Você continua com medo de Regina Duarte? Pois saiba que o papel que ela interpreta no filme “Gata Velha Ainda Mia” é mesmo de dar medo. No longa, dirigido por Rafael Primot, ela interpreta Gloria Polk, uma escritora feminista, bissexual e extremamente amargurada com a velhice e o ostracismo.
Por isso, nós a convidamos para um bate-papo de uma hora em nosso programa semanal na Rádio UOL, que foi ao ar nesta quinta (22) para falar de homossexualidade, bissexualidade e feminismo.
E se você esperava opiniões fofas, enganou-se. Quando questionada se interpretar um personagem LGBT daria status ao currículo, a intérprete da viúva Porcina disse acreditar que isso virou um modismo.
“Eu acho que são questões que estão no marketing do momento. Isso vende, porque hoje tem um público maior que já saiu do armário e que, se você for olhar estatisticamente, é um público consumidor que precisa ser agradado. Eu não gosto muito disso. Acho que as coisas deveriam ser mais espontâneas. Esse circo em torno que eu não gosto. Acho que vira um modismo que atende a uma sociedade de consumo que vai querer vender itens, produtos em cima disso.”
Outra opinião que muitos podem achar polêmica é sobre aquilo que ela chamou de tentativa de doutrinamento da sociedade. Segundo ela, ficar exagerando na afirmação sobre sua sexualidade dá a impressão de que a pessoa não tem tanta certeza do que diz.
“Eu acho que a gente fica tentando doutrinar uma sociedade a aceitar um comportamento que naturalmente vem e se impõe. O que tem força é o amor, a paixão, o tesão. Na hora que as pessoas se apaixonarem por uma pessoa do mesmo sexo, elas serão gays. Viverão seu momento gay. E nem por isso elas entram numa seita da qual elas não podem sair nunca mais. Isso eu acho um absurdo! Uma vez gay, gay para sempre? Gente, vamos lutar pela liberdade. Uma hora eu tenho tesão aqui outra hora eu tenho tesão ali, dá licença?”
Veja trechos da entrevista no vídeo abaixo:
Apesar disso, Regina não é favorável à perseguição política que a bancada evangélica tem promovido contra os direitos dos LGBT. “Se o poder público em algum momento tentar impedir os direitos civis, a gente tem que protestar. Temos que ficar sempre atentos.”
Questionada se era a favor do casamento igualitário e da adoção de crianças por casais homossexuais, respondeu: “Isso quem tem que decidir são os pares. Sejam eles gays ou heteros. Quem sou eu para ser contra isso? Agora, a pergunta é: Por que não? Por que não??!! Acho que é importante a divulgação de que não é pecado. De que ao fazer uma opção sexual você não está fazendo mal a ninguém, que você está exercitando seu direito de ser livre, que é um direito inalienável do ser humano.”
Feminismo
O tema do feminismo também foi discutido durante o programa, já que a personagem que ela vive no longa-metragem é um feminista em fim de carreira.
“Eu acho que o feminismo foi um termo abusado, usado em vão excessivamente para designar coisas que não têm a ver propriamente com a libertação da mulher. Feminismo virou sinônimo de gente chata. De mulher que não gosta de homem. De mulher frígida. Então, não vamos mais usar essa palavra?”
A Regininha é uma boa atriz, mas não gosto dela como pessoa por alguns motivos; agora, depois desta declaração que não se faz chegar a lugar algum, piorou ainda mais a imagem que tinha dela. Fazer o que né, ela que fique com sua visão de mundo que eu fico com a minha.
Você ouviu o programa Caio? A íntegra? Leu o texto todo? Viu o vídeo? Ou só foi no título?
Eu assisti e li e achei ela esquiva o tempo todo. Eu vou ouvir novamente para mostrar as coisas que eu vi e considerei totalmente abertas na “defesa” dela. A que lembro de cabeça é sobre ser gay ou bi ou ser algo mutável sexualmente o tempo todo. Pessoalmente, me defino gay e não pretendo me “desrotular” por mera não-imposição de uma sociedade que morre de medo de ser algo para sempre. Eu não a achei clara sobre o assunto em momento algum.
3 pontos.
