Ator pornô questiona ódio infundado aos membros de sua profissão

O astro pornô Conner Habib pondera por que uma sociedade que usa tanto a pornografia despreza tanto quem se propõe a produzi-la

por Marcio Caparica

Traduzido do ensaio escrito por Conner Habib para o jornal The Stranger.

Escute, eu quero te contar uma história, e é sobre pornografia.

Eu estava namorando um cara bonito, que me fazia rir, e tinha cabelos louros escuros. Ele morava em San Francisco e em Nova York. Nós conversamos pela primeira vez na academia – ele estava me secando (secando minhas panturrilhas, depois ele me contou) e eu percebi. Então ele chegou junto e me convidou para um encontro. Eu recusei, mas daí o que aconteceu foi que eu continuei pensando nele. Em seu rosto e em sua voz. Então, algumas semanas depois, eu o encontrei e disse que sim.

Sim o quê?, ele disse.

Sim, um encontro, vamos lá.

Como eu não quero ficar me referindo a ele como “um cara”, vamos chamá-lo de Alex. Ele é uma pessoa reservada. Não é o tipo de cara que gostaria de ver seu nome espalhado pela internet. Eu espero que você goste desse nome que eu te dei, Alex.

Enfim, nós fomos para uma casa de chá chique que servia comida. Havia nela uma estátua do Buda, e o menu era cheio de lugares-comuns. Os chás tinham nomes como “Deusa da Sabedoria”. Eu pedi só uma água. O Alex pediu um “Oceano de Misericórdia”. Era pra ser tudo muito pacífico.

Nesse lugar de calma pré-fabricada, no nosso primeiro encontro, Alex fez minha pergunta favorita: o que você faz da vida?

   

Aqui vai o que eu quero que vocês saibam:

É uma pergunta aberta dirigida a todos, aos meus ex-namorados, aos neurocientistas, às feministas radicais, aos políticos, ao povo do Twitter, aos meus amigos, a mim mesmo.

O que é que os atores pornôs têm que incomoda tanto vocês?

Por que vocês nos odeiam?

O que é que a gente tem que vocês não gostam?

   

Bem, eu disse ao Alex, eu sou um ator pornô.

É o tipo de coisa que quando você diz, você até já recua um pouco, já que você espera que o outro vai recuar também.

Na época, a pornografia era meu emprego principal. Um a cinco filmes por mês. Eu ainda estava me acostumando a contar isso para as pessoas. Fazer filmes pornôs era o que eu mais gostava de fazer no mundo, mas às vezes cansava. E a pornografia me perseguia. Toda refeição estava associada a minha forma física e ao meu sustento. Eu tinha que ir para a academia o tempo todo, o que eu nunca tinha feito antes. Mas por causa disso, porque eu estava indo tanto para a academia, porque eu estava fazendo filmes pornôs, coisas assim aconteciam – eu tinha a oportunidade de conhecer gente como o Alex.

Uia, ele disse, e daí ele fixou os olhos no seu Oceano de Misericórdia.

   

Por que vocês nos odeiam? O que é que a gente tem que vocês não gostam? Eu nunca consegui uma resposta, apenas os sintomas da resposta.

Há pouco tempo eu dei uma palestra numa universidade. A cidade era como muitas outras cidades universitárias: um lugar no meio do nada com bons restaurantes. Os estudantes eram cheios de consideração e educados, e entravam em conflitos de poder entre si e com a administração. Durante a sessão de perguntas após a palestra, eles compartilhavam suas experiências e curiosidades sobre a pornografia comigo.

Quando o evento chegou ao fim, um estudante se aproximou e disse com pressa:

Sabe, você ficou falando sobre as coisas boas da pornografia, mas você nunca mencionou nada ruim. Cadê as coisas ruins?

Aqui vai outra versão dessa mesma coisa.

Eu palestrei numa faculdade no Maine sobre pornografia e cultura. A conversa tratou em grande parte das linhas difusas que separam a “pornografia” e as outras formas de arte. Assim que as perguntas tiveram início, um aluno perguntou: o que você acha do tráfico sexual?

O que é que tem?, eu perguntei.

Bem, ele insistiu, eu sei que isso acontece.

Mas isso não tem nada a ver com a minha palestra. As duas coisas não são relacionadas.

Mulheres estão sendo escravizadas, ele continuou.

Por que você está se concentrando nisso depois de ter ouvido minha palestra?, eu repliquei.

Eu disse a mesma coisa para o outro aluno da outra palestra.

De tudo que eu falei, por que é que você vem fazer essa pergunta? Eu não falo tanto sobre as coisas ruins porque todas as outras discussões públicas se concentram tanto nisso.

Bem, ele disse. Talvez no mundo acadêmico, mas não no resto do mundo. Você tem essa impressão porque você está no mundo acadêmico.

Eu não faço ideia do que ele estava falando. Você é quem está no mundo acadêmico, eu retruquei. Eu estou falando do ponto de vista de alguém que faz parte da indústria da pornografia há seis anos.

