Gwen Stefani acredita ser vítima de sexismo por parte de candidatas jovens do “The Voice”

A cantora Gwen Stefani (ex-vocalista da banda No Doubt) disse durante o lançamento da 9ª temporada do reality musical “The Voice” que as candidatas do programa são estúpidas por escolherem os técnicos homens (Pharrell Williams, Adam Levine e Blake Skelton) para orientá-las em vez dela.

O assunto surgiu durante uma entrevista coletiva da qual participei nos estúdios da NBC, aqui em Los Angeles, quando foi questionada como era ser a única mulher do grupo.

“Ah, é a história da minha vida, né? Tipo, por que isso acontece o tempo todo [fazendo referência a ser a única mulher do No Doubt e a ser mãe de três meninos]? É muito estranho, porque eu nunca fui a moleca. Sempre gostei de Barbies e sempre tive muitas amigas. Mas acontece e eu me sinto super confortável [com homens]. Na verdade eu nem percebo que sou a única menina do grupo. Eu me divirto e tal. Mas eu acho que sempre tenho que trabalhar o dobro que eles. Sou sempre quem chega primeiro ao set, em média duas horas antes, e faço tudo acontecer…”

Logo depois, no entanto, refletiu e disse que sim, há uma dinâmica do programa que a incomoda e que pode ser considerada um tipo de sexismo.

“Ok. Tem uma coisa sim que é diferente e que talvez seja paranoia minha. Mas nas audições às cegas há um monte de meninas novinhas. E a gente batalha pra ser escolhido. Só que eu não tenho sido escolhida muitas vezes porque eu sou a única garota. E tem uma coisa: meninas são tão tontas nesta idade! E eu sei disso porque já estive lá no lugar delas e eu entendo que elas pensem coisas como ‘ai, vou escolher o Pharrell e vamos nos pegar depois’ e tal… Mas, meninas, eu sei exatamente o que fazer [nesta carreira]! Eu sou vocês e já fiz exatamente como vocês. E é uma sensação que não tinha havia muito, de sentir que não tinha as mesmas oportunidades por causa do meu gênero. E o pior é que eu sinto que eu podia ajudá-las tanto!”

Nem todo mundo, no entanto, pensa que vai pegar o Pharrell. Acompanhei a exibição do primeiro episódio da edição americana (que já está no ar no Brasil pelo canal Sony) e, pelo menos uma candidata menina e outro candidato menino, ambos muito jovens, escolheram Gwen para ser sua técnica. Saiba um pouco mais do que rolou no primeiro episódio neste relato que fiz para o UOL.

No entanto, em reportagem publicada hoje no UOL, em parceria com a colega Giselle de Almeida, a questão do sexismo foi levada à única jurada mulher da edição brasileira, Claudia Leitte, que deu uma resposta pra lá de chapa branca.

“Aqui é tudo muito igual, não tem essa misoginia. Estou aqui como mulher brasileira, forte, trabalho para caramba pelo meu candidato, todo mundo sabe disso. Tenho dez anos de estrada para compartilhar e amo a música, em primeiro lugar e acima de tudo. Além do mais, mulher sempre tem mais sedução, mais poder, viu? Eles que não vacilem comigo não”, brinca.

A-hã… Senta lá, Claudia…

Mas, afinal, o que o público escolhe?

Uma das principais críticas que se fazem à edição brasileira do reality é se o público elege um vencedor mais baseado em sua aparência que em sua voz. Levei essa questão aos técnicos americanos. Adam Levine respondeu o seguinte:

“Definitivamente não. Quero dizer, você não pode fazer nada quanto a seus atributos físicos, é parte disso. Você não pode ignorar claro… Mas a melhor voz tende a prevalecer.”

Gwen Stefani durante as audições às cegas da nona edição do “The Voice” (Photo by: Trae Patton/NBC)

Mas aí, novamente, a linda da Gwen Stefani fez um contraponto preciso: “Acho que não se trata apenas da voz. Também tem a história, a personalidade, o que a pessoa tem dentro de si… Todas essas coisas são avaliadas pelo público e compõem o candidato. No fim, todos os artistas de que gostamos nem sempre são os têm as melhores vozes, mas o que têm algo a nos dizer.”

As outras duas estrelas do programa concordaram que, embora este não seja o único critério da audiência, o público de casa é influenciado pelo que vê. “O público não fecha os olhos para ouvir a voz de quem está na TV. E isso não tem como evitar”, disse a estrela country Blake Shelton, vencedor de quatro das nove edições do “The Voice”.

“De fato, o público nunca ouve às cegas. E não tem a experiência de ficar imaginando como é aquela pessoa. Nós [técnicos] só temos o som da voz e o que emana daquilo que a pessoa está cantando. E aí você pensa que é um homem feito e é um molecão, às vezes você pensa que é um cara e é uma mulher mais velha. Esta é a parte brilhante desse programa”, complementou Pharrell Williams.

Ele disse, inclusive que nunca a pessoa que está cantando é aquilo que ele imagina. “Às vezes penso: ‘Diana Ross, Shirley Temple, Branca de Neve’! E é o Chewbacca! (risos)”

E já que o Pharrell tava ali, resolvi perguntar pra ele se cantar “Happy”, uma das músicas mais tocadas dos últimos tempos, é uma boa tática de convencimento de um candidato do reality. Pharrell disse que pouca gente executa a canção na tentativa de impressioná-lo. E se cantassem? Funcionaria?

“Eu me impressiono muito mais por uma voz única e pela vibração que emana dela. Por exemplo, você pode ter uma voz incrível, mas o que faz alguém querer vê-lo de novo?”

Pharrell Williams, Adam Levine, Carson Daly, Gwen Stefani e Blake Shelton durante a entrevista coletiva de lançamento da nona temporada do “The Voice” (Photo by: Trae Patton/NBC)

Bromance

Na versão americana, também se tornou famoso o “bromance” entre Blake Shelton e Adam Levine, os dois técnicos que estão desde o início do reality.

Blake já elegeu um vencedor quatro vezes. Por isso a reportagem resolveu perguntar se Adam tinha algum plano para bater a marca do adversário. “Poser” como sempre, o vocalista do Marron 5 se fez de superior:

“Bater ele? Sim. Fisicamente bater nele? Definitivamente não. Ganhar o ‘The Voice’ para os treinadores é divertido. Eu adoraria que a Gwen ganhasse. Eu acho que seria incrível. Pharrell ganhou no ano passado. Isso foi incrível. Mas sendo super honestos, nós realmente não nos importamos com quem ganha. Embora seja incrível e divertido. E eu sou super competitivo e adoro ganhar. Mas prefiro apenas acreditar que a pessoa que venceu era a pessoa certa. Essa é a verdade. Mas ,dentro disso, é claro que eu preferiria que fosse alguém da minha equipe a pessoa certa para vencer. Além disso, eu me contento em vencer o Blake em outros assuntos que me dão mais satisfação.” (risos)

P.S.: Antes que alguém pergunte, já vou dizer: não, o Adam Levine não é tudo isso. Careca então, estava menos ainda. Achei ele muito poser e se acha pra caralho, embora se finja de humilde. Quem é humilde de verdade e, por isso, muito mais sedutor, é o Pharrell, que não se comporta feito uma diva, mesmo podendo, já que de todos ali é sem dúvida o mais famoso, popular e genial.