Hollywood não passa de um “Clube do Bolinha” branco, afirma estudo

Levantamento feito pela Universidade do Sul da Califórnia revela que todos os estúdios de Hollywood deixam muito a desejar quanto à diversidade, na frente e atrás das câmeras

por Marcio Caparica

A uma semana da cerimônia do Oscar 2016, a questão da falta da diversidade em Hollywood não dá descanso. Esse ano os candidatos às estatuetas são todos tão caucasianos (todos os candidatos às categorias de atuação são brancos –  pelo segundo ano consecutivo!) que Spike Lee, Will Smith, Jada Pinkett Smith, Tyrese Gibson e Michael Moore anunciaram que vão boicotar a cerimônia. Agora um novo estudo comprova que a produção cinematográfica dos grandes estúdios dos Estados Unidos deixa a desejar, e muito, no quesito diversidade.

Um levantamento feito pela Media, Diversity and Social Change Initiative, da Universidade do Sul da Califórnia, revela que mulheres, lésbicas, gays, bissexuais, pessoas transgênero e pessoas de etnias que não são a caucasiana estão dramaticamente subrepresentados em Hollywood, na frente e atrás das câmeras. Uma das autoras, a professora Stacy L. Smith, não usa meios-termos: “Não temos um problema de diversidade. Temos uma crise de inclusão”.

O estudo analisou 109 filmes e 305 programas de TV que estrearam entre setembro de 2014 e agosto de 2015. De 11 mil papéis com falas, menos de 2% eram de personagens que se identificavam como LGBT. De todos eles, apenas sete eram pessoas transgênero – e quatro desses sete personagens estavam na mesma série de TV.

O problema continua grave quando se olha para além da questão LGBT. Apenas um terço dos personagens com fala nas obras analisadas são mulheres, das quais apenas 28,3% eram de etnias que não a caucasiana. Dos personagens com mais de 40 anos, apenas 25,7% eram mulheres.

Por trás das câmeras a situação fica ainda pior: míseros 3,4% dos longa-metragens lançados nesse período foram dirigidos por mulheres – e apenas dois deles por mulheres negras. O estudo é categórico: “A indústria cinematográfica ainda funciona como um clube de meninos brancos e heterossexuais”.

Apesar de deixar claro que toda a produção hollywoodiana tem muito no que melhorar quanto à diversidade, o relatório aponta que há luz no fim do túnel: as produtoras menores e os serviços de streaming estão fazendo um trabalho melhor nesse sentido, apesar de ainda deixar a desejar. Disney, CW, Amazon e Hulu conseguiram avaliações acima de 65% no relatório.

Na tentativa de disfarçar o erro, os produtores do Oscar prometeram que esse ano apresentarão a “cerimônia mais diversa de todas”. Entre os apresentadores dos prêmios estarão Morgan Freeman, Kerry Washington, Priyanka Chopra e Lee Byung-hun, assim como o músico John Legend e o produtor Quincy Jones.

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