Igreja presbiteriana dos EUA aprova casamento homoafetivo

Casamento homoafetivo é aprovado pela principal igreja presbiteriana dos EUA

Religiões começam a se adaptar às mudanças culturais: rabina lésbica é escolhida para presidir principal organização judaica dos EUA

por Marcio Caparica

O maior grupo presbiteriano dos Estados Unidos aprovou na última terça-feira uma mudança em sua constituição para que fosse permitido o casamento homoafetivo. A iniciativa teve início no meio do ano passado, quando o conselho da Igreja Presbiteriana dos EUA votou para que a definição de casamento passasse a ser “o compromisso entre duas pessoas, tradicionalmente entre um homem e uma mulher”. Mas para que a medida entrasse em vigor, era necessário que a maioria das 171 divisões regionais da igreja presbiteriana do país ratificassem essa mudança. O 86º voto a favor, que alcançou a maioria, foi dado na terça-feira, 17 de março, pelos membros do Presbitério Palisades, em Nova Jersey.

“A partir de hoje, nós podemos entrar por inteiro na igreja”, declarou Alex McNeill, diretor executivo da More Light Presbyterians, organização de presbiterianos LGBT. “A ratificação não é o fim; é a continuação das conversas sagradas contínuas. É o passo seguinte em nossa longa jornada para ministrarmos para todo o nosso povo.”

A Igreja Presbiteriana dos EUA tornou-se a maior organização protestante a reconhecer o casamento homoafetivo, com 1,8 milhões de membros e por volta de 10 mil congregações. O processo de retificação segue até dia 21 de junho, quando os líderes da igreja aceitarão oficialmente os resultados. Os presbitérios que não concordarem com o casamento homoafetivo não serão obrigados a realizá-los.

Os judeus também estão colocando LGBTs em suas lideranças. Semana passada a rabina Denise L. Eger foi eleita para liderar a Conferência Central de Rabinos Norte-Americanos, a maior organização de rabinos do mundo, parte do movimento reformista judaico. Eger é declaradamente lésbica, e entre suas principais causas está o combate ao HIV e Aids. “Isso demonstra o arco por que passaram os direitos civis LGBT”, ela declarou em entrevista. “Isso me faz sorrir muito – um sorriso de incredulidade. Isso é uma questão de direitos humanos e dignidade humana. Se é possível [para um LGBT] ser um rabino, se é possível ser uma pessoa de fé, se é possível servir uma comunidade como seu pastor, e é possível ter a oportunidade de começar a reconciliação sobre todas essas questões, isso demonstra um grande avanço.”

A rabina Hara E. Person declarou ao site Philly.com: “essencialmente, é como se ela fosse a primeira presidente homossexual, é um fato histórico. Mas Denise traz muito mais, como sua dedicação ao judaísmo reformista e a nossos valores, aos direitos humanos, à dignidade humana essencial e seu ativismo social.”

Person continua: “Isso é um testemunho da maneira como o judaísmo reformista incentiva o discernimento e a educação, o que tornou possível que o movimento se tornasse mais inclusivo. Amar o próximo como a si mesmo permanece sendo o valor moral primordial, e nos lembra que lidamos com os outros a partir de uma posição de amor e afeto, o que é o antídoto para o ódio e a exclusão deste mundo.”

Mais rápido do que se pensava, as igrejas estão começando a se ajustar à nova realidade de seus seguidores e passam a reconhecer que todas as variantes do amor merecem ser abraçadas por sua fé. Esperamos que os líderes religiosos brasileiros sigam esses exemplos.

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3 comentários

tom

Agradeço “a deus” poder ver essas mudanças no mundo. E nunca vou esquecer que os maiores responsáveis são os LGBTs que sempre deram a cara e pagaram mais alto ainda o preço de ser quem somos.

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