1 – A profusão de personagens gays nas novelas até pode ser jogada de marketing, mas essa visibilidade não pode ser menosprezada. Não se trata de querer o aval da novela, mas de entender a importância disso. A Globo e a novela das 9 ainda dominam a discussão das pautas nacionais, por mais diversificada e difusa q a comunicação esteja, da biboca mais biboca do sertão até a capital do estado mais desenvolvido, todo mundo é afetado pela novela. É só ver o alarde q ainda se faz pra questão do beijo gay. Quanto mais melhor nesse caso. Então que venham mais personagens dos mais variados tipos, que os autores arrisquem mais.
2- Acho muito ingênuo dizer “ai, os galãs não tem q sair do armário, oq as pessoas tem a ver com isso”, ainda mais vindo duma senhora q posa pra capa de revista expondo o neto recém-nascido. É impressionante que nesse país a gente praticamente conte nos dedos de uma mão as nossas celebridades gays assumidas. Na cultura de celebridades que nós temos, o estigma que fica ainda é aquele que associa gay com vergonha, com o tem que ser escondido. Mais figuras públicas saindo do armário seria um grande passo, sim.
3- Nós os gays urbanos, d posições sociais mais destacadas, que fazem parte de um meio mais esclarecido, não nos damos conta de quão privilegiados somos e achamos q essa realidade é a de todos. Tem que tomar muito cuidado com algumas generalizações à respeito da situação do gay no Brasil hj em dia e olhar pra fora da bolha d vez em quando.
1- A Regina em nenhum momento disse que era contra ter personagens gays. O que ela disse foi que virou marketing, e virou mesmo. Toda vez que tem um personagem gay é esse circo e os personagens gays nem sempre são bons, nem sempre têm uma discussão ou uma profundidade dramatúrgica. Ora, se a novela das 9 ainda domina as discussões, isso é porque insistimos em dar a ela esse poder. Pra mim pouco importa que haja personagens gays nas novelas. Quero saber se a novela é boa, divertida e interessante (o mesmo para os personagens, gays ou não). Me importa mais que os gays obtenham seus direitos na vida real. Não concordo com tudo o que a Regina disse, mas tampouco discordo da visão dela. Pq a TV só está nos dando visibilidade porque virou lucrativo. O dia em que parar de ser lucrativo, bye bye gays.
2- Sobre os galãs, ela disse duas coisa: que ela não acha que se assumir atrapalha a carreira de ninguém, mas tbém disse que a obrigação de se assumir pra levantar bandeira ela acha absurda. De fato, se achamos que alguém tem qualquer obrigação de fazer algo, acabou a liberdade, né? Cada um decide o que quer pra sua vida.
3- Nós do Lado Bi sabemos muito bem do Brasil fora dos grandes centros e é com ele com quem mais nos comunicamos. No entanto, essa entrevista tem mais a ver com nós gays urbanos que muitas vezes respondemos à sociedade com o mesmo fanatismo com que ela nos trata. E aí vira um ruído ensurdecedor que não leva a conclusão alguma. Ao mesmo tempo, acho muito legal que os gays do interior também saibam que eles não precisam necessariamente se impor de formas que nem sempre serão respeitadas. Isso também faz cidadãos. Não é só o que a cartilha dos ativistas prega que funciona.
Eu não assisto a novela, e fico sabendo do que acontece nela. 2/3 de quem tem TV à cabo não tira da Globo, ou algo parecido. Não dá pra mudar essa mentalidade de uma hora pra outra. Sendo o cenário esse, acho válido toda oportunidade que a gente tem de usar esse sistema pra conseguir visibilidade, por mais que seja feito “por marketing”, não tira o mérito e valor simbólico de estar inserido naquele espaço. Não é do nada que vão surgir boas representações, vai sendo construido com cada oportunidade. Nesse caso acho mesmo que quanto mais melhor.
Tb, a gente não vai ter a confirmação de que se assumir não atrapalha a carreira de ninguém, até que alguém se assuma e isto se comprove na prática. Não acho que ninguém tenha obrigação de levantar bandeira, que temos que empurrar todos pra fora do armário e mandar marchar na porta do congresso. Mas não dá pra não imaginar o impacto que isso teria.
Em um programa passado, algm falou de como nós éramos invisíveis até pouco tempo atrás, mas a verdade é que ainda somos praticamente invisíveis em muitos aspectos. Por isso visibilidade é importante.
