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Reese Whitherspoon: “atores precisam ser maleáveis quanto à sexualidade”

A protagonista de “Legalmente Loira” lamenta que atores preocupem-se com supostos danos a suas imagens se aceitarem papéis gays. “Tenho uma porção de amigas lésbicas”, comemora

por Marcio Caparica

Muitos atores vivem preocupados que sua imagem pode ser “danificada” se interpretarem algum papel homossexual. E quando aceitam algum, fazem questão de frisar o grande “esforço artístico” envolvido nessa escolha. A atriz Reese Witherspoon acha isso tudo uma grande bobagem. Famosa por protagonizar Legalmente Loira, entre outros filmes, ela declarou em entrevista ao site PrideSource: “acho que homossexuais são capazes de interpretar papéis de héteros; héteros são capazes de interpretar papéis de homossexuais. Ser ator é exatamente isso, é ser capaz de se transformar. Se as pessoas não entendem que nós precisamos ser maleáveis com relação a nossa sexualidade, daí eu acho que essas pessoas precisam aprender a relaxar um pouco.”

A atriz estrela o filme Hot Pursuit ao lado de Sofia Vergara (de Modern Family), que estreia nos EUA dia 8 de maio. Nele, a Witherspoon interpreta uma policial certinha que tem que proteger a viúva chique de um traficante de drogas (Vergara). A certa altura da comédia, as duas fingem que são lésbicas e se beijam para escapar de uma enrascada. O longa chegará ao Brasil em 2 de julho, com o título Belas e Perseguidas.

Ela ainda declarou na mesma entrevista: “Eu tenho uma porção de amigas lésbicas, e eu acho incrível quando mulheres se identificam e curtem nossos filmes, sejam quem for! O filme é exatamente sobre isso: não importa de onde você vem, qual é a sua orientação sexual, o que você faz da vida, qual é sua etnia – mulheres são mulheres, e todas nós temos muito em comum. É liberador porque o filme não trata o tempo todo da vida romântica das personagens, a gente não fica correndo atrás de homens o dia inteiro – a gente está correndo pra salvar nossas vidas, e temos que descobrir uma maneira de nos darmos bem para sobrevivermos.”

Recentemente o comediante Kevin Hart admitiu que recusaria papéis gays – inclusive, havia recusado um no filme Tropic Thunder. “Eu acho que não conseguiria interpretar um gay porque não mergulharia 100% nele. Vou ficar preocupado com o que as pessoas vão pensar sobre mim se eu pegar esse papel, e isso me impediria de interpretar o personagem como deveria.”

Confira a seguir a tradução da entrevista que as duas atrizes deram a Chris Azzopardi, do site PrideSource, na íntegra:

Lidar com a homossexualidade numa comédia pode ser algo delicado, e algumas pessoas ficam ofendidas com lesbianismo fake. Como atrizes, como é que vocês sabem como não ir “longe demais”? Esse “longe demais” existe?

Reese: Acho que homossexuais são capazes de interpretar papéis de héteros; héteros são capazes de interpretar papéis de homossexuais. Ser ator é exatamente isso, é ser capaz de se transformar. Se as pessoas não entendem que nós precisamos ser maleáveis com relação a nossa sexualidade, daí eu acho que essas pessoas precisam aprender a relaxar um pouco.

Ben and Snap - Legally BlondeSofia, você faz parte de um programa de TV amado pelos gays. Reese, você é famosa por ter nos ensinado o “bend-and-snap” . Em retrospecto, quando foi que vocês se deram conta pela primeira vez que vocês tinham uma legião de fãs gays e lésbicas?

Reese: No meu caso, provavelmente com Legalmente Loira ou Segundas Intenções.

Sofia: Eu nunca pensei muito sobre isso. Eu sempre tive muitos amigos muito próximos que são gays. Sei lá! Gloria, minha personagem [em Modern Family] – eles gostam dela!

Reese: Da atitude dela. E do jeito que ela se veste – isso aí!

Reese, como o “bend-and-snap” ajudou você a melhorar sua imagem entre os gays?

Reese: Hmmmm, bem, espero que tenha legitimado meus passos de dança! Eu tenho um jogo de dança forte.

Sofia: Ela tem, ela tem mesmo!

Reese: (Risos) A Sofia está me ensinando danças latinas.

