A celebração da juventude acontece entre todos os grupos sociais, mas é particularmente forte entre os gays. A idolatria por corpos sarados e rostos sem rugas faz com que muitos sintam-se invisíveis conforme tornam-se mais velhos. Esse tipo de preconceito faz com que eles passem por níveis maiores de depressão que heterossexuais, afirma uma pesquisa publicada semana passada nos Estados Unidos, na revista Social Science & Medicine. Mais triste, esses muitos dos próprios idosos carregam esses preconceitos contra eles mesmos, e acham que têm menos valor porque já não são mais tão jovens. Os idosos sentem-se uma minoria excluída mesmo dentro da minoria a que pertencem.
O estudo, liderado por Richard G. Wight, acompanhou 312 homens gays com uma idade média de 61 anos entre 2012 e 2013. Aos participantes era pedido que avaliassem o quanto aplicavam-se a suas vidas afirmações como “envelhecer é especialmente difícil para mim porque sou gay” e “conforme envelheço, eu me sinto cada vez mais invisível quando estou entre outros gays”. O grupo faz parte de uma pesquisa que desde 1982 acompanha um grupo de homossexuais masculinos nos EUA, com a intenção de estudar o impacto do HIV em suas vidas (61% deles são soronegativos).
A pesquisa concluiu que sim, gays de terceira idade sofrem da sobreposição de dois preconceitos internalizados, contra gays e contra pessoas mais velhas – o que batizaram de discriminação etária gay internalizada (DEGI). Os estudiosos encontraram relações estatisticamente significativas entre maiores níveis de depressão e índices maiores de DEGI. Devido ao longo registro histórico do grupo analisado, eles puderam controlar contra quadros depressivos preexistentes. Eles levantam a ressalva de que esse é um grupo extremamente urbano, e portanto seus resultados podem não se aplicar a todos os gays de terceira idade, mas há pouca evidência de que a situação seja muito diferente para idosos que moram fora de grandes centros urbanos.
Um fator que pode aliviar o estresse social da DEGI é sentir que faz diferença dentro de sua comunidade, o que o estudo chamou de mattering. “Pessoas que têm uma sensação de que fazem muita diferença sentem que outras pessoas pensam nelas, buscam seus conselhos, ou se importam com o que acontece consigo.” Isso pode vir, por exemplo, da convivência entre gays de terceira idade e gays mais novinhos – assim que se ultrapassar a ideia de que os mais velhos só querem sexo e que os mais novos não têm qualquer interesse por algo além do seu círculo imediato de interesses.
Os próprios autores do estudo reconhecem a injustiça inerente à sensação dos idosos de que ninguém mais se importa com eles porque não estão mais no auge da forma física: “esses homens atravessaram mudanças histórias sem igual em suas vidas adultas, pessoalmente relevantes para todos, e abriram o caminho para que as gerações mais jovens de minorias sexuais vivessem numa era de menor discriminação institucionalizada”, concluem. “E, no entanto, são sujeitados a sentirem-se socialmente invisíveis e depreciados em seus últimos anos, especialmente dentro da comunidade gay.” Cabe a nós, que ainda somos razoavelmente jovens, criar espaços para que os mais velhos sintam-se queridos e respeitados – se não por solidariedade pura e simples, pelo menos para que, futuramente, esses espaços existam para nosso próprio benefício.
Excelente matéria e muito pertinente, pois de fato uma grande parcela da sociedade esquece que um dia irá envelhecer também, a não ser que morra antes.
Eu discordo, pois eu sou jovem e tenho 21 anos e minha preferência são homens maduros, ou seja nessa faixa etária de idade. E creio que não sou o único que tem este tipo de preferência.
Certamente você não é o único. Eu tenho 30 anos, mas desde que me entendo por gente, gosto de homens velhos, maduros, de preferência a partir dos 50 anos, grisalhos. E pergunta se eu acho…