Heterossexuais podem se dedicar ao ativismo LGBT, e aqui vai um exemplo. A Irlanda já oferece uniões civis para casais homoafetivos desde 2011, e em maio realizará um plebiscito para decidir se casais homossexuais terão os mesmos direitos de casarem-se que os heterossexuais. Em novembro do ano passado, o ator irlandês Colin Farrel publicou uma carta aberta no jornal Sunday World para pedir que os irlandeses votassem a favor do casamento igualitário, e explicou a razão de tanto interesse pela questão: seu irmão, Eamon, é gay, e tem um marido – mas teve que ir até o Canadá para conseguir se casar:
[Eamon e Stephen] são provavelmente o casal mais saudável e feliz que eu conheço. Eles tiveram que viajar um tanto, no entanto, para trocar alianças, até o Canadá, onde celebraram seu casamento. Essa é a razão por que essa é uma questão pessoal para mim. O fato de que meu irmão teve que sair da Irlanda para realizar seu sonho de se casar é insano. INSANO. Eu posso entrar no carro esse instante, dirigir quatro horas de Los Angeles até Las Vegas, encher a cara, encontrar uma mulher e conseguir que Elvis nos case por 200 dólares. No entanto, em muitos estados nos EUA, se eu fosse gay, eu não poderia me casar.
Na última segunda-feira ele fez uma aparição no programa de entrevistas da apresentadora Claire Byrne para bater na mesma tecla. No programa, Farrell contou que percebeu que o irmão era homossexual quando tinha nove anos: “Eu nunca pensei que isso não fosse algo natural, e já vi meu irmão encarar muitas coisas. Eu já o vi ser alvo de intolerância muitas vezes ao longo de sua vida, e essas batalhas são dele, essas feridas são dele, e esses traumas são dele, mas ser testemunha disso tudo tão de perto – e, claro, gostar dele o tanto que gosto – teve um grande efeito sobre mim.”
Eamon se declarou gay para sua mãe ainda jovem – o ator fez questão de frisar que não foi uma “escolha” como insistem muitos também na Irlanda. O irmão de Farrell sofreu agressões durante sua infância e adolescência: “Eu me lembro dele voltar para casa com a camisa ensanguentada, ele apanhou várias vezes e era xingado o tempo todo”, lembrou-se durante a entrevista.
Colin comemorou o casamento do irmão, que já dura seis anos. “São um dos casais mais honestos, fortes e, mais importante, amorosos que eu conheço. Vê-los viverem todos os dias casados e felizes é algo incrível”, comemorou. “E pensar que eles tiveram que emigrar de seu país para se casarem é triste e decepcionante, e de uma injustiça imensa.”
Quanto aqueles que acham que a união entre pessoas do mesmo sexo vai enfraquecer a instituição do casamento, “feita para criar filhos”, foram criticados: “Já há famílias em que um dos pais é biológico e outro não. Eu sou um pai solteiro, de duas crianças. Já há crianças sendo criadas por pais homossexuais. Se a lei não vier a proteger essa parcela da nossa população, as crianças é que vão ser prejudicadas.Tudo que conhecemos até agora é o casamento entre um homem e uma mulher, e, quer saber? Há uma porção de casamentos infelizes entre homens e mulheres. Há uma porção de crianças que, todos os dias, presenciam discussões, rixas, e violência doméstica entre seus pais. É fácil demais para os heterossexuais tornarem-se pais, se você quer saber a verdade. Há muitos pais ao redor do mundo que não cuidam de seus filhos, porque foi um lance de cinco minutos.”
Ele termina por afirmar que o direito a se casar é um direito de todos os seres humanos. “Eu vou sair do armário agora e revelar que sou fortemente a favor do casamento igualitário, e que o suporto com cada fibra do meu ser.” Porque para lutar pela justiça para todos, não é necessário ser parte do grupo injustiçado. Basta ter empatia, e ser humano.
[…] pelo continente e fossem expostos a outras culturas. Outras celebridades irlandesas, como o ator Colin Farrel, também estão fazendo campanha para que o plebiscito tenha um resultado […]
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