Ele continou a falar.

   

Só por diversão, aqui vão as manchetes relacionadas a pornografia numa busca feita hoje no Google News:

  • Ex-professor da Faculdade Wheaton pega 3,5 anos de prisão por pornografia infantil.
  • Oscar Pistorius estava visitando sites pornôs antes de dar tiro fatal na namorada modelo: reportagem.
  • Uma lista incrível e nojenta de buscas pornográficas em tempo real (NSFW)
  • Professora do Ensino Básico de East Pennsboro acusada em investigação por pornografia infantil está de licença não-remunerada, diz administrador de escola
  • Intruso pego assistindo pornô
  • Os Cardinals estão muito constrangidos pelo mural de pornografia de Carlos Martinez
  • Executivos que ganharam 130 mil libras alugando estrelas pornôs para festas de sexo encaram nove meses de prisão
  • Uma lei contra o pornô de vingança pode vir a passar no estado de Nova York
  • Pianista: eu não molestei alunos, apenas assisti pornôs gays
  • Charlie Sheen: não chame minha noiva de atriz pornô

Há muitas outras, e todas são negativas (com exceção de uma: “Vá assistir um pouco de pornografia essa semana!”) ou têm um contexto negativo quando você clica para ler.

Todas são apenas de hoje, e são apenas duas da tarde.

   

Quando eu comecei a fazer filmes pornôs, eu tinha consciência de que poderia vir a conhecer caras que não levariam isso numa boa. Sem problema, eu pensei comigo mesmo. A pornografia serviria de filtro. Se um cara não é capaz de lidar com a pornografia, ele não seria capaz de lidar comigo, estivesse eu a fim dele ou não.

Depois de um minuto, Alex soltou algo tipo “Que legal”. Ou talvez ele tenha me perguntado alguma coisa. Sinceramente, eu não me lembro. O que eu me lembro é que não demorou muito e nós estávamos na casa dele, dando uns amassos na cama. Ele beijava muito bem, e nossos corpos se encaixaram perfeitamente. E assim começou nosso relacionamento.

   

Talvez o motivo seja as crianças?

Vocês nos odeiam porque acham que nós estamos violando suas crianças?

Porque eu ouço isso muito. As crianças têm que ser protegidas. É um grito de guerra que existe há muito tempo. Protejam as crianças dos homossexuais, das minorias raciais, dos muçulmanos, dos comunistas, dos pedófilos, dos satanistas, das forças do mal.

Quem são essas crianças que trombam com pornografia por acidente? Isso deve acontecer muito para que se necessite tanta proteção. E qual é o temor, exatamente? As crianças vão encontrar o sexo mais cedo ou mais tarde (e eu não preciso lembrar vocês que essas crianças foram feitas com sexo). Talvez vocês sintam que não têm as ferramentas para conversar com seus filhos sobre sexo. Talvez ninguém nunca tenha conversado com você sobre sexo, ou você tem dificuldade de falar com seu parceiro sobre isso. Talvez todo esse lance de falar sobre sexo em geral seja um problema. Isso explicaria por que vocês odeiam atores pornôs: nossas vidas inteiras são uma discussão sobre sexo.

Mas vamos, então, ir direto ao ponto, porque eu tenho outra pergunta.

E talvez vocês não gostem dela.

Veja bem, eu não consigo deixar de pensar no que vocês estão imaginando:

Uma criança novinha, uma garotinha ou um garotinho, sentada sozinha num quarto escuro iluminado apenas por uma tela de computador. A criança é completamente inocente (apesar de, claro, saber usar a internet) e, de repente, sem aviso nenhum, surge uma imagem tão intensa que penetra seu ser e arruína sua infância. Ela destroi sua inocência de forma traumática e nunca mais nada será igual. Essa é a fundação do seu ódio por nós. Permita-me essa pergunta:

Por que é que vocês fantasiam o tempo todo sobre crianças sendo estupradas?

   

Durante o colegial, quando eu era novo, um amigo me perguntou o que eu queria ser quando crescesse.

Um ator pornô, eu respondi.

Era um sonho juvenil, meio piada, meio incompleto, mas era sincero.

Eu já tinha visto filmes pornôs, como a maioria das crianças da minha escola naquele estágio, isso antes mesmo da internet. Além do fato de que quem era mais legal já falava sobre pornografia, eu queria fazer filmes pornös porque me parecia algo evidente. Gente cujo emprego era dar prazer para si mesmos, para os outros e para seus espectadores? Que possibilidade incrível. Eu não teria que ser banqueiro ou corretor de ações ou sei lá o que. Eu poderia ser um ator pornô.

Bem, divirta-se pegando AIDS, respondeu o amigo. E ele também estava sendo sincero.

