Embora os meninos e as meninas sejam diferentes, nada impede que um menino brinque de boneca ou que uma menina brinque de carrinho. Infelizmente não são todos os pais que acham isso, o que é uma tremenda bobagem, já que eu sempre brinquei com brinquedos “de menino”, sempre achei boneca o brinquedo mais chato do mundo e mesmo assim sou gay.
No último fim de semana, Daniel Fry postou uma carta que a Lego incluía em caixas de seus tijolinhos em 1970 na fórum social Reddit. Dirigida aos pais, a nota tem uma mensagem sobre a igualdade de gênero em produtos infantis que muitas empresas de brinquedos hoje ainda não parecem compreender.
A carta, reproduzida pelo Huffington Post, diz o seguinte:
Aos pais,
O desejo de criar é igualmente forte em todas as crianças. Meninos e meninas. É a imaginação que conta, não a habilidade. Você constrói o que vem à sua cabeça, do jeito que você quiser, a cama ou um caminhão. Uma casa de bonecas ou uma nave espacial.
Um monte de garotos gostam de casas de bonecas, porque as consideram mais humanas do que naves espaciais. Um monte de meninas preferem naves espaciais, pois as consideram mais emocionantes que casas de bonecas.
A coisa mais importante é colocar o material certo em suas mãos e deixá-los criar o que os agrada.
Fry disse ao The Huffington Post que ele encontrou a nota enquanto brincava com Legos com sua sobrinha e seu sobrinho na casa de sua bisavó. “Fiquei surpreso com a modernidade e a simplicidade daquela mensagem, que de forma eloquente comunicou uma idéia muito poderosa”, disse ele.
“Eu pensei que as pessoas estariam interessadas em ver que uma marca tão conhecida como a Lego já era tão progressiva há 40 anos.”
Fry acha que a carta é uma boa lição para os pais de crianças pequenas. “Eu espero que as pessoas se lembrem de como é importante não impedir seus filhos para brincar com um tipo de brinquedo e estimular sua criatividade individualidade.”
A empresa fez um anúncio em 1981 que tinha praticamente o mesmo teor. Na imagem, uma menina ruiva, de calças jeans e sapato segura um brinquedo feito com tijolinho da Lego. A mensagem mais forte era: “As caixa universais farão seus filhos descobrirem algo muito importante: eles mesmos.”
O criador do anúncio, Judy Lotas, disse ao HuffingtonPost que “meninos e meninas são diferentes, mas não de forma excludente em termos de criar e construir. Isso não é uma questão de gênero”.
Cor “neutra”
Uma questão, no entanto, que ainda não foi debatida de forma satisfatória pela Lego é relativa à cor de seus bonecos.
A polêmica sobre a falta de bonecos afrodescendentes na linha de brinquedos da Lego foi levantada em 2011 por uma criança de dez anos.
O menino irlandês Calbhach Harte O ‘Reilly disse na época ter percebido pela primeira vez que os poucos bonecos negros em sua coleção Lego pareciam ser personagens como zumbis ou “estereótipos” depois de conhecer seu irmão adotivo, Timaru, vindo da Etiópia.
“Acho cruel que só haja personagens como canibais, zumbis e torturadores como negros”, disse o menino ao jornal “The Voice”.
Em resposta ao garoto, a Lego disse que a maioria de seus personagens tem a cor amarela porque ela é uma cor neutra.
“Acreditamos que a cor da pele não é importante, então fazemos os nossos personagens sempre em uma cor neutra (o amarelo). Quando mudamos é para fazer o boneco se parecer com a pessoa real que o inspirou”, disse uma porta-voz da empresa em carta resposta ao menino.
Calbach, no entanto, não ficou convencido. “Se a cor não é importante para eles, por que todas as figuras negras são zumbis ou jogadores de basquete? Não importa se eles estão copiando um filme. Eles devem evoluir com os tempos”, disse ele.
O ator, que não gosta de reforçar estigmas, ficou irritado e tentou minimizar a questão dizendo que “há Legos verdes, vermelhos, azuis, amarelos. E daí?”. Mas, por fim, respondeu que sim, tinha notado isso, e que já estava acostumado. “É assim em todos os meus filmes. É só olhar em volta.”
[…] A Lego, por exemplo, não acredita nisso desde os anos 1970, como você pode ver neste post que fize… E o choro continua livre para todos o públicos e idades. […]