigam por causa de suas cantoras preferidas; troque cantoras por times de futebol e você tem um comportamento comum em meninos (e jovens rapazes, e homens adultos, e senhores…). E hábitos como fumar, beber – e mesmo de uso de drogas – não são, nunca foram e jamais serão exclusividade de homossexuais. Nem o exagero dessas práticas. É necessário fazer muita vista grossa para usar esses comportamentos como munição contra gays.

Essas práticas não são exclusividade de homossexuais, mas mesmo que fossem – e daí? Qual seria o problema? Onde está o dano em ser fútil, vaidoso, hedonista, ou até mesmo intelectualmente preguiçoso? Se você não causa mal aos outros, o que você faz com seu corpo, com seu tempo e com sua capacidade intelectual é problema seu. Seria lindo se todos se dessem as mãos e construíssem um mundo melhor? Sim. Mas isso vale para toda a humanidade. Não há por que se discriminar homossexuais e exigir deles um padrão de comportamento mais rígido e elevado do que se espera dos heterossexuais. A não ser que você pense que homossexuais são inferiores e têm que provar seu valor para os “humanos corretos” o tempo todo, num esforço eterno para se alcançar o mesmo patamar que heterossexuais têm garantido de nascença.

(Só preciso fazer um comentário tangente: qualquer um que diz que um filho adotivo é mais cobrado por ser adotivo e acha isso normal precisa rever sua visão de mundo. Se você é um pai e trata seu filho adotivo diferente dos naturais, você é um péssimo pai. Tratar a criança como se você estivesse lhe fazendo um favor por adotá-la coloca em dúvida sua capacidade de amar.)

Essa sensação de inferioridade é a raiz da questão. Quando um código moral é considerado a régua para o que é “bom” e “justo”, aquilo que não cabe nessa escala é visto como “inferior” e “errado”. Rick Dourado e tantos outros gays moralistas querem impor um código de conduta moral heterossexual (que não funciona nem sequer para os próprios héteros) aos homossexuais, numa tentativa de elevar os gays, que consideram rasteiros, e aliviar o próprio complexo de inferioridade. Eles argumentam que somos todos igualmente humanos, mas seu discurso revela o oposto. Quem afirma que gays têm que ter uma vida “mais exemplar” está deixando subentendido que eles têm que compensar por algo.

Como disse no início, o processo de auto-aceitação não termina nunca. Homossexuais têm essa vantagem de terem que questionar os padrões de comportamento ainda jovens. Daí, com o passar do tempo, se não tiverem medo, podem continuar esse questionamento e descobrirem como fazem para viver mais felizes. De maneira fútil ou profunda, desvairada ou recatada, alienada ou politizada. A própria opção de seguir o molde tradicional de família é uma possibilidade – não duvido que muitos LGBTs viverão felizes nesses moldes. Mas essa opção é individual, e cada um deve ter a sua respeitada. Os fervidos não têm o direito de criticar os comportados – e a recíproca é verdadeira. Não julgue, não diminua, não envergonhe quem não quer o modelo tradicional para si.

Até porque, para quem não gosta de LGBTs, não há comportamento possível que faça mudar esse preconceito. Racistas não viam os “negros de alma branca” como iguais ou melhores. Você pode ser um gay masculino, que não bebe, não fuma, não se droga, não dança, torcedor do Corínthians, que trabalha 15 horas por dia, distribui lâmpadas em comunidades carentes e visita asilos. Nada disso vai fazer com que um homofóbico o considere mais digno que outros gays, ou mais merecedor de compaixão e empatia. Nada disso vai impedir que a próxima lampadada venha em sua cabeça.

O vídeo clama para que todos nós voltemos para o armário, e assim nos convençamos que ele não existe, nunca existiu. Eu digo o contrário: pegue seu armário e o transforme num palco. Suba em cima dele, viva sua vida como quiser, de maneira ética, e mostre para o resto do mundo que outros modelos de felicidade são possíveis. Faça que sejam colocados em dúvida os padrões sociais que causam tanta angústia para héteros, gays, cis, trans. Preocupe-se com a própria felicidade em primeiro lugar. E depois tente ajudar os outros, porque o mundo é mesmo hostil. Mas nós podemos torná-lo melhor, promovendo a inclusão, não a divisão. Exaltando a diversidade, não a conformidade. Preferindo viver ao sol, não em lugares fechados.