   

Conner Habib

Conner Habib

Alex e eu nos tornamos cada vez mais próximos. Ele era ainda mais engraçado do que eu pensava. Ele tinha o hábito de dizer coisas inusitadas nos momentos mais inoportunos. Tipo, se a gente estivesse num elevador com pessoas que a gente não conhecia, ele falava coisas totalmente bizarras. O que eu quero que você entenda, ele dizia na frente dos estranhos que estavam lá presos com a gente, é que eu estava completamente coberto de cobras, e a minha avó ficou só olhando.

Eu sempre acabava saindo do sério e começava a rir, mas ele continuava sem dar uma risada que fosse.

Ele também era muito gentil. E eu já falei que ele era bonito? Ah, verdade, já falei sim. Ele ficou cada vez mais bonito para mim quanto mais o tempo passava.

Havia no entanto um problema. Ele nunca quis assistir algum dos meus filmes. Ele não me deixava sequer falar sobre eles.

Pode ser que você ache que isso é normal. Talvez você esteja pensando “Ei, ele não quer ver o namorado transando com outra pessoa, isso é uma concessão totalmente aceitável”.

Digam que eu estou maluco, mas eu não acho que ser incapaz de jamais falar sobre meu trabalho com ele estava certo. Eu tinha, e ainda tenho, orgulho do trabalho que eu fazia e ainda faço. O esforço para me manter em forma, para não ficar com a cabeça nas nuvens, para criar cenas que outras pessoas apreciariam – a sensação de horas de trabalho físico, de exibir sexo para os outros sem pudor. Por causa do silêncio entre mim e Alex, havia sempre uma lacuna gigantesca nas nossas conversas. Ainda mais importante, eu sentia que ele não estaria realmente assumindo um compromisso comigo se ele não incorporasse as partes pornográficas da minha vida.

Dá pra gente assistir uma das minhas cenas juntos? eu perguntei.

Eu não tenho interesse nisso, ele respondeu.

Mas você me disse antes que isso não lhe incomodava, eu lembrei.

Não me incomodava no começo, ele admitiu. Mas agora a gente está ficando mais íntimo, e agora incomoda. Vamos mudar de assunto.

Eu iria então para o trabalho e no dia seguinte não comentaria nada a respeito. Às vezes, quando eu estava em Nova York, eu pegaria um avião para encontrá-lo e chegaria alguns dias mais cedo porque eu tinha uma filmagem. De certa maneira isso tudo parecia normal.

A essa altura, deixa eu parar um pouco e pedir perdão. Talvez eu devesse ter acabado com a coisa toda na primeira vez que ele disse que não queria assistir uma cena minha. Mas como é que eu ia saber que a pornografia passaria a incomodá-lo cada vez mais? Nós nos apaixonamos antes que eu soubesse que ele se importava tanto.

   

“Pornô de comida” são fotos de comida que você adora comer.

“Pornô de casamento” são fotos de vestidos caríssimos, mesas ornamentadas, bolos.

“Pornô científico” são fotos do mundo selvagem ou esquemas de como as coisas funcionam.

Existe pornô de skate (vídeos de skatistas realizando manobras ousadas em escadarias e estacionamentos), pornô de livros (imagens de bibliotecas imensas e livrarias), pornô fashion (fotos de vestidos absurdamente ornados).

As pessoas adoram usar a palavra “pornô” se houver outra palavra que a acompanhe. Coloque-a em dupla com qualquer outra coisa e em geral isso vai ser algo positivo. Uma celebração de estilo e cultura. Mas essa palavra por si só? Então.

   

Não pode ser baseado em fatos. O motivo de vocês nos odiarem, eu digo. Tudo bem, nem todas as emoções precisam se basear em fatos. Nós somos seres humanos, afinal de contas. Eu só queria ter certeza de que vocês sabem que isso não tem base nos fatos.

Vocês podem pensar que a coisa que os incomoda a nosso respeito é que que nós estamos arruinando a sociedade. E há estudos. Vocês adoram começar frases assim, Há estudos que demonstram que…

Mas ouça. Os fatos? Vocês vão ter muita dificuldade para encontrá-los.

Todos os estudos aprofundados que analisam como a pornografia afeta as pessoas acabam ou por apoiá-lo ou por considerá-lo neutro. Agora, eu sei, eu sei, vocês vão dizer, “Mas e quanto a ESSE aqui?” e mostrar um estudo que eu nunca ouvi antes. Esse estudo vai dizer que a pornografia está, de alguma maneira, reestruturando seus neurônios ou que tal-e-tal partes do cérebro são disparadas quando as pessoas assistem filmes pornôs. Mas esses estudos são rotineiramente desmentidos. Vocês sabiam que a maior parte dessa neurociência antipornô não tem muitos fatos que os sustentem? Ou que esses estudos chegam a conclusões baseadas em achismos? Não precisa acreditar em mim. Vá conferir. Agora não? Vocês querem continuar sua leitura? Tudo bem.

