Tangerine

Duas atrizes trans entram na campanha pelo Oscar – em seu gênero verdadeiro

“Tangerine”, dirigido por Sean Baker, começa hoje a batalhar para que suas atrizes principais estejam entre as finalistas da maior premiação do cinema mundial - honra já concedida a tantos atores cis por papéis trans

por Marcio Caparica

O Oscar adora recompensar os papéis ditos “incomuns”: atrizes lindas que transformam-se em personagens feias, rebeldes revolucionários, pessoas que lutam com problemas mentais ou doenças fatais. Infelizmente, no rol de “problemas” considerado pela Academia está a transexualidade: um personagem trans tornou-se quase garantia de indicação à estatueta de melhor ator ou atriz. A nova temporada do Oscar que se inicia, no entanto, vem com uma novidade: pela primeira vez, atrizes trans que interpretaram personagens trans estão sendo lançadas na corrida pelo prêmio. E nas categorias de acordo com seu gênero verdadeiro.

Tangerine, do diretor Sean Baker, acompanha duas prostitutas trans durante uma véspera de Natal em Los Angeles. Nos Estados Unidos, foi aclamado pela crítica, que comoveu-se com sua visão sensível, sincera e muitas vezes engraçada da vida de suas protagonistas. Filmado inteiramente com um iPhone 5S, o longa também inovou na escolha de suas protagonistas, as atrizes iniciantes Kitana Kiki Rodriguez e Mya Taylor. O roteiro foi desenvolvido em conjunto pelo diretor, as atrizes e o escritor Chris Bergoch.

O filme estreou em julho, e arrecadou apenas 700 mil dólares na bilheteria. Agora seu diretor e seus produtores esperam ganhar um novo fôlego com uma possível indicação ao Oscar. “Nós somos novatos na Academia de Cinema”, o produtor Mark Duplass declarou à revista Variety, “então estamos tentando entender como as coisas funcionam. O que nos parece claro é que a Academia de TV já aceitou o que aconteceu no movimento trans com TransparentOrange Is The New Black. A gente acha que a Academia de Cinema está meio atrasada nesse quesito.”

Vale lembrar que papéis trans já renderam várias indicações ao Oscar, mas sempre a atores cis: Jared Leto em Clube de Compras Dallas, Hillary Swank em Meninos Não Choram e Felicity Huffman em Transamerica. Os produtores de Tangerine têm pela frente o trabalho de conseguir que o maior número possível de jurados da Academia de Cinema assistam seu filme e convençam-se que Rodriguez e Taylor merecem estar entre as finalistas. Caso sejam escolhidas, sem dúvida competirão em seu gênero verdadeiro – a última coisa que o Oscar precisa é uma polêmica tão fácil de evitar. Tangerine ainda não tem previsão de estreia no Brasil.

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Um comentário

João P.

Caramba, ainda não vi o-o Horário sagrado na semana de lançamento dedicado ao filme, que por sinal aparenta ser ótimo.
“A gente acha que a Academia de Cinema está meio atrasada nesse quesito.” Pois eu tenho certeza ;-;

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