Atleta de crossfit ergue 120kg ao som de Beyoncé – e questiona os padrões de masculinidade

Depois de vídeo se tornar viral, Khan Porter publicou mensagem refletindo sobre o que é "ser homem": “se eu fosse abertamente gay, as pessoas ainda aplaudiriam?”

por Marcio Caparica

Khan Porter é um atleta profissional de CrossFit. Já venceu competições na Austrália e Nova Zelândia, e já representou esses dois países em campeonatos de CrossFit no mundo inteiro. Há dois dias, um de seus vídeos, em que casualmente, entre uma dancinha e outra, ergue 120 kg ao som de “Single Ladies”, de Beyoncé, tornou-se viral:

Surpreso com o sucesso de sua performance, o australiano aproveitou a oportunidade para refletir, em num post seguinte no Facebook, como está mudando a maneira em que encaramos a masculinidade:

BEYONCÉ, MASCULINIDADE E SAÚDE MENTAL

Se vocês asssistiram meu vídeo da Beyoncé ontem, eu adoraria que vocês parassem um momento e lessem o seguinte.

Ontem eu republiquei um vídeo em que eu dançava ao som de Beyoncé e, no momento em que eu escrevo isso, ele já foi visto mais de 1,5 milhões de vezes.

Ele também já foi compartilhado um monte de vezes, e foi até parar na TV haha.

Eu republiquei esse vídeo depois de ver a batalha de lip sync entre Channing Tatum e sua esposa, em que ele se vestiu de mulher e dançava uma música da Beyoncé, pirando as interwebs.

Obviamente eu publiquei o vídeo por diversão, mas também porque eu acho que á maneira como o público reagiu reflete uma mudança muito bacana nas noções preconcebidas de masculinidade, e acho que é uma boa oportunidade para começarmos algumas conversas mais positivas sobre o que significa “ser homem”.

Um homem famoso entra em rede nacional, se veste de mulher e dança uma música de menina, e o mundo aceita isso de braços abertos.

Eu publico um vídeo dançando e também recebo muita atenção positiva, o que mostra uma mudança na maneira como a sociedade vê a masculinidade ou o que é aceitável que um homem faça.

Mas até onde vai essa aceitação?

Se eu ou Channing Tatum fôssemos abertamente gays, e fizéssemos a mesma coisa, as pessoas ainda aplaudiriam?

Ainda há muitas ideias estigmatizadas sobre a masculinidade, e os manos encaram problemas muito reais sobre como lidar com o que a sociedade considera ser um comportamento apropriado para seu gênero.

Você sabia que o suicídio é a principal causa de morte para homens entre os 15 e os 44 anos?

E que o índice de suicídio entre homens é quase o triplo que o entre mulheres?

Como alguém que tem experiência própria com problemas de saúde mental, eu sei como é difícil para um homem buscar ajuda para algo que muitas vezes é desprezado como “ser maricas” ou “pau mole”.

Se a sociedade pode se divertir e aceitar um homem que se veste e/ou dança como mulher hoje em dia, não pode ser muito mais difícil levar um papo com seus amigos sobre algo como doenças mentais.

Assim como é ok para os manos dançarem, é ok que eles tenham batalhas mentais e emocionais às vezes também.

Se um monte de gente pode assistir a um vídeo de 25 segundos, com certeza eles também podem reservar um tempo para perguntar para um de seus broders se tudo está bem. 🙂

Core work, static holds, strict STRICT gymnastics and a bunch of accessory stuff. #MoveBetterBeBetter #fatnastics

A photo posted by Khan Porter (@iamkhanporter) on

Aqui no Brasil as coisas são bem parecidas: Bruno Gagliasso é aplaudido ao frequentar uma festa vestido de mulher, mas dificilmente o mesmo aconteceria com alguém menos famoso (ou mais fora de forma). Se gestos como o de Khan, Tatum e Gagliasso são, sim, muito bem-vindos na desconstrução da masculinidade tradicional, eles também mostram que ainda há muito por fazer até que homens não sintam-se mais aprisionados pelo que nossa cultura espera de “um homem de verdade”.

Nossa festa churras improvisada de #niverdopaulinho @vilhenap foi assim……..????????????????????????????????

A photo posted by Bruno Gagliasso (@brunogagliasso) on

Você pode conferir a performance de Channing Tatum (com participação especial da própria Beyoncé!) a seguir.

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2 comentários

Marcelo Bosso

E se fosse um hétero magrelo e/ou feio que tivesse dançado uma música da Beyonce ou ido de vestido a um aniversário, teriam a mesma aceitação que esses dois?

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