Daí então vocês mostram estudos que afirmam que a pornografia induz ao abuso sexual. Na verdade não existem muitos desses, e aqueles que existem também já foram desmentidos. Vocês sabiam que a violência sexual tem mais chance de acontecer em lugares que têm atmosferas sexualmente repressoras – o que inclui a proibição da pornografia? E vocês sabiam que não há informação sociológica nenhuma que ligue sem sombra de dúvida a pornografia à violência sexual? Não acredite em mim. Vá pesquisar.

Agora não? OK, OK.

Mas quando tiver tempo, separe uma horinha – ou meia hora que seja – e investigue isso.

Sabe o que mais? Foda-se. Dez minutos.  Só 10 minutos.

   

Quando estávamos num restaurante em Nova York, aconteceu uma pequena brecha para discussão, e o Alex e eu conversamos, um pouquinho só, sobre pornografia.

É que parece tudo muito contraditório, ele disse.

Para ele, eu estar fazendo pornôs parecia não condizer com o resto da minha vida. Eu sou uma pessoa espiritual com pós-graduação. Eu dei aulas de Literatura e estudei ciência. A pornografia, para ele, não se encaixava com tudo isso. Eu comecei a ficar quieto. Eu não gostei de cair no silêncio. Afinal, essa era a minha grande oportunidade de falar sobre meu trabalho e minhas escolhas. Mas quando enquadrado assim, como contradições, a conversa não parecia correta. “Contradições” é uma palavra que significava que eu já tinha perdido a batalha.

É que é tão do mal, ele disse. Como é que você sabe que isso tudo não vem de um lado ruim seu?

Eu não queria bloquear a conversa, então eu tentei responder de forma oblíqua.

Numa entrevista, o estudioso de religiões Huston Smith comentava sobre seu trabalho dando aula. O entrevistador perguntou a ele como é que ele sabia, quando ensinava seus alunos sobre todas as diferentes religiões, que ele não estava enfatizando as virtudes de uma religião um pouquinho mais que as das outras, tentando doutriná-los.

“Isso não acontece porque meu coração é puro!”, respondeu Smith.

Porque meu coração é puro, eu respondi para o Alex. Eu gostaria que você fosse capaz de enxergar dentro dele e ver que eu faço isso porque eu quero, e isso não me faz amar você menos.

Mas eu não consigo, foi sua resposta. Eu não consigo ver isso assim.

Ele estendeu o braço e passou a mão no meu ombro. Deve ser difícil para você conseguir namorar alguém, ele lamentou.

Poucas vezes eu me senti tão sozinho quanto naquele momento, sentado aqui em Nova York, enquanto meu namorado passava a mão sobre meu ombro.

   

Você foi abusado sexualmente!

Vocês exclamam isso como se fosse uma revelação.

Atores pornôs foram abusados sexualmente quando eram crianças, vocês dizem.

Eu não sei bem porque isso é tão importante para vocês, ou por que isso vem num tom de “eu te disse” quando sai de suas bocas.

Se alguém foi abusado sexualmente e o ciclo de abuso se encerra na pornografia ao invés de em mais abuso, qual é o problema? Não seria esse um caminho saudável ao invés de um caminho destrutivo? Transmutação. Além do mais, não seria de se esperar que qualquer um que foi abusado sexualmente tenha grande parte de sua psique ligada ao fato de ser um sobrevivente de abuso sexual? Eu não consigo entender qual é o problema disso, ou por que isso seria importante. A não ser que vocês estejam afirmando que alguém que foi abusado sexualmente tem uma nódoa negra indelével sobre seu ser. Uma letra escarlate. Totalmente intransponível.

Vocês talvez estejam realmente dizendo isso, imagino. Afinal, há algo sobre nós que os incomoda. Talvez vocês nos odeiem porque nós fomos molestados.

Mas antes de considerarem isso, aqui vai um probleminha: nós não fomos molestados.

Quer dizer, não mais que vocês. Estatisticamente, quando se trata de abuso sexual na infância, os atores pornôs não são mais propensos a terem sido vítimas de abuso sexual que qualquer outro grupo de pessoas.

Mas não acreditem em mim. Pesquisem.

Não?

   

Depois de outra palestra em outra escola, outro aluno tinha algo a dizer. Era importante.

Noventa por cento das mulheres que fazem filmes pornôs se arrependem dessa decisão, ele me disse com absoluta certeza.

Bem, disse eu, tentando sorrir e ser educado porque, veja bem, esse garoto veio assistir minha palestra. Bem, isso simplesmente não é verdade. Eu não vejo nem como é que alguém seria capaz de chegar a essa estatística.

Eu já tinha ouvido isso antes também.

Quando eu escrevi um artigo explicando que a maior parte das pessoas que fazem filmes pornôs querem fazer filmes pornôs – hoje em dia, afinal, você tem que se candidatar a esse trabalho – muitas pessoas deixaram comentários furiosos: “Um homem escreveu esse artigo! Como é que ele pode entender o que acontece com as mulheres?” Eu já esperava esse tipo de resposta. Apesar de ter ouvido de inúmeras mulheres na indústria pornográfica que elas optaram por fazer filmes pornôs e que muitas delas gostavam da experiência, eu sabia que teria que comprovar essa afirmação. Então, no artigo, eu incluí as aspas de uma amiga – uma mulher que faz filmes pornôs – que dizia exatamente isso sobre sua experiência pessoal e as experiências das mulheres que ela conhece. Quem deixou os comentários provavelmente não chegou a esse ponto do artigo. Ou, se chegou, a afirmação dessa mulher lhe era irrelevante.