E se nada disso for argumento suficiente pra você, segue o conselho das nossas amigas travestis, meu amor!

Apoie o Lado Bi!

Este é um site independente, e contribuições como a sua tornam nossa existência possível!

Doação única

Doação mensal:

52 comentários

Marcos Lúcio

De zero a dez, dou nota 11 para seu texto de irretocabilidade absoluta.Seus sensos de justiça, igualdade e altruísmo são indefectíveis. Tornei-me imediatamente seu admirador.Realismo, bom nível intelectual, lucidez e argúcia não faltam-lhe em momento algum.Leitura obrigatória e imprescindível.Quanto ao ridículo video, só resta lamentar profundamente o desastroso desserviço.Abraço e parabéns!

Olavo

Rebateu com o classe o vídeo de um viadinho ae na internet que se diz contra a sair do armário !! Parabéns

cairo terra da silva

E bom ser gay mais eu sou muito discreto e não tenho coragem de me assumir para os meus pais eu tenho medo de ser rejeitado pela a minha família mais e asim que eu vivo hoje não sei se um dia vou mudar em cuanto isso vo vivendo assim

tom

Gostei muito do texto, me fez refletir sobre pontos que não percebia/conhecia. É muito boa aquela sacada de que uma maneira de desqualificar alguém é tentar fazê-la se envergonhar, Mas vejo que é um método muito comum mesmo fora do meio gay. Basta ver o quanto o termo “vergonha alheia” ficou tanto tempo sendo usado. Eu nunca gostei muito desse termo, mesmo de brincadeira, porque ele parte de uma premissa que eu não gosto muito, a de que alguém me faz ter vergonha dela. E essa parece ser a essência desse movimento pró-machismo. Passei anos acreditando que o bom seria ser amigo daqueles caras bonitões que todo mundo baba o ovo nas boates e redes sociais, até perceber que alguns tem esse discurso que supervaloriza a masculinidade. Achei tudo meio boçal, viver a vida pensando o tempo todo nisso. Ou pior, deixando que os outros saibam que isso é tão importante pra vc, que vc fala disso o tempo todo, vive de acordo com isso.

Yã Cintra

não vi esse vídeo (porque o´titulo já me deu preguiça), mas pelo que vi falarem e pelo que li agora eu com certeza discordo dele, ninguém tem que voltar ao armário nem seguir a norma hétero pra ser alguém mais digno de respeito, acho isso a mais pura cagação de regra.
mas ao mesmo tempo confesso que ando bastante incomodado com os preconceitos e futilidades que noto entre nós gays, como as pessoas tratam de maneira inferiorizante, agressiva e invizibilizante qualquer um que fuja de determinado padrão que julgam como mais correto, mais atraente ou mais bonito (o que acho que esse cara deve fazer no vídeo).
as vezes parece que caso você não seja másculo, branco, traços europeus, sarado, com pauzão, ativo, classe média/alta, se vestir “bem”, ter um celular de ultima geração, barba, cabelo estiloso e etc requisitos do gay perfeitinho e higiênizado pra hétero suportar e engolir melhor, você é algo inferior dentro do grupo.
após ler esse texto fiquei me perguntando se não tô só enxergando problema entre gays, mas sei lá, talvez por ser gay fico naturalmente mais incomodado com os problemas que vejo entre nós do que os héteros, isso é injusto da minha parte? não sei.

Dante

“… requisitos do gay perfeitinho e higienizado pra hétero suportar e engolir melhor…”. Simples assim, Yã. Esse é o ponto.

Isabel Camargo Dain

Feliz e infelizmente isso tá meio generalizado. Felizmente não é um problema dos gays, ainda bem, para não aumentar o preconceito das pessoas; infelizmente é uma merda que a futilidade esteja generalizada. Por algum acaso (infeliz 😉 ) da vida tenho mais contato no dia a dia com héteros que com gays e vejo futilidade em muitos.

Eduardo

Pelo menos o gay perfeitinho tem conteúdo e, não fica se escandalizando igual essas bichinhas nojentas

Eduardo

James, você é o tipo do gay que eu não me sinto representado.

