Quem é fã de “Hora de Aventura” sabe que sempre rola um subtexto bem sutil sobre tolerância e diversidade neste desenho. Afinal, quem não se lembra do episódio em que o fofucho do BMO se apaixona por uma bolha de ar ou episódio em que um biscoito confessa ao Jake que seu sonho sempre foi ser uma princesa?
Este último episódio, inclusive, deu pano pra manga em fóruns de discussão sobre o desenho, dizendo que a princesa biscoito era um personagem transexual.
Eu entrevistei o coprodutor executivo da série Adam Muto para o UOL e perguntei a ele sobre o episódio da princesa Biscoito. Ele disse que seria “limitador” dizer que o desenho em questão trata de transgêneros e que a série não foi pensada para falar especificamente sobre diversidade. “São apenas interpretações”, respondeu. No entanto, ao final, disse que o subtexto da diversidade é inevitável.
“O episódio [da princesa Biscoito] é mais sobre a predeterminação de papéis e do poder dos nomes que são dados às coisas. Mas eu não acho que ‘Hora de Aventura’ tenha sido pensado com esse subtexto, embora ele seja inevitável, já que o programa é cheio de personagens de raças, reinos e criaturas diferentes tentando conviver.”
Veja o episódio abaixo e tire suas conclusões:
Spoilers
Durante a entrevista, Muto revelou que a nova temporada irá contar alguns fatos ocorridos na Terra de Ooo antes da Grande Guerra dos Cogumelos (na internet especula-se que a Guerra dos Cogumelos é uma alusão dos autores a uma guerra nuclear).
“Achamos difícil falar dos eventos antes da Grande Guerra dos Cogumelos sem nos aventurarmos por um território sombrio, mas para a sexta temporada estamos trabalhando em um episódio sobre isso que nos deixou bem animados”, conta.
Muto diz ainda sobre a origem dos personagens principais da série. Finn, por exemplo, é baseado nas “aspirações heroicas” do criador da série, Pendleton Ward, quando era criança. Já o cão Jake é inspirado no personagem de Bill Murray no filme “Almôndegas”.
“O que é interessante é a forma inesperada com que os personagens têm se desenvolvido desde a primeira temporada. A princesa Jujuba começou a série como uma líder amada e perfeita do Reino Doce. Ultimamente, contudo, ela tem se tornado muito mais autoritária e fez algumas escolhas questionáveis. O Rei Gelado, por outro lado, começou a série como uma espécie de vilão de série estranho e solitário. Na quinta temporada, sabemos que ele tem toda essa outra trágica persona heroica, da qual ele nem se lembra devido à maldição de sua coroa. Isso é algo que não poderia ter sido efetivamente previsto no início da série.”