Acusada de, por ser evangélica, estar atrelada aos interesses da bancada religiosa do Congresso, a candidata à Presidência Marina Silva (PSB) promete, em seu programa de governo, “superar o fundamentalismo incrustrado no Legislativo e nos diversos aparelhos estatais, que condenam o processo de reconhecimento dos direitos LGBT e interferem nele”.
A afirmação vem um dia após pesquisa Ibope apontar que o voto dos evangélicos seria decisivo para garantir a vitória da ex-senadora no segundo turno das eleições deste ano.
De acordo com a sondagem, 53% dos eleitores pentecostais, de missão e de outras denominações evangélicas declaram voto na candidata do PSB, ante apenas 27% que dizem preferir a atual presidente.
Andei lendo várias propostas do programa de Marina e fiquei com vontade de morar nele. Fora a resposta aos direitos dos LGBT, gostei especialmente da parte que trata da reforma política, em que ela promete acabar com o voto proporcional, com a reeleição, além de promover a unificação das eleições e a implantação das candidaturas independentes.
Mas, voltando aos direitos dos LGBTs, o documento também destaca a necessidade de tratamento especial aos cidadãos transgêneros no intuito de assegurar sua “formação e capacitação profissional”.
O plano de Marina também se compromete com a aprovação da lei João W. Nery, que regulamenta o direito às pessoas transexuais de terem seu gênero reconhecido em carteira de identidade, “dispensando a morosa autorização judicial, os laudos médicos e psicológicos, as cirurgias e as hormonioterapias”.
Entre outros pontos defendidos pela candidatura de Marina, e igualmente rejeitados pela bancada evangélica do Congresso, estão o apoio aos projetos de lei e de emenda constituicional que garantam o direito ao casamento igualitário; a articulação para a votação do PLC 122/06, que criminaliza a homofobia e a equipara à discriminação por cor, etnia, nacionalidade e religião; e a eliminação de obstáculos à adoção de crianças por casais homoafetivos.
Há ainda propostas de combate à homofobia na administração pública, no Plano Nacional de Educação e a garantia e oferta de serviços de saúde específicos aos LGBTs.
Comparando-se com as propostas de Dilma e Aécio no mesmo campo, o programa de Marina é maravilhoso. Maravilhoso até demais, eu diria.
Vamos analisar, por exemplo, a proposta de reforma política, que o Lula prometeu lá em 2003 e que até hoje não cumpriu porque, sabemos, os presidentes têm de fazer concessões e lidar com as manipulações de nosso Congresso fisiologista. Como Marina pretende aprovar isso, especialmente sem o apoio da bancada evangélica que, também sabemos, barra qualquer votação quando contrariada? E, estando a candidata do PSB disposta a atender às justas demandas dos LGBT, ela provavelmente desagradará os evangélicos, certo?
Sendo assim, como ela conseguirá maioria de 2/3 dos deputados em três sessões para aprovar qualquer lei nesse sentido?
Não vou nem entrar no mérito da religião da candidata aqui, mas me parece que a “novidade”, “que tá contra tudo isso que tá por aí” promete muito mais do que poderá cumprir. E se pensarmos que ela pretende fazer tudo isso em apenas um mandato, já que garantiu que quer acabar com a reeleição e que, mesmo que não consiga, não irá concorrer a uma segunda eleição, a coisa parece ainda mais desconectada da realidade.
Aceito explicações nos comentários, porque eu quero muito acreditar…
Malafaia é a essência do mal. A encarnação contagiosa da Ira. O apóstolo do preconceito e da estupidez.
Ela nunca diz “como” vai fazer todas as suas promessas. Esse é um dos problema da beata ungida.
Marina desagradou (antes e depois da retificação no seu projeto) ao Malafaia e todos aqueles que querem impor seus princípios de fé ao Estado laico, e desrespeitam a liberdade daqueles que não partilham de sua visão de mundo.
Seu programa é ambicioso, igualitário e justo. Mesmo sendo evangélica convicta, ela defende a igualdade de direitos entre homoafetivos e heteroafetivos.
Marina não recuou nada; apenas reiterou que defende a igualde de direitos entre gays e héteros, resguardando-se a liberdade religiosa para cada igreja fazer suas regras. Dá na mesma dizer que (1) os gays podem se casar em cartório igualmente aos héteros, e que (2) o casamento é um elemento religioso exclusiva aos héteros, cabendo aos gays “apenas” a união civil perante o Estado.
São palavras diferentes para defender a mesma coisa, considerando que, pela Constituição, a lei deve facilitar a conversão da união estável em casamento (o que incluiria os gays no “casamento civil”)!
O Silas Malafaia não teve NADA a ver com essa mudança, pois ele é contra TODO e QUALQUER reconhecimento jurídico das uniões gays; ele continua desgostoso com Marina, como pode se ver aqui: http://migre.me/ln28k
Se fosse para ficar “bonita” perante o público fanático, ela não defenderia a extensão dos direitos civis aos homoafetivos.
Não foi só a parte relativa aos direitos homoafetivos que foi retificada: também havia menção à expansão do desenvolvimento de energia nuclear – algo que Marina sempre repudiou, e foi colocado por engano no plano de governo.