Gosto dos gays perfeitinhos

Alan

Eduardo, não perde tampo com esse James, esse cara é ridículo, imbecilizado e preconceituoso, e coitado de quem pensa diferente dele, deve ser massacrado! Na verdade James é apenas frustrado!

James Cimino

Oi Alan, tava com saudade! Obrigado pela audiência. Olha só: eu sei que você me ama, mas eu tenho namorado, viu? Beijos e até a próxima.

Lucas

Te amo, James!!!! Sei que que tu tens namorado mas hahhahahaha amo vc e seus comentários de réplica!!! Sou teu Fã!!!

Elton

Texto super pertinente.
Acredito que pessoas felizes não dão “trabalho” e ainda podem contribuir pra felicidade de outros, acredito também que só cuidando 1ª de nós mesmos e estando bem, possamos dar as mãos e juntos compartilharmos algo pro bem comum, portanto todos nós (sem exceções) devemos fazer constantemente um exame de consciência e perceber onde precisamos mudar …..
…e mudar mesmo

Eduardo

Pra vocês o modelo ideal é ser “bicha escandalosa, falar baixaria, ser rebolativo, falar gírias de monas, fazer vexame em público, não ter conteúdo, ser pintosa exagerada, ser fã de divas e brigar por elas”

Esse é o tipo que vocês tanto valorizam né?

Marcio Caparica

Não há modelo ideal, Eduardo. As escandalosas não são melhores que as discretas, nem as discretas melhores que as escandalosas. Cada um se comporta da maneira que se sente melhor e deixa os outros fazerem o mesmo. Se você tem vergonha de outros gays por causa do que fazem, é uma boa tentar resolver essa questão consigo mesmo.

Eduardo

Cara, pare de tratar homossexuais no feminino, ser gay não significa querer ser de outro gênero.
Eu gosto de ser homem e ser tratado no masculino. Deve ser difícil de vocês entenderem isso, Homem é Homem, Mulher é Mulher

Marcos

Às vezes isso se torna um problema mesmo para homossexuais mais masculinos, como é o nosso caso.
Algumas pessoas esperam comportamento típico de gays mais afeminados e quando veem que a correspondência é de um homem, acabam ficando confusos e curiosos. Disso surge uma série de questões e equívocos como a de que fomos abusados, somos doentes ou não experimentamos da fruta….
Realmente esse tipo de gay acaba sendo tão prejudicado quanto os demais…

Marcio Caparica

Ser gay não significa mesmo querer ser de outro gênero. Quando um indivíduo precisa ser de um gênero diferente daquele com que nasceu, esse indivíduo é trans. Eu não me importo quando usam alguma expressão no feminino quando falam comigo ou sobre mim porque não considero que isso me rebaixa em nada. Meus amigos têm essa liberdade. Mas fique tranquilo que eu não usaria termos femininos com você, porque não sou amigo de pessoas que consideram o feminino inferior e, portanto, ofensivo.

Washington

Mas quem criou isso de tratar gays no feminino foram os homofóbicos. Pra eles, ser homem e homossexual é ser menos homem ou não ser homem. Enfim, chamar uma travesti e trans no masculino como “traveco” é preconceito, mas chamar um gay no feminino, não. Essa “lógica” desses militantes e empresários LGBT é boa.

Marcio Caparica

Pode ter até sido isso, mas daí ocorre o fenômeno da apropriação: a minoria passar a usar um termo que tinha intenção de ser pejorativo como símbolo de orgulho. Como quando um negro faz questão de ser chamando-me “preto” mesmo. Não me importa se a intenção original dos homofóbicos era me xingar ao se referir a mim no feminino; eu não me sinto ofendido, e uso essa terminologia com carinho e orgulho entre os amigos que também entenderão e sentirão o mesmo.

Eduardo

Ainda bem que os verdadeiros homossexuais de conteúdo, não segue esses movimentos extremistas.

A única coisa que os militantes faz é denegrir a homossexulidade com essas micaretas chamada parada gay.

