Traduzido do artigo de Michael Radkowsky
Quando as pessoas consideram abrir a relação, elas consideram mais os benefícios que os desafios. Elas pensam, “é claro que nós deveríamos ser capazes de fazer isso e manter nosso relacionamento são e salvo”.
Não é surpresa nenhuma que venham com essa esperança, dada a cultura em que vivemos hoje em dia – uma cultura na qual pensamos que podemos ter o que queremos, facilmente, sem problemas ou esforço.
É só tomar uma pílula ou colar um adesivo, e nós conseguimos recuperar o vigor e fortalecer a libido, não importa a idade ou condição física. Qualquer coisa que nosso coração desejar pode ser encomendada pela internet em poucos minutos. É só rolar o Grindr pode-se encontrar um parceiro sexual perfeitamente alinhado com nossas fantasias.
Por que então não seríamos capazes de fazer sexo com outros para evitar a monotonia, e ainda assim manter uma relação satisfatória e emocionalmente íntima com um parceiro?
Apesar de pessoas de todas as orientações sexuais ou gêneros considerarem abrir seus relacionamentos, vários fatores tornam essa uma escolha especialmente atraente e aceitável para os gays.
Como um psicólogo que trabalha com muitos indivíduos e casais gays, eu ouço a seguinte pergunta de vários clientes: “Quais são as regras que podemos seguir para abrir nosso relacionamento e mantê-lo saudável?”.
Num mundo ideal, isso seria fácil. Mas escutar as histórias dos meus clientes ao longo das últimas duas décadas me ensinou que tudo que fazemos na vida tem seu preço. Isso inclui como nós tratamos nossos relacionamentos e gerenciamos nossos limites sexuais.
Quando se escolhe ser monogâmico, renuncia-se a outros parceiros e a oportunidades sedutores, e faz-se o esforço de manter o sexo entre os dois interessante (o que não é necessariamente um desafio tão tenebroso assim).
Quando se abre o relacionamento sexualmente, abre-se o relacionamento também a alguns riscos. E infelizmente, as regras que muitos casais estabelecem para tentar evitar esses riscos muitas vezes levam a outros riscos.
Seguem aqui algumas das regras mais comuns – e aquelas que costumam ser as consequências negativas mais comuns:
O que os olhos não veem, o coração não sente
Cada um dos dois se compromete a fazer vista grossa para o que o outro está fazendo, para que os casos do parceiro sejam esfregados na cara do outro o mínimo possível.
É essencialmente uma farsa. Essa regra cria um relacionamento em que os dois mantêm uma aparência de não estarem fazendo algo que estão pondo em prática, e – a cereja desse bolo de falsidade – fingem que não sabem que o outro está pulando a cerca.
Não se obtém algo muito genuíno numa relação desse tipo. Nem consegue-se conhecer um ao outro profundamente, o que vai acabar por limitar o nível de intimidade entre os dois. Provavelmente o que se vai conseguir é um relacionamento frágil e raso, no qual o que importa são as aparências.
Acordos que limitam o que cada um faz sexualmente com outros
Aqui o objetivo é evitar a sensação de traição, e manter algumas coisas reservadas apenas para o casal. Por exemplo, o casal pode estabelecer que os dois podem sair e dar amassos com outros, desde que não role sexo anal. O anal estaria reservado para o casal.
Muitos de nós têm dificuldades de obedecer a esses tipos de limites quando as coisas ficam quentes. Quando se está pelado e de pau duro com um cara gostoso, será que alguém se lembra (ou quer se lembrar) do que acordou-se que não seria feito?
Acordos que limitam com quem se faz sexo
Um tema recorrente desse tipo de regra é restringir quantas vezes pode-se fazer sexo com a mesma pessoa fora do casal. O risco que se quer evitar, é claro, é que alguém vai se afeiçoar, ou até se apaixonar, por outra pessoa por causa de repetidos encontros. Amigos em comum e parceiros românticos anteriores também costumam estar entre as proibições mais recorrentes.
Quando se está fazendo sexo com outro cara por quem se sente forte atração, quais são as chances de se parar de encontrá-lo porque isso pode ser ruim para o relacionamento primário? Ou será que provavelmente os encontros vão continuar acontecendo por baixo do pano?
