Rússia classifica “A Bela e a Fera” como impróprio para menores de 16 anos

A censura russa pretende impedir que crianças vejam o “momento exclusivamente gay” da nova versão do clássico da Disney

por Marcio Caparica

Esses certamente são os segundos mais polêmicos do cinema em 2017, se não de toda a década. Depois que se anunciou que a versão live-action de A bela e a fera teria um momento “exclusivamente gay”, os demagogos moralistas de plantão decidiram surfar na popularidade do longa para se promoverem. O exemplo mais recente aconteceu na Rússia, onde o filme acabou de ser classificado como impróprio para menores de 16 anos.

A decisão nem é a mais radical possível. Na semana passada o deputado Vitaly Milonov havia exigido que o filme fosse banido do país, devido às “relações sexuais pervertidas” presentes no filme, que certamente infrigiriam as leis russas que proíbem “propagandas gay para menores”.

E qual seria a cena capaz de causar tamanha comoção? O jornalista Lawrence Toppman do jornal The Charlotte Observer relatou o que viu num artigo :

Por quase quatro segundos, durante um baile repleto de dançarinos e dançarinas rodopiantes que trocam de parceiros repetidas vezes, um jovem acaba nos braços de LeFou, que fica surpreso. Os dois saem dançando juntos e felizes. (…)

Cenas anteriores sugerem a incerteza sexual de LeFou. Ele dança de forma exuberante ao redor da taverna durante a canção “Gaston”, e em seguida massageia os ombros de seu ídolo enquanto o elogia para os outros habitantes da vila. Mais tarde, no mesmo número, ele rodopia pelo salão e cai no colo de Gaston, puxando seus braços para que ele o abrace. “Exagerei?”, ele pergunta. Gaston (Luke Evans), assustado, concorda.

Um cinema no estado norte-americano do Alabama também tirou A bela e a fera de sua programação depois de saber que o longa teria esse “momento de afronta à moral e aos bons costumes”. Como ainda há esperança no mundo, sua página no Facebook foi inundada com reclamações e, pouco depois, foi desativada.

A revelação que tanta mídia expontânea está gerando para o filme foi feita à revista Attitude pelo diretor Bill Condon, criador de outras obras que se debruçaram sobre a sexualidade humana como Deuses e Monstros Kinsey. “Ele é alguém que só agora está percebendo que tem esses sentimentos [homossexuais]”, afirmou. “E Josh [Gad, ator que interpreta LeFou] transforma isso em algo sutil e delicioso. Isso leva à recompensa no final, que eu não quero revelar agora. Mas é um momento bacana e exclusivamente gay num filme da Disney.”

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