Pegging: tudo que homens héteros precisam saber para serem penetrados por suas parceiras

Porque ser penetrado pela parceira não faz do hétero menos hétero, mas o torna muito melhor de cama

por Marcio Caparica

Algumas das piadas mais cansadas do repertório cômico brasileiro (e provavelmente mundial) giram em torno do dia em que o homem hétero respeitável tem que fazer o temido exame de próstata. É questão de honra para o macho deixar claro que só faz aquilo por obrigação, frisar o quanto aquilo é desconfortável e jamais, JAMAIS dar a entender que há algum tipo de prazer em ser penetrado analmente, mesmo que seja por um médico que não tem a menor intenção de provocar a libido do paciente com sua luva de látex.

Isso acontece porque nossa cultura iguala ser penetrado com submissão e, principalmente no caso dos homens, homossexualidade. Com isso, os héteros perdem uma boa parte do cardápio sexual (afinal, eles também têm próstata, que pode ser estimulada para seu prazer da mesma forma que acontece com os gays). Para manter sua tão frágil masculinidade intacta, a maioria dos homens héteros se priva de uma prática que pode ser extremamente prazerosa, e de quebra pode ajudá-los a compreender o que acontece com suas parceiras – melhorando o sexo para os dois.

Parece que o homem hétero pensa que há um botão no fundo do reto que, ao ser tocado, vai fazer com que ele se torne gay. Podem ficar tranquilos, ser penetrado analmente não faz ninguém ser homossexual. Se quem está penetrando sua máscula bunda é uma mulher, o sexo que você está fazendo continua sendo tão heterossexual quanto o que você faz quando penetra sua parceira – pela vagina ou pelo ânus.

Para que isso aconteça, basta que a mulher utilize uma cinta caralha (também chamada de strap-on dildo). Nos EUA, a prática de um homem se deixar ser penetrado pela mulher é conhecida como pegging. Em 1998 a sex shop Good Vibrations, de San Francisco, produziu Bend Over Boyfriend (“Deixe o namorado de quatro”, em tradução livre), o primeiro filme pornô educativo sobre pegging, com a intenção de informar sua clientela. Ele foi estrelado por Carol Queen, a sexóloga de plantão da loja. “A gente sabia que já era hora de fazer um filme como esse, porque havia muitos casais heterossexuais que vinham à nossa loja procurando saber mais sobre cintas caralhas”, ela contou para o site AlterNet. “Estava na cara que essa era uma prática que carecia de informação. Sem dúvida havia demanda. E havia mesmo: por muito tempo, esse foi o filme mais vendido da Good Vibrations.”

Queen oferece as seguintes dicas para os casais heterossexuais que não deixam que crenças antiquadas limitem suas práticas íntimas, e desejam experimentar o pegging:

Right in the butt

1. Conheça tua bunda

De acordo com Queen, há três coisas fundamentais quando o assunto é sexo anal: lubrificação, relaxamento e comunicação. A lubrificação é essencial porque o ânus, diferente da vagina, não oferece lubrificação natural quando a pessoa está excitada. Felizmente, é muito fácil resolver isso. O que não falta no catálogo de sex shops são lubrificantes íntimos. Os experts apontam que os lubrificantes feitos de silicone duram mais.

O relaxamento vem, basicamente, da confiança entre as pessoas envolvidas. Queen lembra que a escolha de parceiros é essencial. “Alguém que força a barra, que não presta atenção no prazer do outro, ou que é desajeitado provavelmente não é alguém com quem se deva explorar o sexo anal, a não ser que essa pessoa se dedique a ser um amante melhor.”

Além disso, o parceiro receptivo tem que querer ser penetrado. “É isso que faz com que a inserção anal seja prazerosa, e não um ato doloroso”, aponta. “O desejo funciona como um analgésico. Ele abre a pessoa. Quando não se sente desejo, tudo fica tenso.”

No quesito comunicação, Queen explica: “o parceiro receptivo tem que avisar quando está pronto para a inserção, dizer o quanto deseja ser penetrado, se quer que a penetração seja mais rápida ou mais lenta, e se está sentindo qualquer tipo de desconforto.” A especialista frisa: “desconforto e dor não são parte intrínseca do sexo anal; muito pelo contrário, eles são sinais de que alguma coisa está errada: pouca lubrificação, pouco relaxamento, ou tudo indo rápido demais.”