   

Talvez a razão do seu ódio não seja por razões práticas ou por causa dos fatos, mas de cunho “filosófico”.

É o conceito da pornografia, dirão vocês. O que os atores pornôs e as pessoas dos estúdios estão fazendo a nós e a eles mesmos e à psique cultural como um todo, esse é o problema.

Patriarcado, dirão de início. (Não se preocupem, eu não vou apresentar as informações de como a indústria pornográfica é o único lugar em que as mulheres regularmente ganham mais que os homens.)

Uma vez, uma mulher na internet, uma “feminista” “radical”, veio me dizer que eu não passava de um estuprador porque eu subjugava as mulheres. Mas eu faço filmes pornôs gays, eu respondi. Não, não, você é um estuprador, insistiu ela. Eu fui conferir o website dessa mulher, que se dedicava a dizer que mulheres trans* não são mulheres de verdade e que tinham se infiltrado no movimento feminista por meio de subterfúgios.

Quando vocês nos odeiam tanto assim, podem reparar: vocês odeiam outros tipos de pessoa também.

Quando vocês nos odeiam tanto assim, podem reparar: até a palavra “estupro” perde o significado.

E o que vocês estão dizendo é: mulheres não são capazes de optar por fazerem sexo por prazer ou lucro. Elas não são capazes de optar por usar uma parte de seus próprios seres – seus corpos – para fazer dinheiro. Elas podem optar por serem pilotos, políticas, banqueiras, professoras, e mais, mesmo se nesses empregos elas acabam ganhando menos que pessoas do sexo masculino. Mas podem optar por tornarem-se chefs, empregadas, enfermeiras – qualquer tipo de trabalho que exija esforço físico. Elas podem optar por terem até outro trabalho enquanto são atrizes pornô.

Mas trabalhar na indústria do sexo não é uma escolha, vocês afirmam. É um caso excepcional.

E por quê? Bem.

Tudo que vocês sabem com certeza é que essas mulheres são imbecis demais para perceber o que querem. E vocês têm bastante certeza de que elas não gostam de sexo. Ah, e quando elas desmentirem vocês, é importante não lhes dar ouvidos.

Eu perguntei, “Por que vocês nos odeiam?” e “O que a gente tem que vocês não gostam?”. Aqui vão algumas versões diferentes dessas perguntas:

  • Por que vocês têm a sensação de que falam por nós?
  • Por que vocês têm a sensação de que a sua opinião, os seus conceitos, são mais reais que os nossos?
  • Vocês estão sequer escutando?
  • Já perceberam que vocês estão nos magoando?
  • Eu ainda estou aqui?
  • Oi?
  • Quando vocês tentam nos salvar, vocês se dão conta de que estão tentando primeiro me matar?

   

Nos momentos mais tristes de nosso relacionamento, Alex me dizia: Eu não sei se eu vou conseguir lidar com isso.

OK, eu respondia. É só me dizer quando que você quer que eu pare de fazer filmes pornôs, e eu vou dar um tempo e a gente pode conversar a partir de então.

Eu não seria capaz de pedir para você parar, ele retrucava.

Mas. Eu não tenho problema com isso. Está tudo bem. Eu te amo.

E eu amava mesmo.

Em sua festa de aniversário houve um momento em que ele estava longe de mim, conversando com os amigos, e eu o vi de um ângulo estranho. A maneira em que o sol incidia sobre seu rosto revelava como ele seria quando se tornasse mais velho. É um momento que acontece com todos os amantes, quando o rosto da pessoa amada se revela, por uma fração de segundo, e essa pessoa não é mais tão bela assim. Eu pensei, antes de seu rosto voltar ao normal, Mesmo quando ele tiver essa aparência, eu ainda vou amá-lo.

Eu o amava ainda mais que esse trabalho que eu quis fazer desde garoto. Eu o amava ainda mais que a irreverência da pornografia, que a atenção a meu corpo, que o reconhecimento e que o prazer que ele me dava. Talvez fosse burrice amá-lo tanto assim, mas o amor é um princípio mais elevado que a razão.

Eu não consigo parar imediatamente, eu disse, mas me dê um mês, e eu vou dar um jeito.

Eu sei disso, Mister (“Mister” era o apelido que ele me deu), mas eu jamais seria capaz de pedir.

Deixe comigo, então. Você quer que eu pare?

Ele não conseguiu ter a coragem de responder.

Ele não queria superar essa sensação e aceitar meu trabalho, e ele não era capaz de compreender  que eu gostava dele tão profundamente assim.

Ele estava paralizado por suas preocupações. Ele não conseguia se mover.