Regina Duarte, conservadora até pra ser amiga das Bi!
Você ouviu o programa todo, Pedro? Viu o vídeo e leu o texto todo e mesmo assim achou isso?
Ahan! Achei isso pq a questão de inferir que nossas escolhas são de foro íntimo, que não existe um contexto político por trás é tão conservadora. Entendendo que não tem preconceito algum em seu comentário, mas a partir dele parece que os ativistas são grandes propagandistas do marketing gay e não são. Que ficamos felizes por sermos representados na TV, na verdade é pq estamos sendo usados para ser audiência e publico de consumo. E não é. Se existe todo este alarde é pra que todos possam decidir intimamente com quem vai ou nao beijar transar….
Ok, Pedro, só que o que eu acho é que os gays criaram uma ilusão de visibilidade na TV, que na realidade não ocorre. É tipo os pobres da novela do Manoel Carlos. Só estão lá. E que visibilidade é essa? Crô? Os os gays que nem se beijam ou que, quando se beijam, é o ápice do último capítulo? Sério, se fosse mesmo uma visibilidade real, beijo gay e personagem gay não seria motivo de buzz e propaganda, né? Pelo menos foi o que entendi do que ela disse e é o que penso. 🙂
Gente, não conhecia este programa e nem o site. Conheci há 10 minutos atrás através de um compartilhamento de um amigo no Facebook, mas creio que ele não leu a matéria toda e também não deve ter ouvido o programa também, mas já já eu converso com ele.
Gostei um monte de ambos e também desta matéria, e agora estou ouvindo o programa na íntegra. Achei a Regina bastante sincera, apesar de realmente dar a impressão de não ter tanto contato com a homossexualidade e os assuntos que envolvem este tema. Mas de qualquer forma, conseguiu ser espontânea e parece ser aberta às opiniões, não me pareceu homofóbica.
De qualquer forma, só gostaria de parabenizar o programa e desejar sucesso crescente pra vocês, tudo de bom, adorei o formato do programa e o site também.
Abraços!
OI Juliana, muito obrigado e conversa mesmo com seu amigo. Opinar e acusar alguém de preconceito só lendo um título não rola, hehehe
Ela é “tolerante” mas tem lá seus equívocos e falta de empatia. Me parece (só impressão) aquelas senhoras que vêem os Gays como amigos-cabelereiros, gente divertida pra se conviver em alguns meios. Acho que faltou as perguntas do tipo “como agiria caso fosse um filho seu” (nessa pergunta a Sandy surpreendeu positivamente) ou sobre o que ela acha de dois homens (mulheres) se beijarem na rua. Se ela consegue encarar como demonstração de afeto ou é levantamento de bandeira, propaganda. Discutir isso nas escolas é propaganda? São essas questões que sinalizam o quanto a pessoa encara como algo “normal” ou só que gays são gente divertida pra algumas ocasiões, mas invisíveis no dia-a-dia. Tô dizendo que não ficou tão claro qual é a dela nesses assuntos.
E nem tô levando em conta o uso dos termos “opção” ou “homossexualismo”, pois quem não tá mergulhado no assunto usa casualmente tais palavras. Normal, sinaliza que o contato dela com o tema é por vivências, não leituras.
Mas de fato, é estranhíssimo que ainda tenhamos que pensar “UAU, essa novela tem 4 gays”, pois isso dá a sensação que o Gay é uma entidade rara, e quando surge numa trama é “O assunto”. Imagine as pessoas trans.
PS: Inventei de re-assistir a cena da troca dos bebês. Chorei lágrimas negras! Essa senhora é destruidora mesmo!
Aff, Por mais que muita gente se julgue sem “preconceitos” as vezes uma pontinha se mostra, será que ela esquece que o q move a tv é exatamente o marketing ( maneira mais espontânea? Tipo um ator inventar um personagem gay e entrar no meio da novela sem ser convidado? Pq na tv nada é espontâneo, nada é por acaso até o esmalte da mocinha é muito bem escolhido), o pior é colocarem como se os personagens gays estivessem inundando a tv. Todos os personagens desde o personagem mais trivial ao mais polemico são desenvolvidos com o objetivo de alcançar um certo publico (não vamos esquecer que o publico gay sempre foi negligenciado) e seja qual for o interesse das emissoras de tv em colocar personagens gays na tv a visibilidade é muito importante para gerar o debate e ajudar na quebra dos tabus a respeito da sexualidade/afetividade de pessoas LGBTs.
