OK, assim como a história de que o Richarlyson seria gay, a história de que Gianechinni seria, na verdade, amante de um dos filhos da Marília Gabriela, a história de que o Henri Castelli seria caso do Wolf Maya, a história sobre a suposta homossexualidade do Raí e de seu mais suposto ainda caso com o jornalista Zeca Camargo está rendendo mais um capítulo vergonhoso na história da homossexualidade e, me atrevo a dizer, da censura no Brasil.
Saiu no blog do meu amigo Vinícius Segalla, o único blog esportivo que eu já li em toda a minha vida, que o Raí pediu que a Justiça brasileira tirasse do ar uma página do Facebook que insinua que ele e Zeca Camargo vivem um caso amoroso. A página em questão, que eu nem sei qual é, se baseou em uma notícia publicada no blog da Fabíola Reipert, que escreve no R7, e que insinuaria sem citar nomes o suposto fato. Sim, todo mundo que já leu a Fabíola alguma vez sabe: ela nunca diz os nomes, apenas, como dizia meu avô, “bate na cangalha pro burro entender”.
E o burro, que nem é tão burro quanto se supõe, entende. Quando Ricky Martin saiu do armário, todo mundo já sabia que ele era gay (ou pelo menos desconfiava). Quando Daniela Mercury saiu do armário, todo mundo já tinha ouvido falar alguma história de que ela curtia mulher, sem falar na Ana Carolina, que acabou chocando ao dizer que era bi, quando já era claro pra todo mundo que ela gostava de mulher. Ela, inclusive, gravou “Eu Gosto É de Mulher” do Ultraje a Rigor e, em uma entrevista a mim, falou o motivo por ter escolhido essa música. “Quando o Roger cantava, tinha uma conotação machista. Quando eu gravo, tem outra conotação, né?” E caiu na gargalhada.
Eu sempre digo: quando você sai do armário as pessoas te respeitam mais, especialmente as que te conhecem e que já gostam de você por algum motivo. Isso acontece porque você para de subestimar sua inteligência, porque elas podem até não comentar, mas percebem que tem algo no seu comportamento que não fecha a conta.
Enfim, sai do armário quem quer, o país é livre, ou pelo menos deveria ser. A questão que me parece mais grave é exatamente o fato de o Raí querer tirar do ar o site. Aqui no Brasil as celebridades sempre querem dar um cala a boca em quem publica coisas a seu respeito que elas não gostariam que fossem publicadas. Recuerdos da censura. O autoritarismo parece estar no DNA do brasileiro.
Hoje mesmo eu estava lendo a matéria sobre a visita da Comissão da Verdade ao 1º Batalhão da Polícia do Exército, na zona norte do Rio de Janeiro, onde funcionava o antigo DOI-Codi, e nos comentários tinha gente defendendo a ditadura militar sob o argumento de que, não fossem eles, o Brasil teria virado uma ditadura de esquerda. Vejam, o problema não é ser ditadura. É ser de esquerda.
Agora me diz uma coisa, meu caro Raí: Qual o problema de estarem falando que você é gay se você não é? Se você não é gay e não está vivendo um caso com o Zeca Camargo, você não é macho o suficiente para simplesmente ignorar a ignorância de quem ainda acha que tirar sarro ou falar mal de viado é engraçado?
Será que você não está ou passando recibo de gay e do pior tipo de gay, que é o gay homofóbico? Porque, meu querido, ser gay não é ofensa. Não pra mim, pelo menos.
Será que vocês famosos brasileiros não estão se dando ares de autoridades? Querendo legislar em prol de uma privacidade que, a despeito de sua vontade, abriram mão quando se tornaram famosos? Será que eu tenho que explicar que o ônus da fama é a perda de privacidade assim como o ônus da omelete é a casca do ovo em pedaços?
Semana retrasada a gente entrevistou no programa um humorista inglês, o Charlie Hides, que imita as divas do pop. E ele fala absurdos sobre o que ele imagina ser a vida privada delas. Disse a seguinte frase: “Não me importa o que é verdade. Me importa o que é engraçado.”
Ah, mas a Fabíola Reipert é uma jornalista e todo mundo assume que o que ela escreve é verdade. Pergunto: ela disse com todas as letras que você e Zeca Camargo estavam tendo um caso? Não. E a tal página do Facebook, que qualquer um pode criar, realmente você está levando isso a sério? Realmente o grande jogador Raí, um cara que além de jogar bola é inteligente, vai dar trela pra isso?
Será que você foi mordido pelo mesmo inseto que mordeu o Reinaldo Azevedo ao afirmar com todas as letras que os mensaleiros estavam pagando gente na internet pra fazer meme com as atrizes de “Amor à Vida” por elas terem publicado uma foto em que estavam de luto contra o julgamento do mensalão? Você também acha que o brasileiro é tão cordial selvagem a ponto de não querer fazer isso de graça só pelo prazer de tirar uma onda com as tiazonas?
Voltando ao Charlie Hides, o comediante inglês. O que você acha que Cher, Madonna, Lana Del Rey e Lady Gaga fizeram contra ele após as sátiras? Processaram ele? Tentaram tirar os vídeos dele do ar? Não! Elas seguem ele no Twitter. Cher o imita imitando a si mesma com as amigas. A Kylie Minogue gravou um vídeo com o cara tirando sarro da altura dela. E ACHOU O MÁXIMO!