Um usuário do Facebook já disse: “Prefiro um candidato que faz uma errata e conserta um erro que está no papel durante sua campanha, do que votar em um candidato que não admite os erros de sua administração, que os esconde e que finge que está tudo bem no país”.
A prova irrefutável de que Marina não é fanática, e tolera as diferenças (inclusive quanto à orientação sexual), está neste testemunho de um ex-assessor: http://terramagazine.terra.com.br/blogdaamazonia/blog/2014/08/28/marina-pode-ser-elo-dos-religiosos-com-o-movimento-gay-diz-lider-lgbt-do-acre/
Votarei no Aécio, sei que não será eleito, mais pelo menos não estarei contribuindo que essas co-irmãs do PT. Uma pela outra eu não que volta, são farinhas do mesmo saco,,,
Possuo uma foto que tirei do trabalho de um grafiteiro que diz literalmente: “Este ano votei na puta, já que nos filhos dela não deu resultado”. E deu no que deu, isso ai…
Votarei na Luciana Genro, sei que ela não ganhará, mas sua mensagem, que é a mesma que a minha, terá ao menos alguma ressonância.
[…] Não durou nem um dia inteiro a euforia da comunidade LGBT em relação ao programa de governo de Marina Silva, candidata do PSB à presidência da República, que previa a ap…. […]
Gente na proposta de governo dela que foi divulgada recentemente ela ja tirou de la pq os evangélicos ficaram com raiva e como eles sao a maioria nos LGBTTTTTT que se lasquemos. Pos somos menori
Nunca essa mulher vai receber meu voto. Nuncaaa
É por isso que meu voto será na Luciana Genro. Embora eu tenha quase certeza que ela não irá ganhar, meu voto está sendo consciente, penso eu. Se Dilma e Marina forem para o segundo turno, arriscarei na Marina. Poderá ser um erro, mas não aguento mais esse Brasil “cinematográfico”, como diz a própria Marina.
O x da questão é justamente romper com a lógica das concessões absurdas por apoio. Essa será a grande contribuição de Marina para o país. Eleita sem ter vendido lotes do governo ela poderá sentar a mesa com todos os líderes políticos e negociar as mudanças necessárias, acredito que começando pela reforma política. É uma situação bastante vantajosa para o governo que terá todas as cartas na manga para negociar com base nas diretrizes do programa de governo e elevar o nível dos interesses discutidos.
Comparado ao cenário atual não há dúvida quanto ao avanço. E se pensarmos nas mudanças necessárias para o país dentro da lógica atual realmente parece impossível. Vide Lula não ter conseguido sair do lugar com a Reforma política.
Ela terá o povo que a eleger para lutar por ela. Simples assim. O Congresso terá que se dobrar à vontade popular.
Apesar de eu votar Luciana no primeiro turno, se Marina continuar com essa postura, e não ceder às pressões dos teocratas, ela terá meu voto no segundo turno. Pois, prefiro alguém com boas intenções, mas sem apoio; do que alguém com apoio de todos os lados, mas que só nos atrapalha e nos prejudica como foi com Dilma.
Exatamente isso!
O problema todo tá nesse “acreditar”. To vendo muita gente viajando na maionese e acreditando nesses contos bonitos da Marina aí. Leram o que ela postou bonitinho lá no site dela e nem se deram ao trabalho de pensar em como ela iria fazer isso. Já saíram colando adesivo da Marina no carro.
Como disse uma atriz uns anos atrás, eu tenho medo. Muito medo.
Aécio fez seu sucessor no governo de minas um funcionário publico gay, mostrando que não tem preconceitos. Marina na hora de escolher um lado é vermelho até a morte. Socialista. Como se a esquerda fosse o único lado da politica que defendessem os gays. O primeiro ministro do reino unido é do partido conservador e aprovou o casamento igualitário. Aécio é de direita como eu, mas não é antiquado. O grande problema dos gays na politica é terem como exemplo Jean willys um comunista que não entende que os gays não são uma classe e pensam diferente dele em relação aos problemas políticos da nação. Socialismo é o câncer da america latina. Margaret Thatcher disse que no jardim onde a grama do socialismo nasceu nunca mais nada brotou.
E seu partido, e em especial o seu vice, votaram em peso contra à PLC122…
Sou pragmático. Em alguns pontos concordo com a direita (privatizações, fim das mordomias a algumas categorias do funcionalismo público). Em outras, concordo com a esquerda(moratória da dívida pública, investimentos no social). E no campo moral, sou totalmente libertário (favorável à legalização da maconha e do aborto, e aos direitos LGBT).
Agora, não se pode esquecer que ver a política dessa forma binária é algo ultrapassado, e que existem outras variáveis. Por exemplo, alguém pode ser um autoritário de esquerda(comunista), ou autoritário de direita(fascista). Pode ser um libertário de esquerda(anarquista), ou um libertário de direita… e por aí vai…
Da mesma forma que Cameron aprovou o casamento gay na Inglaterra, o socialista Hollande aprovou na França.
Ótimo texto! Simples e objetivo!
Faço de suas as minhas palavras, James. Adoraria acreditar; mas á difícil…. Impossível, na verdade.