“Se Deus quisesse que eu aceitasse gays, me daria a compaixão para fazê-lo”

Em peça de humor, escritora imagina os argumentos que fundamentalistas religiosos usam para justificar seus preconceitos

por Marcio Caparica

Traduzido do artigo de Jane Kendricks para o site The Onion

Eu não questiono Deus. O Senhor é meu Pastor e eu deverei colocá-Lo acima de todas as coisas. Razão por que eu sei que se fosse parte do Plano Divino para mim deixar de condenar outros venenosamente tão somente por causa de suas preferências sexuais, Ele haveria considerado por bem – em toda Sua infinita sabedoria e tudo mais – dar-me um pedacinho que fosse de empatia humana para fazê-lo.

Realmente, é uma questão simples de lógica. Deus me fez quem eu sou, e quem eu sou é uma zelota fria e antigay. Desta forma, eu abomino homossexuais porque Deus me fez assim. Por que isso é tão difícil de entender?

Aqui, vamos começar com os fatos mais básicos: eu odeio e tenho medo de homossexuais. Os sentimentos deles são diferentes dos meus, e isso me causa muita confusão e raiva. Todos sabem que Deus é todo-poderoso. Ele facilmente poderia ter me dado a capacidade de investigar o que está por trás destes meus sentimentos ao invés de sair dizendo para estranhos que estão andando de mãos dadas num parque que eles vão queimar no inferno. Mas Deus claramente traçou outro caminho para mim. E quem sou eu para questionar Sua vontade divina?

Compaixão, tolerância, compreensão, decência mínima, habilidade de me colocar no lugar de outrem: Deus poderia me dotar com quaisquer dessas características mas ainda assim – aqui está o ponto crucial – Ele não o fez. Por quê? Porque o Criador do Universo quer que eu demonize homossexuais num esforço de arrancar-lhes seus direitos humanos mais fundamentais.

Desculpe, mas você não é possível que você espere que eu explique tudo que Deus faz. Deus age por caminhos misteriosos, lembra?

Tente compreender. Se eu fosse capaz de pensar e agir de qualquer outra maneira, eu tenho certeza que então eu faria isso, mas Deus parece estar bem determinado a esse respeito. Ele não está movendo uma palha. Então a não ser que nosso todo-poderoso Senhor e Salvador decida mudar Sua vontade quanto a minha habilidade de ter o nível mais mínimo de empatia – o que eu acho muito improvável – todos terão que aceitar o fato que eu vou continuar a odiar homossexuais. E eu sei que Ele vai me preencher com a força para permanecer estúpida e agressiva perante as adversidades.

Isso não quer dizer que minha fé não foi testada. Acredite, houve vezes em que eu me desviei da vida amarga e amedrontada que Deus escolheu para mim. Quando meu irmão mais novo me contou que era gay, isso abalou as mais profundas raízes da minha fé. Mas aqui estou eu, 27 anos depois, ainda me recusando a falar com ele pelo telefone. Bem do jeito que Deus planejou.

Chega a ser impressionante a quantidade de reclamações que você pode fazer à diretoria da escola a respeito do novo professor de música que você jamais sequer encontrou pessoalmente quando você está repleta da Luz de Cristo e é desprovida de toda bondade ou misericórdia para com Seus outros filhos.

No fim das contas, eu só estou tentando levar uma boa vida cristã. Isso significa ir à igreja todo domingo, seguir os Dez Mandamentos, e lutar contra o que eu acredito ser uma abominação sexual por meio de inúmeros atos mesquinhos e comentários amargurados disparados à meia-voz. É claro que há vezes que eu desejo que Deus simplesmente tocasse meu coração e lhe desse a capacidade de tratar todas as pessoas com, no mínimo, a decência e o respeito que eles merecem como seres humanos. Mas, para a infelicidade do novo casal que se mudou para a minha rua, Ele não tomou essa atitude.

Agora, se você me dá licença, eu tenho que ir cumprir o trabalho do Senhor.

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3 comentários

Lucas

Sim hahahahahha a pessoa é uma idiota por que Deus a fez assim. Fazer o que???

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