   

O que é que a gente tem que incomoda tanto vocês? É que a gente não deixou a pornografia para trás? Porque se fosse tudo deixado no passado, nós poderíamos pedir desculpas pelo que foi feito. Certeza que a gente deveria pedir desculpas por viver de maneira diferente. Por não ter muito medo do sexo. É por isso que vocês perguntam, cheios de ansiedade, “O que é que você vai fazer quando parar de fazer filmes pornôs?” ou afirmam “Você não pode fazer isso pelo resto da vida”. Ou talvez vocês façam essas perguntas porque quando vocês nos veem, vocês lembram que estão ficando velhos e feios. Nós lembramos também. Nós somos iguais nisso. Mas são vocês que estão perguntando “O que é que você vai fazer quando você ficar feio?”.

   

Por causa do seu ódio, nós acabamos absorvendo sua raiva.

Às vezes nós criamos ódio entre nós mesmos. O pessoal que usa preservativos nos filmes pornôs odeia o pessoal que não usa. Os atores pornôs fetichistas, a garotada exibida do Xtube, os atores pornôs independentes, esses não são atores pornôs “de verdade”. Os atores pornôs “de verdade” não são desafiadores ou queer o suficiente para os atores pornôs queer. Os atores pornôs que não trabalham como acompanhantes odeiam os atores pornôs que trabalham com isso. Às vezes, se há o medo de HIV, todo mundo odeia todo mundo por um segundo. Mais cedo ou mais tarde isso tudo vai embora e a gente volta a se dar bem. Mas durante aquela ebulição de medo, uau.

Então, vejam vocês, para muitos de nós, sua raiva e seu temor são demais para dar conta. São um fardo grande demais. Para nos livrarmos disso, a gente o redireciona um sobre o outro.

   

Enquanto estávamos num túnel de trem, o Alex me contou que tinha procurado um vídeo meu online.

O trem estava cheio de pessoas, e nós estávamos apertados um contra o outro, em dois pequenos assentos.

É demais para mim, ele disse. Quando eu vi você na tela do meu computador daquele jeito, não foi uma sensação boa.

Isso depois de sete meses de relacionamento.

Por que você não me avisou antes de procurar?, eu perguntei. Eu poderia estar junto de você nessa hora.

Eu estou avisando agora. Eu fiquei com nojo, ele admitiu. Que diferença faria se eu visse o vídeo junto de você ou não?

É que eu te pedi tanto para que você visse isso comigo. Esse tempo todo, eu implorei para que você assistisse às minhas cenas junto comigo, para que a gente fizesse isso junto, e você foi lá e viu sem mim?

Bem, disse ele, eu não tinha você por perto.

Eu olhei para a janela. Eu não queria que o resto das pessoas do trem vissem meu rosto. O túnel estava completamente escuro, mas eu ainda conseguia sentir que tudo estava indo embora.

   

Pode ser que eu esteja tratando isso tudo da maneira errada. Pode ser que vocês odeiem apenas a sexualidade masculina.

“Sexualidade masculina” não é uma expressão minha – eu acho que há muito mais coisas em comum que diferenças entre os impulsos sexuais de todos (mesmo que o conteúdo em particular desses impulsos sexuais seja totalmente individual). Mas não vamos começar a procurar fatos mais uma vez. Vamos conversar da sua maneira.

Aqui está a sua maneira: homens gostam demais de sexo. Eles gostam mais de sexo que as mulheres. Eles não sabem como controlar isso. Eles são como crianças burras no que se trata de sexo. E quando eles ficam assim, cheios de tesão, eles transformam as outras pessoas em objetos.

Objetos. Veja bem, eu tenho sérias dificuldades de ouvir vocês dizerem que nós somos os responsáveis por objetificar alguém – que nós objetificamos uns aos outros e ajudamos nosso público a nos objetificar. É difícil ouvir isso porque não são vocês as mesmas pessoas que não escutam quando nós dizemos que nós gostamos disso?

Vocês não estão transformando a gente em objetos que corroboram suas ideias?

OK, vamos pular essa parte, eu já passei por ela, e eu não quero entediá-los me repetindo.

E quanto a isso: nós não somos todos parte objeto? Não há uma parte de nós que é feito de coisas? O que há de errado ao apreciar esse nosso aspecto? Por que isso seria “desumanizador”? Eu não sei bem por que vocês acham que nossos corpos são uma parte tão desimportante de estar vivo.

Outra coisa: eu acho que vocês estão deixando passar uma contradição. Vocês estavam falando de neurociência antes. Estudos comprovam que…

Se vocês gostam tanto de neurociência, isso também não é um tipo de objetificação? Na verdade, é ainda mais objetificador que os filmes pornôs. Porque quando se usa esses argumentos, vocês estão falando que o amor não passa de substâncias químicas. Emoções não passam de movimentações. As coisas do coração são apenas coisas. Nós somos robôs biológicos. Mas vocês não reclamam disso.