Os atores e até alguns políticos americanos participam de auto sátiras em programas como o “Saturday Night Live” a torto e a direito. São massacrados em programas de fofocas como o “Fashion Police” da Joan Rivers. E o que eles fazem? Participam da brincadeira ou a ignoram.
O pessoal do Porta dos Fundos esses dias deu um exemplo de que é realmente um grupo de humor e usou uma nota da Fabíola Reipert pra trollar o Fábio Porchat.
Então, para de se levar tão a sério assim e vai cuidar da vida. Para de dar mais trabalho inútil para a já sobrecarregada Justiça brasileira.
A gente não tá nem aí se você estiver pegando o Zeca Camargo ou a Sophie Charlotte que acabou de liberar a vaga do Malvino Salvador. A gente, no máximo, lamenta que você não esteja nos pegando.
Nunca me enganaram e acho muito pior viver numa hipocrisia sem tamanho,pois a felicidade para mim é o que deve estar em primeiro plano e outra o povo não tem muito o que assistir e irá ver nos canais gays e não gays de qualquer forma e sempre onde há fumaça existe fogo, pode ter fofoca, mas o fogo está lá e se todos não ligassem em esconder o que são, vivessem suas próprias vidas e fossem felizes se aceitando da forma como são, então o mundo seria muito melhor e sem mentiras.
Concordo com quase tudo do seu texto, apenas cuidado com a sua idosofobia revelada no uso do termo pejorativo “tiazonas” , ao se referir às atrizes da Globo. Que hoje são da Globo, mas possuem um trabalho amplo em teatro, cinema e etc., passando por várias outras emissoras ao longo de suas vidas. Se lutamos tanto contra a translesbobihomofobia, não podemos alimentar outros preconceitos, não é coerente.
Isso posto, vamos lá: Acho que quem errou mesmo foi essa tal de Fabíola Reipert , que não deve ser realmente jornalista, ou saberia que um ou uma jornalista que faça um trabalho sério e de valor não divulga e nem alimenta boatos. Acho que por isso ela merece um processo, sim. Por divulgar cômodos boatos em nome de audiência para a sua escrita. Não por chamar alguém de gay ou deixar de chamar, isso não é ofensa alguma. Agora, se você acha que é “Liberdade de Expressão” falar o que quiser, eu também acho que a nossa fala, seja de um jornalista ou não, tem que ter responsabilidade. Fale o que quiser, mas faz parte também da democracia sofrer processos na Justiça, se alguém não gostou do que foi falado de si ou da forma como foi falado. Não vejo autoritarismo aí, não. Autoritarismo é achar que se pode falar tudo e depois posar de vítima se alguém reagir às nossas falas. Você citou alguns exemplos de lá fora, EUA e etc., mas lá também tem inúmeras ações na Justiça americana de famos@s que não gostaram do que foi escrito sobre eles/elas. Lembro-me, ainda nos anos 80, que o Frank Sinatra brigou para não publicarem uma biografia sobre ele que ele julgava ofensiva. É um DIREITO, também. Alguns e algumas “jornalistas” daqui precisam aprender ética, também. E, tod@s junt@s, lutar também por um Brasil melhor, não um país onde a gargalhada e o “humor” ou a audiência justifiquem tudo, justifiquem agressões e sofrimentos ao próximo, seja este famoso ou não. Lutamos por direitos e por um Estado de Direito. Não é por que ” a Justiça Brasileira está sobrecarregada” que devo me calar se me sinto agredido. Isso, sim, seria autoritarismo e uma mera desculpa, pois um cidadão ou cidadã não tem culpa alguma dessa sobrecarga, provocada, inclusive, por muita gente considerada “de Bem”. Raí tem sido, desde sempre, um exemplo de cidadania. Quando se veste a toga de juiz, não se pode analisar apenas o último fato ocorrido. Ele, inclusive e principalmente, apoiou a Campanha pelo Casamento Igualitário do Jean Wyllys, já falou muita coisa contra a homofobia, faz trabalhos sociais incríveis, nada disso deve ser levado em conta, então?????? Por que? É um cara educado, humano. Prefiro NÃO vestir a toga. Sou humano, quem analisar minha vida toda encontrará erros terríveis meus , mas também acertos magníficos.
Obrigado,
Ricardo Rocha Aguieiras
aguieiras2002@yahoo.com.br
Você é um mala cara…!!
Na verdade eles usaram a nota da Fabíola Reipert pra trollar a própria Fabíola e seus boatos. É o que Raí deveriam fazer: tirar proveito da situação, levar a público e rir. Caso seja verdade, só mesmo se assumindo mesmo pra ganhar respeito.
O Jean, por exemplo, ganhou admiração do telespectadores do BBB e venceu o programa. Sem medo, sem mascaras, não há páginas homofóbicas metidas a engraçadas que obtêm certo sucesso fazendo piada dele. Não há como intimidá-lo porque não se esconde; bate de frente. Só mesmos os fundamentalistas religiosos e extrema direita para caluniá-lo, mas até aqui nenhuma novidade.
Ser verdadeiro sempre atrai admiração e respeito.
gostei da reportagem, pra mim n interessa se é gay ou não, interessa o carater e isso ele
tem e muito,gente fina,homem do bem,excelente pessoa que pensa no proximo, o resto é o resto