O ano está acabando, e assim que passar o revéillon terão início por todo o Brasil inúmeras festas pré-carnavalescas que sempre salpicam nossos janeiros e fevereiros até a Quarta-Feira de Cinzas. Brasil, o país do Carnaval, certo? Sem dúvida não há povo mais folião que o brasileiro!
Mas há.
Amanhã, às 11:11h (11 e 11 do dia 11 do 11, sacaram?) tem início em Colônia, na Alemanha, as festas de Karneval. Alemões e alemoas sairão fantasiados pelas ruas da cidade, pulando de bar em bar, beijando na face qualquer um que parecer estar num nível de disposição similar (e que tende a ficar mais permissivo conforme avança a noite). A partir de então, festas dignas das micaretas brasileiras continuam pelo resto do ano e ano novo adentro, até terminar, como em nosso país tropical abençoado por deus, na Quarta-Feira de Cinzas.
(E, se você quiser comparar a vontade de festejar dos dois carnavais, deve lembrar-se que na Alemanha essa época do ano é o ápice do inverno, e que para festejar noite adentro, de balcão em balcão, ter que estar muito animado. Consta que muitos dos locais preparam duas fantasias, uma leve, para ser exibida dentro dos bares, e outra mais pesada, usada por cima da primeira, para encarar o frio.)
Os nativos de Colônia afirmam com orgulho de que o Carnaval começa tão cedo na cidade porque eles são tão festeiros que não aguentam esperar até o começo do ano. A farra conta com várias festas voltadas para o público LGBT, como a Schnittchensitzung, para lésbicas, e a Röschensittzung, para todos os homossexuais. As entradas acabam num piscar de olhos, então interessados devem correr atrás das suas logo. O Carnaval pra valer tem início na Weiberfastnacht (“Dia do Carnaval das Mulheres”), na quinta-feira. Na segunda-feira, conhecida na Alemanha como Rosenmontagszug (Segunda-feira Rosa), acontece o desfile de Carnaval oficial da cidade, em que todas as organizações desfilam com seus blocos pelas ruas de Colônia. Na noite de terça-feira o povo expia tudo que pecou nos dias anteriores queimando em praça pública bonecos de palha chamados Nubbel.
Algumas dicas básicas para quem não quer perder o fervo no alto do inverno alemão:
- Use fantasias. Seja uma roupa colorida, uma peruca absurda, um chapéu extravagante, seja o que for, não vá pra rua com roupas do dia-a-dia. Há bares que não deixam entrar quem estiver vestido de tédio. Além do mais, ninguém quer ser o único excluído com roupa normal entre tanta gente na maior exuberância.
- Cerveja cerveja cerveja, cerveja. Evite o desprezo dos locais, deixe os drinks para outro dia e peça uma (melhor, várias) Kölch, a cerveja local. A Alemanha não é o lugar para você beber outra coisa que não seja cerveja, de qualquer maneira, seja qual for a época do ano.
- Cante. Assim como acontece nos blocos de Carnaval brasileiros, os bares e bandas nos desfiles costumam tocar a mesma música repetidas vezes, sem parar, a noite inteira. Então mesmo que você não saiba o que está dizendo (provavelmente algo sobre como Colônia é linda), é fácil decorar os sons e cantar junto. Na dúvida, é só sair dizendo “Alaaf! Köle Alaaf!” (“viva Colônia”, em tradução bem livre), que os alemães vão te amar.
Tradicionalmente um milhão de pessoas espremem-se pelas ruas de Colônia na Segunda-Feira Rosa, entre toneladas de doces, centenas de milhares de chocolates e outros milhares de buquês. E rios de cerveja, claro. Depois do desfile, quem quiser continuar a folia pode rumar para os pubs – e em Colônia, encontrar um bar gay não é nada difícil (veja abaixo). Se você não curte aglomerações, fuja da cidade nessa data. É o que fazem os nativos mais sisudos. Quem fica, curte a folie e reserva a Quarta-Feira de Cinzas pra curar a ressaca.
E já que você está em Colônia…
- A maior parada LGBT da Alemanha acontece em Colônia. Conhecida como Christopher Street Day, ela sempre acontece no primeiro domingo de julho. Pautas políticas relevantes à cultura LGBT são discutidas em vários eventos entre uma festa e outra. Na hora da ir à rua, usam o termo “protesto”, não “parada”, para que não se perca o teor político do evento. Seria bom se o mesmo acontecesse no Brasil.
- A área com a maior concentração de estabelecimentos LGBT para um público mais jovem fica entre as estações de metrô Friesenplatz, Rudolfplatz e Neumarkt. A área é conhecida como o “Triângulo das Bermudas”, porque as pessoas vão lá para se perder. Ao longo da Schaafenstraße encontra-se vários bares interessantes, como o Ex-Corner, com 10 variedades de Kölch; Mumu, indicado para o after-hours; e o Iron, onde só toca música clássica.
- Logo atrás da Catedral de Colônia tem o calçadão da Hohestraße, onde encontra-se as maiores e mais populares lojas. Quem estiver a fim de coisas mais descoladas, no entanto, deve rumar à Breitestraße e sua continuação, a Ehrenstraße.
Viagem realizada a convite do Centro de Turmismo Alemão.
Sou suspeito pra falar de carnaval, nunca fui muito fã do brasileiro, mas quem sabe não curto o alemão? Me pergunto se essa Kölch é tão boa quanto os boatos dizem.
“Os nativos de Colônia afirmam com orgulho de que o Carnaval começa tão cedo na cidade porque eles são tão festeiros que não aguentam esperar até o começo do ano”. Mas que povo baderneiro -QQQ e ainda vejo pessoas dizendo que alemães são cultos e não suportam farra, pfff \z