Eduardo

Marcio, eu não considero o feminino inferior e, nem ofensivo.
Desde de quando é machismo não querer ser tratado no feminino?
eu sou homem e, gosto de tratado ser tratado pelo gênero que eu nasci e, não tem nada de errado nisso

Eduardo

Marcio, eu não considero o feminino inferior e, nem ofensivo.
Desde de quando é machismo não querer ser tratado no feminino?
eu sou homem e, gosto de ser tratado pelo gênero que eu nasci e, não tem nada de errado nisso

Eduardo

Devo agradecer o que? a única coisa que essas bichas escandalosas faz é denegrir a homossexualidade. Deve ser por isso que os gays sempre são mostrados como palhaços na tv, isso não motivo de orgulho, é de vergonha mesmo

Guto

Lindo texto, Márcio!! Parabéns pelos argumentos, vou até ler mais outras vezes para refletir melhor.

Mas tenho uma objeção a fazer sobre os textos do blog, pois os acho muito longos e cansativos. Acho que sintetizá-los melhoraria a qualidade da leitura do blog.
Grande abraço!

Pedro

Márcio, vc é maravilhoso! Que prazer estar descobrindo seus textos e sua sabedoria. Ainda bem que, entre tantos absurdos que vemos/lemos/ouvimos diariamente de todos os lados, existe lucidez por aqui. Parabéns!

Marcos

Hum… texto realmente muito bom…
Merece uma nota 9 na minha opinião.
Uma das coisas que achei um pouco fora de lugar foi a ausencia de se dizer sobre a opção de se assumir ou não. Se cada um escolhe o tipo de vida que vai levar ( e não a orientação sexual) após se descobrir gay, se assumir não faz necessariamente parte desse processo…

André

Enquanto as pessoas não perceberem que é a multiplicidade que torna a vida bacana e interessante, que apesar de todo o padrão, sempre haverá variações e elas são fundamentais e humanas, teremos tantas confusões como o tal vídeo do menino bonito que tem ideias bobas, banais e tão rasas. Ele peca por achar que o mundinho que ele conhece é a “maioria”. A maioria ele nunca vai conhecer se continuar tão cego, achando que o recorte é o todo, destilando preconceitos e reafirmando estereótipos que, em algum momento, até tenta disfarçar. Tão simples entender que o humano é complexo e quem sem reconhecer a complexidade, emburrecemos?

Rafael Pinheiro

Texto muito bacana; mas me deixou triste. Depois de tanta coisa que nós, LGBT’s vivemos, em pleno 2015 um texto extremamente didático para fazer algumxs repensarem as próprias condutas. Espero que em um futuro breve, textos como esse, belos, simples e objetivos, não sejam mais necessários.

Alan

O certo é ser uma bichinha afetada, poc poc, fazendo banheirão, isso é lindo e motivo de orgulho! Ser sério, másculo e não afetado hoje é criticado! Engraçado, sou gay másculo e gosto de gay másculo, agora se eu quiser ficar com uma fadinha, acho que ficaria com uma mulher logo, pelo menos seria mais original, não curto bichinhas afetadas, elas são broxantes, e são uma vergonha para os gays!

James Cimino

Você me ama, né Alan? Stay tuned, mandei um beijo pra você, dear hater, no programa sobre PINTOSAS! HAHAHAHAHA

Alan

James, você parece uma assombração! E meu comentário não foi direcionado a você! Eu te odeio sim, mas sou obrigado a respeitar sua opinião, mesmo achando podre e ridícula!
Se a sra é pintosa problema seu, eu sou pintudo! Abs!

James Cimino

“Sou pintudo”. Por Ganesha! O cara acha que ser homem se resume a ter um pinto grande. Faz uma coisa: anda com ele pra fora na rua pra ficar bem claro que você, mesmo viado, é pintudo. Vai que alguém muda de opinião e passa a pensar que você MESMO CHUPANDO ROLA, não é gay, né? Você se autoafirma tanto que eu me questiono se você não é uma daquelas “musculocas”, como chamam os gays espanhóis, que depilam cada pelo do corpo e modelam a sobrancelha estilo Joan Crawford. E outra, me chamar de velho não diminui sua ignorância. Apenas mostra um fato: você um dia será velho E IGNORANTE.

Alan

James, isso que você faz é preconceito também, coitado, se acha tão superior e faz o mesmo! Quem te falou que sou musculoso, que já pisei em uma academia, que toma whey, que faço a sobrancelha? Nunca fiz nada disso, mas esse é um ponto que você cria na sua cabeça triste e confusa para tentar me atacar! Mas os caras de academia são iguais a todos os outros, ou só as bichinhas poc pocs devem ser celebradas!
Cara, você é ridículo e preconceituoso ao extremo!!!

