Final de ano e pipocam pencas de listas com “mais influentes”, “mais importantes” e por aí vai. Com o destaque da Casa 1, acabei entrando em algumas delas e uma coisa me pegou bastante: na sua maioria tava eu lá do lado de mais um monte de homens cis e pessoas brancas.
Fico grato pela lembrança e entendo (ainda que discordando) da lógica de se atrelar influência ao capital ou exposição de mídia – e por isso resolvi fazer minha própria lista. E não, não tem uma classificação, são 14 pessoas fodas que, igualmente, brilharam e lutaram muito nesse ano tão perrengoso.
Symmy Larrat
A Symmy é um furacão, tem trajetória foda e nesse ano se tornou a primeira mulher a presidir a Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Travestis e Transexuais, além de ter sido a secretária da Secretaria Setorial Nacional LGBT do PT em 2016.
“Pela primeira vez uma mulher, uma travesti, ocupa esse espaço que foi ocupado anteriormente pelos companheiros homens. Com essa eleição, a ABGLT compactua com um novo processo. Que não compactuaremos com nenhum tipo de opressão, com o machismo, que lutaremos contra a transfobia e todas as formas de violência contra orientação sexual e identidade de gênero”, declarou na posse.
A Symmy também coordenou o Transcidadania na gestão do Fernando Haddad antes do desmanche pela atual gestão. Para quem não se recorda, o Transcidadania oferecia bolsas de R$ 910 para travestis e transexuais que frequentassem a escola – programa-modelo, chamado de “bolsa travesti” pelos conservadores de coração peludo.
Gui Felício
Pouca gente da militância conhece o Gui, em especial pela idade e principalmente pelo espaço de atuação. Relações Públicas da atlética de comunicação da PUC-SP e comunicação da Bateria, ele foi responsável por uma pequena revolução.
Atuando em um espaço completamente hostil a qualquer corpo dissidente ou orientações sexuais-afetivas que não a heterossexualidade, Gui falou, brigou, educou e transformou o espaço da atlética da faculdade católica. Basta uma conversinha com qualquer um dos membros que vai dar pra sacar a efetividade do trampo dele. Ainda vai longe ❤
Jana Leslão
A Jana é autora de alguns dos livros mais fofos já produzido na história e para a sorte de todos nós mantém uma produção constante. Além de Joana Princesa, que conta a história de uma princesa trans, e de A Princesa e a Costureira, que apresenta uma jovem que se apaixona pela responsável pela feitura de seu vestido, lançou recentemente A Rainha e os Panos Mágicos, sobre uma rainha que luta para ter seu filho de forma natural. Lindo né?
Que venham muitos outros livros!
Rico Vasconcelos
Nome essencial quando se fala da implementação da PREP (Profilaxia Pós-Exposição) no Brasil, e também dos programas de informação sobre a PEP (Profilaxia Pós-Exposição), Rico é didático, claro e, principalmente, tem atuado em frentes diversas para falar sobre prevenção e tratamentos de HIV/AIDS no país.
Renata Carvalho
Com seu Evangelho Segundo Jesus, Rainha do Céu, Renata pregou palavras de paz, aceitação, acolhida e amor, em troca, foi censurada duas vezes (em Jundiaí e Salvador). Suas falas são sempre potentes e verdadeiras e é praticamente impossível não sair de um espaço em que está presente sem estar completamente apaixonado.
Que 2018 traga muitas apresentações de sua peça e também novos trabalhos porque eu não me canso de assistir.
Arthur Scovino
Com uma produção super consistente, o artista plástico carioca radicado em Salvador fala sobre questões humanas e de sexualidade com delicadeza e muita beleza. Em novembro participou da III Semana de Diversidade de Ouro Preto e Mariana e realizou trabalhos incríveis que merecem ser vistos e revistos.
Linn da Quebrada
Responsável por um dos álbuns mais espetaculares do ano, a Linn tem colocado em pauta a questão dos LGBT na periferia de forma consistente e verdadeira. É praticamente impossível passar por uma fala da cantora e não chegar em casa pensando milhões de coisas e revendo toda sua atuação. Que 2018 traga muito mais shows e sucesso.
Murilo Araujo
Murilo e seu Muro Pequeno são uma das melhores coisas da internet. Falando sobre temas diversos, o destaque desse ano foi a fala na ONU sobre LGBT e religião, tema que vem desbravando e desdobrando em uma série de vídeos, falas e textos. Vale acompanhar SEMPRE.
Tchacka
Se você foi em alguma manifestação em São Paulo no ano de 2017 com certeza você encontrou a Tchaka. A drag apresentadora da Parada LGBT de São Paulo está sempre disposta a fazer acontecer. Além de ativista, é uma das animadoras mais carismáticas da cidade.
Pabllo Vittar
Além de ser um hiper sucesso comercial e ser responsável por 9 em cada 10 hits do ano, a drag chama atenção por entender muito bem o que o impacto que o sucesso tem e ser extremamente didática ao falar de temas como identidade e expressão de gênero. Que 2018 traga muitos outros hits.
Jaqueline Gomes de Jesus
Se você encontrar um Lattes mais poderoso que o da Jaqueline me avisa. Professora no Instituto Federal do Rio de Janeiro — IFRJ, Jaqueline está com frequencia transitando por espaços acadêmicos e de debates falando sobre questões de gênero. De quebra ainda é de uma simpatia impar.
Reinaldo Bulgarelli
Responsável pelo Fórum de Empresas e Direitos LGBT, o Reinaldo Bulgarelli tem conseguido dar efetividade à políticas que o movimento tanto tem demandado. Mais nos bastidores do que no palco, mostra que existem muitas formas de militar e que o dialogo é fundamental para que as coisas realmente mudem.
Bruno Kawagoe
O Bruno tem uma coisa que é foda demais: pensar movimento LGBT fora do eixo em que geralmente ativistas atuam. Ocupando a cidade e promovendo diversidade real, coordena a Gaymada (um dos eventos mais massa de São Paulo) e também o Tamanduás-Bandeira Rugby Club, um time de rugby realmente plural.
Gabriel Souza
Se 2016 foi o ano em que o Gabriel estourou, 2017 foi o ano em que consolidou seus trabalhos relacionado à musica, dança e também ativismo para prevenção e tratamento de HIV/AIDS. De capa de revista à importantes eventos, Gabriel estava lá.
E como a gente tá aqui pra conhecer cada vez mais, conta ai por e-mail no iran.giusti@gmail.com ou no facebook quem você acha que arrasou em 2017 e porque. Quem sabe não rola parte dois da listinha 🙂
Iran Giusti é o fundador do Casa1, casa de acolhimento LGBT que tornou-se um dos eixos da cultura queer em São Paulo neste seu primeiro ano de existência. É um projeto que merece todo seu apoio, então não demora, faça uma contribuição para que ele continue de pé!