Ultimate Gay Fighter: lutadores

Ultimate Gay Fighter prestes a ser lançado

Videogame de luta com personagens gays usa os estereótipos para fortalecer a autoestima LGBT

por Marcio Caparica

O mundo dos games é famosamente homofóbico e misógino, como nós discutimos no Lado Bi dos Games. A imensa maioria dos jogos são feitos para moleques punheteiros, com poucos exemplos de personagens reconhecidamente gays (como Gay Tony, da franquia Grand Theft Auto e Poison, do Street Fighter) ou de sexualidade – ou mesmo gênero – indefidos (oi, Birdo!). Agora em janeiro essa lista vai aumentar muito num só golpe, com o lançamento do jogo Ultimate Gay Fighter.

O jogo segue o modelo dos joguinhos de luta que há vinte anos nós todos jogamos: personagens de características exageradas lutam entre si num torneio ou em duelos, cada um com estilos e golpes próprios. O barato de UGF é que os personagens são baseados nos clichês da cultura gay. Prepare-se então para conhecer GoGo Gary, o gogo boy que usa twerking contra os oponentes; Bardwell, o urso BDSM; Sapho Ethridge, que se transforma em tesoura em um de seus golpes especiais; Carrie Cupcake, a drag queen diva de dublagens fatais; e mais seis lutadores. Os vilões são caricaturas de políticos e religiosos conservadores que se uniram na organização LOSRZ (acrônimo que soa como “losers”, ou perdedores, em inglês). O jogo usa termos do pajubá norte-americano (como “werq” para sequências de múltiplos golpes) e tem no “Gaytality” sua versão do famoso “Fatality” do Mortal Kombat.

Pode parecer mais um monte de estereótipos que só fazem reforçar as velhas noções de como se deve apresentar os gays na cultura pop, mas Michael Patrick, o criador do de Ultimate Gay Fighter, acredita que não:

[O game] começou como uma piada entre eu e meus amigos. O conceito era simples: reproduzir os nossos queridos games que jogávamos quando crianças, mas inserir gays como personagens, com golpes adequados a seus estilos de vida e interesses. (…) Eu comecei a refletir sobre como os gays são apresentados na mídia. Nós sempre somos os fracotes, o melhor amigo assanhado,  o piadista, aqueles que cantam, que decoram sua casa, escolhem sua roupa, e armam seu cabelo. Nós nunca somos os lutadores fodões, os durões que resgatam a vítima e salvam todos. E quando isso acontece, nós somos escovados com personas e modos de agir heterossexuais.

Ultimate Gay Fighter tem previsão de lançamento até o fim desse mês, em iPhone e Android. Quem quiser ter um gostinho até lá pode conferir seus trailers logo abaixo.

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