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Jesus

"Nenhuma religião nos aceita plenamente", diz travesti que interpreta Jesus

A primeira temporada paulistana da peça “O Evangelho Segundo Jesus, Rainha do Céu”, monólogo que imagina o retorno de Jesus à terra como uma travesti, está chegando ao final. O LADO BI conversa com Renata Carvalho, atriz que protagoniza a peça, e Natalia Mallo, sua diretora, para descobrir como foi o processo de adaptação desse texto originalmente britânico para a realidade brasileira e sua importância para a visibilidade das travestis. Mallo explica o que guiou suas decisões como diretora e tradutora do texto original da dramaturga Jo Clifford: “A gente trata Jesus como um mito, uma referência moral para a sociedade. Quando se traz Jesus para os dias de hoje, você cria uma reconexão com esse mito”. E celebra que, no Brasil, essa Jesus contemporânea seja travesti: “Travesti é uma identidade brasileira. Quando uma pessoa como a Renata mantém a identidade travesti de uma maneira política, ela dá visibilidade para todas as outras travestis.” Carvalho explica que seu trabalho e sua insistência em identificar-se como travesti empodera todas as pessoas dessa identidade de gênero: “no Brasil, Jesus volta como uma travesti. Eu sou uma travesti. Quem começou o movimento LGBT foram as travestis, que enfrentaram a ditadura”. Vivendo nos palcos um dos principais líderes religiosos do mundo, Carvalho lamenta ser excluída das instituições religiosas: “Nenhuma religião aceita plenamente as travestis. Eu não tenho religião, tenho religiosidade, o que é bem diferente”.

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