O cinema e os Oscars são alvo de duras (e merecidas) críticas devido à falta de diversidade – uma parcela ínfima de seus personagens e profissionais são abertamente LGBT, e quando personagens LGBT aparecem, muitas vezes o viés não é dos mais favoráveis. A televisão e as séries online estão muito à frente da tela grande nesse quesito, e isso se refletiu ontem nos Emmys, que concedeu ontem dois prêmios para a série Transparent.
Jeffrey Tambor, ator cisgênero que interpreta a protagonista trans Maura Pfefferman na série, ganhou ontem o troféu de Melhor Ator Principal em Série de Comédia pelo segundo ano consecutivo. Em seu discurso de agradecimento ele defendeu que se abra espaço para atores e atrizes transgênero na indústria do entretenimento: “Eu não enfeitar o que tenho a dizer… por favor deem uma oportunidade para os talentos transgêneros. Chamem-os para testes. Deem-lhes suas histórias. Eu ficaria feliz se eu fosse o último homem cisgênero a interpretar uma mulher transgênero.”
Mais tarde Laverne Cox, a primeira atriz trans a ganhar uma indicação ao Emmy por seu papel em Orange Is The New Black, deu seguimento à mensagem de Tambor quando apresentou um dos prêmios de direção na cerimônia: “Deem uma chance para talentos trans… Eu não estaria aqui essa noite se não tivessem me dado essa oportunidade”, lembrou.
O Emmy de ontem foi um dos mais favoráveis às profissionais lésbicas do entretenimento. Jill Soloway, criadora e roteirista de Transparent (e namorada da poetisa Eileen Myles) ganhou o Emmy por Melhor Diretora em Série de Comédia; Kate McKinnon, alvo de controvérsia por sua participação no novo filme Ghostbusters, ganhou o prêmio de Melhor Atriz de Comédia por seu trabalho em Saturday Night Live; e Sarah Paulson, conhecida por seus papéis na série American Horror Story e namorada da atriz Holland Taylor, levou para casa o troféu de Melhor Atriz em Minissérie por interpretar a promotora Marcia Clark em The People v. O.J. Simpson: American Crime Story.
Soloway aproveitou seu momento no palco para salientar a importância da revolução LGBT em curso na TV norte-americana: “Esse é um privilégio, e também cria privilégios: quando se leva mulheres, pessoas que não são caucasianas e pessoas queer para o centro das histórias, elas passam a serem sujeitos, não objetos, e muda-se o mundo, descobrimos. Eu sempre quis ser parte de um movimento, do movimento dos direitos civis, do movimento feminista. Esse programa de TV me permitiu pegar meus sonhos sobre pessoas judias detestáveis, pessoas queer, pessoas trans, e fazer delas heróis. Agradeço à comunidade trans por suas vidas. Precisamos por fim à violência contra pessoas transgênero e derrubar o patriarcado!”
Sarah Paulson e Jill Soloway não são lésbicas!!! Pelo amor da deusa, precisar falar pra site voltado pra isso que existem outras orientações dentro de LGBT além de homossexualidade é complicado