Vocês não deveriam reclamar da objetificação perpetrada por neurocientistas e biólogos?

Eu não estou dizendo que eu não gosto de ciência. Deus sabe que as razões religiosas para nos odiar também são um monte de contradições.

Eu só estou falando para vocês serem consistentes.

A ciência é a coisa mais objetificadora do mundo.

   

Eu vou contar mais uma história sobre o Alex, e você vai pensar que as coisas estavam realmente mal. Mas elas não estavam, essa que é a questão.

Claro que a gente tinha as brigas normais de todo casal e os problemas comuns que todos têm. Mas a gente saía de férias juntos. Nós comíamos em restaurantes incríveis, nós assistíamos a peças e fazíamos sexo fora de série. Nós dois dizíamos eu te amo. À noite, nós adormecíamos abraçados, e de manhã, quando a gente acordava, nós esfregávamos os pés juntos na beirada da cama.

A situação era boa e cheia de carinho. A não ser quando o assunto era a pornografia.

Eu estou mal, ele dizia.

Eu não sabia se ele estava dizendo que ele estava mal, como quando ele ficou mal ao me ver naquele vídeo na internet, ou mal de doença.

Eu estou mal de doença, ele explicava. Meu estômago.

Aconteceu que o Alex estava com um parasita no estômago, um parasita grave no estômago que se pega com sexo.

Você pegou esse bicho fazendo filme pornô, e você passou ele pra mim, ele disse.

Tá, ele não falou exatamente assim. Mas o que ele disse foi quase isso, a acusação ficou clara.

Mas eu estou bem, eu disse. Se eu passei isso para você, eu também estaria doente, e eu provavelmente ficaria mal primeiro.

Não tem como eu ter pegado isso por conta própria, ele disse.

Alex e eu não éramos exclusivos; ele tinha permissão para ficar com quem ele quisesse. Eu também tinha, apesar de raramente dormir com qualquer outra pessoa porque minha cota de sexo já estava preenchida com os filmes pornôs. Mas ele jurava de pés juntos que nunca tinha feito sexo com mais ninguém.

Quase duas semanas depois eu fiquei doente também. Não havia maneira de dizer que eu havia passado a doença para o Alex por causa dos filmes pornôs. Na real, ele que me passou o parasita. Mas eu não sentia a necessidade de culpar ninguém. Doença é doença. Se alguém espirrar em cima de mim e eu ficar resfriado, não é “culpa” dessa pessoa.

Eu passei muito mal por vários dias, mas isso passou.

Sabe, é possível pegar parasitas por outras maneiras além do sexo, eu disse.

Mas ele não acreditou em mim.

   

Eu ia fazer uma lista.

Uma lista de pessoas que já sofreram discriminação em seus empregos, comunidades, escolas e relacionamentos porque já fizeram filmes pornôs.

Mas depois que eu comecei, a lista não tinha mais fim, nome por nome. Eu perguntava aos amigos na indústria pornográfica, E você? Tudo parece bem na sua vida. E daí essas pessoas me contavam histórias de empregos que perderam ou membros da família que deixaram de falar com eles. Contavam de instituições de caridade que não aceitavam dinheiro vindo deles. Um deles me contou de um banco que se recusou a aceitar seus rendimentos. Tem gente que já sofreu ameaças, teve aparições públicas canceladas, já foram insultadas e envergonhadas publicamente.

Eu comecei a fazer uma lista, mas me dei conta que “lista” seria a palavra errada para isso. Se houvesse uma lista, ela não teria dúzias, mas dezenas de milhares – talvez centenas de milhares – de nomes: todos os nomes das pessoas que já sofreram discriminação porque decidiram fazer sexo para que outras pessoas pudessem assistir e apreciar.

Eu ia fazer uma lista, mas me dei conta de que qualquer lista que eu fizesse não seria uma lista. Seria apenas uma introdução.

   

Eu e o Alex nos separamos quase um ano depois de termos ido para a cama dele naquela primeira vez.

Nós conversamos durante o que parecia horas, chorando, nos abraçando. Ele dizia “Me desculpe, Mister”. Ele estava com um semblante de quem estava sofrendo, como se ele estivesse sendo sugado para um caminho que ele não compreendia completamente.

Pareceu repentino. Talvez eu tivesse sido ingênuo.

Ou talvez não.

Porque o que talvez você não esteja esperando seja isso:

Quando nós nos separamos e ele me disse todas as suas razões, ele não mencionou os filmes pornôs sequer uma vez.

Você me ama tanto, ele me disse. Eu não tenho a habilidade de sentir isso nesse momento, ele disse. Eu preciso me concentrar no meu trabalho e na minha vida, eu preciso me dedicar a morar em Nova York, eu preciso de espaço para organizar meus pensamentos. Você me ama tanto e eu não consigo corresponder, eu não sei como, eu não consigo responder à altura e eu odeio isso.

Eu saí de seu apartamento e desci as escadas até a calçada sozinho.