2. Localize tua próstata

Sexo e prazer têm que vir no mesmo pacote, e práticas diferentes trazem diferentes formas de prazer. O sexo anal para homens (e mulheres trans) têm um ingrediente que o torna único: a próstata. Para os homens (ou mulheres trans) que estão começando agora a serem penetrades, descobrir onde fica a próstata já é meio caminho andado.

“A próstata fica a uns 7,5 cm para dentro, na direção do umbigo. Acariciá-la, aplicar pressão e até algum tipo de vibração são atos bem gostosos de se fazer”, sugere Queen. Confira o guia para encontrar a próstata que publicamos ano passado – vale para gays e héteros!

3. Compre o equipamento adequado

Penetrar o parceiro com uma cinta caralha é uma forma de expressão sexual super divertida e libertadora, mas não é das mais baratas. O pegging envolve comprar acessórios sexuais, e comprar os melhores produtos nem sempre é simples. Para nossa sorte, Queen tem boas dicas para oferecer.

“Pode ser difícil controlar o dildo se ele for pequeno demais, então tome cuidado”, alerta. Os dildos feitos de silicone são os mais aconselháveis, afirma: o silicone é hipoalergênico, não-poroso e fácil de limpar. Se você escolher um dildo que não é de silicone, Queen recomenda que se coloque um preservativo sobre ele, principalmente se a intenção é usá-lo de outras formas mais tarde.

Queen também recomenda que ele seja liso e levemente curvado. “Para o sexo anal, um dildo liso costuma fazer que a inserção seja mais fácil, e uma leve curvatura é melhor para se estimular a próstata”.

Há uma boa variedade de modelos para a cinta. As feitas de couro podem ser uma opção, mas elas costumam ser mais difíceis de se limpar. Cintas de nylon ou outros tecidos são populares porque podem ser colocadas na máquina de lavar. Cintas feitas com uma peça só, vestidas como se fossem uma calcinha fio-dental, oferecem controle maior, mas também há a opção de cintas feitas de duas peças para quem não gostar de vestir as de uma peça só.

Cintas de cintura baixa são outra opção: elas mantêm a base do dildo sobre o osso púbico, o que oferece maior controle. Esse estilo também pode estimular o clitóris. Queen também lembrou que há algumas novas tendências no horizonte, e uma delas são as boxers que também funcionam como cintas para dildos.

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7 comentários

Ademar Amancio

Não existe terminações nervosas no ânus.O ânus não é um orgão sexual.A sensação de ser penetrado é de dor e desconforto.O tesão dos gays é cem por cento na frente.
Falo com segurança porque sou mil por cento gay,e de temperamento passivo.Abs.

Marcio

Sexo não está na frente ou atrás. Acho que vc não entendeu nada do texto. Sexo está na cabeça! É ela que rege o prazer. Não terminações nervosas!

Carlos

“Para o médico José Ricardo Coutinho, membro titular da Sociedade Brasileira do Coloproctologia, definir ou não o ânus como órgão sexual depende da visão que se tem do sexo.

Se for levado em conta apenas o aspecto da reprodução, o ânus não poderia receber essa caracterização. Entretanto, a partir de uma ideia mais atual da sexualidade, em que entram em jogo o prazer e a satisfação, seria mais um órgão capaz de proporcionar essas sensações. ‘O sexo anal também faz parte do repertório sexual’, diz.”

https://estilo.uol.com.br/comportamento/noticias/redacao/2016/02/04/apesar-dos-tabus-anus-tambem-e-um-orgao-sexual.htm

Syn

Fale por vc, amore, ser penetrado é uma delícia, basta você estar bem lubrificado, com vontade real de ser passivo e ter um parceiro que queira te proporcionar prazer. Se vc não sentiu prazer, ou vc tá fazendo errado, com pessoas erradas, em situações inadequadas sem prazer e relaxamento; ou vc simplesmente não gosta de penetração ou de ser o passivo.

Carola

Que bobagem, eu sinto prazer ate na hora que to indo no banheiro.
Todo o corpo eh uma zona erogena
depende da cabeça tb

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