Eduardo

James, pra você ser gay é apenas chupar rola?

1)Cara nem todo gay é promíscuo e safado que nem você.

2)conheço muitos gays de conteúdo que não merece ter a sua imagem denegrida por causa dessas bichas escandalosas e sem educação.

3) Eu tenho vergonha de gays igual a você.

James Cimino

1- Na cabeça de um hetero é sim. E, quer saber? A única coisa que nos diferencia do resto das pessoas, e o único motivo pelo qual nos discriminam, é o sexo. Logo, querer dizer que ser gay não tem nada a ver com dar o cu e chupar rola é fazer a Kátia.

2- Gays de conteúdo? O que é isso? O mesmo que pessoas de bem?

3- Não use a palavra “denegrir”, nem “judiar”, são termos racistas. Use depreciar e maltratar, já que estamos falando em conteúdo.

4- O que você considera defeito em mim (safadeza) muitos consideram uma qualidade.

5- Promíscuo, segundo a OMS, é toda pessoa que tenha tido mais de dois parceiros por ano. Será que você não se encaixa nesta estatísica? Caso não se encaixe, dá pra entender essa sua vergonha.

6- E por favor, não sinta vergonha por mim. Sinta vergonha por você ser tão recalcado e tão infeliz a ponto de não suportar a felicidade efusiva de outros.

Eduardo

Como assim racista? em nenhum momento falei sobre negros.
Quanto extremismo james. Agora só falta você me chamar de racista por eu não me sentir atraido pelos negros. Não é preconceito ter preferência.

James Cimino

A palavra denegrir não é usada pelo manual de redação do jornal Folha de S.Paulo porque é uma palavra de cunho racista. Judiar, idem, faz alusão à tortura que os judeus sofriam nos campos de concentração. Não é extremismo. É preciosismo. Está até no manual de redação da Folha de S.Paulo. Infelizmente não está na Bíblia, senão você saberia.

James Cimino

E sim, você é racista por não se sentir atraído por negros. Se a única coisa que te impede de sentir atração por uma pessoa negra é sua cor de pele, é racismo. Extremismo é esse seu, de dizer que em uma população de 7 bilhões de pessoas não existe um negro sequer que te desperte interesse. E olha que Hollywood já nos vendeu alguns bem atraentes. E como se sabe que gosto e preferência são moldados pelo consumo, pela publicidade e pela cultura racista em que crescemos, sim, posso afirmar sem medo de errar que você é racista sim por colocar a cor de uma pessoa como impedimento primeiro para qualquer relacionamento.

Dante

Ou seja: existe um modelo de gay “ideal” – tolerável dentro dos limites estabelecidos pela heteronormatividade – e, quanto mais distante desse modelo, menos digno de respeito se é. Ou: existem gays de primeira classe e gays de segunda classe – sendo que os primeiros são os “recatados”, os “de família”, os que “se dão ao respeito”, enfim, são os que correspondem o tanto quanto possível aos truísmos reverberados pelo bom e velho machismo e os segundos são os que, em alguma medida, remetem ao “feminino” e o feminino, aos olhos do bom e velho machismo, é tido como “menos”, inferior”, “subalterno”. Ou ainda: a masculinidade, em si, é uma virtude e o gay que não ostentá-la – vejamos, dando escondidinho? – é um réprobo, um pária, um estorvo. Canseira, hein amigão? Até porque, por mais que você “se esforce”, por mais que você “chegue lá” e por mais que você “faça jus” você, na visão da heteronormatividade, sempre será uma bicha. Sempre. Entender isso de uma vez por todas é o primeiro e decisivo passo para você se libertar de todas essas baboseiras que você escreveu, conscientizar-se da opressão com a qual você, mesmo sendo vítima dela – e por mais que, por ventura, você tente negar isso -, está reproduzindo o papel de opressor e passar a resistir ao lado, e não se colocando em um degrau acima, de seus iguais.