E daí me ocorreu que ele não se importava nada com os filmes pornôs. Ele sequer os tinha mencionado. Esses sentimentos eram sentimentos mal direcionados, sentimentos que tinham vindo de alguma outra tristeza.

E também me ocorreu que eu sabia disso o tempo todo.

   

Escuta, se eu te disser

que nós não somos explorados mais que qualquer outra pessoa em qualquer outro emprego,

que nós optamos por fazer o trabalho que fazemos,

que nós apreciamos os corpos uns dos outros,

que nós não estamos tentando violar suas crianças,

que nós só estamos fazendo que está em nosso coração,

que desejo pode ser uma coisa boa,

que prazer é bom,

que nós também somos professores e médicos e advogados e meteorologistas e treinadores e DJs e artistas e escritores e pais,

que nós somos gente,

vai fazer alguma diferença?

Tudo bem, não precisa responder. Eu já sei a resposta.

   

Depois que eu deixei de odiar o Alex – e isso demorou um tempo – eu comecei a enxergá-lo como uma pessoa novamente. Uma das minhas pessoas preferidas, para falar a verdade. Quando nós nos encontramos, ele ainda me faz rir. Ele ainda é bonito. E, com o passar dos anos, parece que a confusão toda passou.

Às vezes, tarde da noite, eu penso em ligar pra ele e dizer,

Olha, vamos fazer isso dar certo. Vamos tentar mais uma vez.

Quem sabe você consiga enxergar todo o sofrimento que você passou, eu tenho vontade de zier.

Quem sabe você consiga enxergar isso e ver que o problema não era a pornografia.

Quem sabe você consiga enxergar que você só tinha dificuldade em ser amado.

Conner Habib é escritor, ator pornô e palestrante.

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4 comentários

Pai Gay

Uma “puta” entrevista, eu sou uma pessoa bem aberta com relação á pornografia mas este artigo me fez pensar em muita coisa, especialmente sobre a questão dele com o AEX, imaginando como eu reagiria.. obrigado por compartilhar!

Hox

Excelente artigo, obrigado pela tradução. Gostei bastante de tudo o que ele falou, há uma hipocrisia chateante na sociedade. Pra mim é um fato muito mais ligado à homossexualidade que ao sexo em si, embora, como dito pelo Caio, é um tabu na sociedade.
Não tenho nenhum ódio ou ressentimento por estes profissionais, mas infelizmente também acho que não conseguiria lidar com a situação de um namoro desta forma, talvez por ter uma criação pensada unicamente na monogamia.

Abraço

Caio

Eu entendo o que ele e os demais atores pornôs passam e acho ridículo que a sociedade os tratem assim. Na minha adolescência eu descobri o mundo da pornografia e senti que aquilo era um meio para me aliviar sexualmente, portanto eu gostava. Mas ainda sobravam em mim resquícios de religiosidade dizendo me que o prazer carnal é condenado e ainda mais os exageros, que a pornografia bem representa. Sentia-me mal depois de ver os vídeos que tanto me excitavam.
O tempo passou e percebi que era uma grande besteira achar que a pornografia era uma desgraça, que os atores pornôs eram uns monstros, capazes de qualquer coisa, sem sentimentos. Não, é uma profissão como qualquer outra, e eles são pessoas que podem ser muito boas por sinal. Sei que no mundo da pornografia rola muita droga ilícita, depressão, doenças sexualmente transmissíveis e outras mazelas; no entanto, isso não significa que todos os que são desse meio estejam afetados por elas. Podem ser pessoas responsáveis, que se cuidam e não se deixam abater por tais problemas.
Por fim, posso dizer que a pornografia é muito mal vista pela sociedade em geral, primeiramente por se tratar de sexo, qua ainda é tabu, segundo, porque trata o sexo como total diversão voltado ao prazer e não ao amor, dando uma denotação exagerada, o que não deveria ser problema já que as relações casuais são tão corriqueiras e podem ser ótimas. Além disso, as pessoas são muito hipócritas, muitos curtem a “doidado” assistir os vídeos as escuras, mas depois quando indagadas sobre o assunto dizer ser algo nefasto. Tudo advindo da moralidade judaico-cristã.

Washington

Texto muito bom. Creio que a tradução deve ter ficado melhor que o original. 😀 Texto muito bem escrito e trouxe reflexões interessantes.

Nunca me enredaria por esse mundo da pornografia. Sou extremamente reservado; vou à praia de bermudão, só para ter uma ideia. Mas respeito e jamais discriminaria alguém que é/foi ator pornográfico ou garoto de programa. Assim como não teria problema em criar laços de amizade ou afetivos com tal pessoa.

Agora, até hoje não compreendo o motivo da maioria das feministas ser contra a pornografia e a prostituição. Há exploração? Com certeza, assim como há exploração de mão de obra na indústria, na mineração, na agricultura, na educação, etc. Esse argumento usado pelas feministas e seus apoiadores não convence. O que antes era “pecado”, hoje vira “opressão”.

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