Sofia: Você não precisava que eu te ensinasse nada – você já sabia tudo.

Reese: Eu tinha a batida no meu coração.

Sofia Vergara e Reese Witherspoon em Hot PursuitQuanto da cena em que Sofia esfrega o rosto de Reese em seu peito foi improvisada?

Sofia: Ah, uns 50%.

Reese: Sim, ela estava no roteiro, e daí Sofia resolveu que ia puxar meu rabo-de-cavalo.

Sofia: Isso mesmo, ela estava tão cheirosa!

Eu nem preciso dizer que a cena em que vocês se pegam em Hot Pursuit (Belas e Perseguidas) já está causando furor entre as lésbicas. Vocês já se acostumaram com a atenção das lésbicas a essa altura de suas carreiras?

Reese: Eu tenho uma porção de amigas lésbicas, e eu incrível quando mulheres se identificam e curtem nossos filmes, sejam quem for!

Sofia: Metade do tempo eu nem sei se elas são lésbicas. É simplesmente igual a todos. Elas não chegam numas de “Oi, eu sou lésbica e sou sua fã!”.

Reese: (Risos) O filme é exatamente sobre isso: não importa de onde você vem, qual é a sua orientação sexual, o que você faz da vida, qual é sua etnia – mulheres são mulheres, e todas nós temos muito em comum.

Eu adoro ver a evolução das atrizes no gênero de ação. Como é fazer parte da bandeira “as mulheres podem ser tão fodonas quanto os homens” em Hollywood?

Reese: Eu acho demais. É liberador porque o filme não trata o tempo todo da vida romântica das personagens, a gente não fica correndo atrás de homens o dia inteiro – a gente está correndo pra salvar nossas vidas, e temos que descobrir uma maneira de nos darmos bem para sobrevivermos.

O que você acha disso, Sofia?

Sofia: Das fãs lésbicas dela?

Isso! Vamos falar mais um pouco das fãs lésbicas da Reese.

Sofia: (Risos) Não, como eu eu disse, eu nem reparo. Acho que o negócio dos filmes é entreter a todos. Você não tem que ser nada em particular para curtir o entretenimento do que fizemos. A gente faz isso para todos.

Como é que filmes protagonizados por mulheres como Belas e Perseguidas – dirigido por uma mulher, Anne Fletcher, e contando com dois papéis femininos fortes – contribuem para o movimento feminista?

Reese: Qualquer coisa em que duas mulheres conseguem se relacionar – e nós somos as protagonistas, e é dirigido por uma mulher – é meio que novidade. Então ficamos bem empolgadas. Mas, na verdade, esse ano está sendo bem bacana quando o assunto é mulheres em filmes, com Pitch Perfect 2 (A Escolha Perfeita 2) sendo dirigido por uma mulher (Elizabeth Banks), Spy (A Espiã Que Sabia De Menos) com Melissa McCarthy, e Trainwreck com Amy Schumer. Ano passado não foi um bom ano para os filmes com mulheres. Assim, eu fiquei o tempo todo me perguntando “O que é que eu vou ver esse ano?”. Não tinha filme nenhum para uma mulher ver ano passado. Acho que esse ano é o ano das mulheres.

Hillary Clinton ficaria feliz de ouvir isso. Aposto que ela vai curtir todo esse girl power de Belas e Perseguidas.

Reese: Estou torcendo pra que todos gostem!

Então, Reese, você chega a se travestir. Você fica um menino lindo, aliás.

Reese: Obrigadaaaaaaaa!

Como é que vocês resolveram como seria o garoto em que você se transformaria na sua estreia se vestindo de homem?

Reese: Foi tão interessante! Assim, claro que nesse filme eu era Jose Bieber, o Bieber latino. Assim que eu vesti as roupas, toda minha personalidade mudou. Sabe, eu não tinha mais que ser fofa!

Sofia: Na verdade, devo dizer, essa foi uma das minhas cenas favoritas, porque vê-la daquele jeito foi tão esquisito. Eu não estava preparada. De repente ela apareceu daquele jeito no cenário e era tão engraçado. Tipo assim, quando você assistir o filme, no fim colocaram vários erros porque eu não conseguia me controlar.

Reese: É que ela me achou gostosão.

Sofia: Não. Eu achei que você ficou ridícula!

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