Biel

Penso que é bem nessa exigência da imposição de um padrão heteronormativo e, modo geral, de comportamento, que reside um dos pontos mais altos da hipocrisia dessas pessoas… elas tentam estabelecer um padrão de comportamento que envolve condutas ditas corretas e estereótipos tidos e mantidos como corretos… mas isso não passa de hipocrisia porque, em algum momento (e acho que isso é inegável) até mesmo esses próprios héteros subvertem, de alguma forma, os padrões e as regras comportamentais anteriormente criadas para serem por eles seguidas. Logo, absolutamente NINGUÉM tem o direito de querer apontar o dedo, discriminar ou exigir que a comunidade LGBT se comporte conforme uma “cartilha” de regras implícitas. Parabéns ao Marcio, autor desse texto. Pra finalizar, faço minhas as palavras dele: “Eu digo o contrário: pegue seu armário e o transforme num palco. Suba em cima dele, viva sua vida como quiser, de maneira ética, e mostre para o resto do mundo que outros modelos de felicidade são possíveis. Faça que sejam colocados em dúvida os padrões sociais que causam tanta angústia para héteros, gays, cis, trans. Preocupe-se com a própria felicidade em primeiro lugar. E depois tente ajudar os outros, porque o mundo é mesmo hostil”

Dante

Ótimo texto, Márcio. E vou dizer com todas as letras: os gays NÃO PRECISAM DO AVAL DA HETERONORMATIVIDADE HOMOFÓBICA PARA EXISTIREM COMO SÃO. No momento em que os gays compreenderem a profundidade do sentido dessa frase, pois muitos ainda não compreenderam, darão um passo enorme rumo à libertação DE SEUS PRÓPRIOS GRILHÕES. Pararão de insistir em amizades para as quais se pede licença para ser quem é. Pararão de aceitar serem postos “em seus devidos lugares”. Pararão de ouvir calados conversas jocosas a respeito de suas identidades. Pararão de apontar o dedo para seus iguais encarnando a figura externamente imposta, travestida de “modo de ser”, do “gay palatável”. Pararão de se importar em ostentar títulos como “ser fora do meio”, os quais nada mais são do que adaptações do bom, velho e surrado machismo. E acima de tudo: pararão de se submeter ao papel de serem não pessoas e de olhar pela metade seus semelhantes com as mesmas lentes e em nome do anseio de, consciente ou inconscientemente, atender às expectativas da heteronormatividade homofóbica.

Linda

Quem nasceu Põe na Roda nunca será Lado Bi! Continuem arrasando como sempre e pisando na cara das gays moralistas!

Isabel

Linda,
Desculpe, mas eu discordo do seu comentário. O Rick já não faz mais parte do pões na roda há um bom tempo e, embora eu não saiba o motivo, acho que agora dá pra desconfiar.
Uma coisa é criticar o cara (imbecil) que fala uma coisa (merda) dessas. Outra coisa é atacar o grupo do qual ele FAZIA parte. Não sou membro da comunidade LGBT, mas tenho lutado cada vez mais pelas causas delas e o Põe na Roda, assim como o Lado Bi e o Canal das Bee têm sido importantes ferramentas de informação para que eu conheça mais desse universo que tenho tentado entender. Não acho que os outros meninos do grupo estariam de acordo com essas idiotices que ele falou.

James Cimino

Acho melhor, até pra usar uma figura evocada pelo Rick, é dizer que “quem nasce pra Lady Gaga nunca será Madonna”, né Isabel? hahahahaha

Alan

Afinal James, toda vovozinha como você prefere a vaca velha da Madonna! Coisa de bichinha brigar por causa das “divas”!

Isabel Camargo Dain

Ah, porque brigar por time de futebol, que nem os “machos” fazem, é muito mais razoável. Pelo menos gay não mata o outro por causa de uma ou outra diva, que nem fazem algumas torcidas organizadas! E fala sério, vai! Melhor brigar por uma mulher estilosa e que sabe o que quer (muitas delas são super feministas e a favor dos direitos LGBTs) do que por um grupo de homens correndo suados com as pernocas pra fora! (se bem que, no meu caso, acho difícil escolher)

James Cimino

Meu caro, Alan, gosta de Madonna quem tem bom gosto. E, realmente, você me ama né? Tá louco pra pegar essa bichinha aqui. Quem sabe numa próxima encarnação, né?

Comments are closed.