É muito fácil encontrar-se em terreno perigoso, tanto em termos de se mentir para o parceiro e acabar tendo um caso extraconjugal completo. Essa combinação muitas vezes é o golpe de misericórdia para um relacionamento sério.
Apenas fazer sexo com outras pessoas quando os dois estão juntos
Essa é uma escolha bastante popular para casais que desejam abrir seu relacionamento e também evitar os riscos de se manter segredos. A reclamação que eu mais ouço dos casais que fazem essa opção: um ou o outro se sente desprezado – pelo terceiro elemento, pelo parceiro, ou por ambos.
O cara que está recebendo menos atenção pode sentir-se mal por si mesmo e sentir ciúmes do parceiro, enquanto aquele que está recebendo mais atenção pode sentir-se mal porque o parceiro está sendo negligenciado e ficar chateado. Essa muitas vezes não é a receita para diversão sem comprometimento, e pode acabar em amargura.
Por mais que gostaríamos de acreditar no contrário, relacionamentos não são invulneráveis. Eles são frágeis, facilmente danificados por ciúmes, desonestidade e traição. Às vezes o dano pode ser reparado, mas uma série constante de comportamentos que erodem a conexão e o carinho entre duas pessoas vai acabar por cobrar seu preço.
É por isso que eu dou o seguinte conselho aos casais que estão considerando abrir sua relação: se vocês valorizam seu relacionamento, prossigam com cuidado.
E quanto às regras que costumam funcionar para que o relacionamento se mantenha saudável?
Minha resposta é simples.
Se vocês querem um relacionamento forte: respeite seu parceiro, e respeite seu relacionamento.
Há uma maneira de fazer isso e também ter um relacionamento aberto? Eis o desafio.
Michael Radkowsky trabalha com terapia individual e de casais desde 1995. Atualmente ele atua em Washington, D.C. e escreve uma coluna quinzenal para o jornal Washington Blade. Saiba mais a seu respeito em personalgrowthzone.com.
Até que enfim um texto que diz a realidade desse tipo de relacionamento falso… A pessoa que sugere relacionamento aberto é porque já não quer mais o parceiro, pois inevitavelmente um dos dois faz merda e a relação acaba. Conheço casais monogamicos que vivem muito bem e o fato de existir rotina não é uma coisa de outro mundo.
Discordo plenamente. O que as pessoas não conseguem entender hoje em dia é que relacionamento aberto não significa putaria grátis.
Embora não tenha sido uma relação homossexual, tive a experiência de um relacionamento aberto maravilhoso onde chegamos num nível de intimidade que nos ajudávamos a lidar com as pessoas que nos chamavam a atenção fora da relação. Tanto com conselhos amorosos quanto com questões mais práticas.
Eu acredito fielmente que relações abertas podem funcionar. Elas tem um custo, sim, como qualquer relação e não são todos que conseguem lidar com a situação, mas o que faz um casal dar certo é ambos estarem dispostos a vencer os desafios que estão por vir.
Eu e namorado, um belo dia conversando, concordamos que com a meia idade chegando era hora de aproveitar, tanto o fato de que ainda causamos interesse nos outros homens, como o próprio tesão (ainda que hj em dia temos os remedinhos pra ajudar).
Assim, passamos a fazer com outros, sempre juntos (ou assim parece, a não ser que alguém esteja fazendo escondido).
Nunca tivemos problemas nos encontros, não temos restrições sobre o que pode fazer e com quem.
As brigas que tivemos foram causadas pelo drive sexual diferente, um é mais putão e quer marcar com todos os caras gostosos dos apps, o outro prefere algo mais inesperado, não sente tesão nessa busca em apps.
No entanto, após alguns anos curtindo essas aventuras, resolvemos dar uma brecada devido ao surto de sífilis no meio gay (quase ninguém fala desse assunto, infelizmente).
Claro que de vez em quando rola algo, mas o ritmo caiu uns 90%.
Abraços!
Abraços, Tom!
…ah, sim!! “o surto de sífilis no meio gay” do qual quase ninguém fala / tem falado – nem mesmo as publicações, os blogs ou sites segmentados (como este)… infelizmente… e posso afirmar, o troço é “chato”, perigoso, tratamento / acompanhamento sofrido, de consequências nefastas (se não tratado a tempo e/ou a contento)… enfim, cuidemo-nos!