E essa atitude imbecil dela, é o que? Marketing de intolerância e a prova cabal dos nefastos efeitos da idiotia crônica deslumbrada que reina na mídia brasileira?
Você leu o texto além do título? Viu o vídeo? Ouviu a íntegra do programa para chamá-la ou a nós de intolerantes? Tenho certeza absoluta que não.
As pessoas em geral tendem a rejeitar opiniões que não lhes favoreçam. Regina tem razão. A comunidade gay comemora uma ascensão de temas homossexuais na mídia, mas não percebe que isso não ocorre de maneira natural, mas sim para puro marketing, pra gerar repercussão e virar notícia. Faz tempo que não vejo um filme, uma peça e, principalmente, uma novela em que esse tema apareça de maneira natural.
A orientação sexual não é o “sentido da vida” de uma pessoa, é só (mais) uma característica, que deve ser respeitada assim como quaisquer outras características físicas e/ou psicológicas, escolhidas ou genéticas.
E também acho, assim como ela, que a sexualidade pode ser algo híbrido, maleável. Muitos gays fazem o papel de pastor às avessas, querendo doutrinar, querendo dizer como um gay deve ser e com quem deve se relacionar. A pessoa deveria ter a liberdade de ser, tanto um gay que “levante a bandeira”, quanto um gay omisso e, claro, seria bom se isso fosse uma opção e não uma imposição da sociedade, como é atualmente.
“Muitos gays fazem o papel de pastor às avessas, querendo doutrinar, querendo dizer como um gay deve ser e com quem deve se relacionar.” Cara não são “os gays” que são assim, é a sociedade, somos julgados o tempo inteiro a forma como agimos, nos vestimos, quem namoramos, o que comemos se vc foge dos padrões vc é julgado seja gay, hétero, bi. “A comunidade gay comemora uma ascensão de temas homossexuais na mídia, mas não percebe que isso não ocorre de maneira natural, mas sim para puro marketing, pra gerar repercussão e virar notícia.” Enquanto pessoas gays forem invisibilizadas qualquer menção a homossexualidade vai ser tomada como polemica, como vc espera que a homossexualidade seja retratada “naturalmente” se homossexuais só aparecerem na tv uma vez na vida e outra na morte? Hoje em dia um beijo na boca é considerado natural na tv mas nem sempre foi assim os primeiros beijos foram muito polemicos, as coisas se tornam naturais com o tempo, nunca vi algo inusitado ser levado como natural desde o principio.
Sim, Diego, somos julgados o tempo todo e reagimos a isso agindo da mesma forma na maioria das vezes. Ser gay não faz de ninguém vítima por definição. Mas eu creio que você não ouviu o programa todo. Não acho que o beijo na boca seja considerado natural, nem a existência de personagens gays na TV por um simples motivo: continua causando frisson. Enquanto isso for destaque e não a profundidade dramatúrgica do personagem, a ponto de ninguém ligar mais para sua orientação sexual, isso não terá sido aceito. Outra coisa: não acho que deva ser nosso foco nos preocuparmos com a visibilidade dos gays na TV. Temos que nos preocupar com a conquista dos direitos civis na vida real. O brasileiro tem que parar de achar que só o que acontece na TV é realidade. Nem a Regina nem nós somos contra os personagens gays, o que ela critica é o circo em torno do assunto e um obrigação comercial de ter. Nada além disso. Ouça a íntegra do programa, veja o vídeo e analise todo o discurso. Vc vai ver que ela apenas defende uma naturalidade em relação ao tema. Do jeito que muitos ativistas tratam o tema, vira fanatismo, igual de evangélico.
Eu sou Gay,mas nem por isso tenho que sair gritando na rua.A sua sexualidade, é intimo!.Concordo plenamente com a Regina Duarte,maravilhosa!!!.Bjos
Homofobia internalizada crônica detectada.
Passei a não ir muito com a cara de Regina Duarte.
Talvez seja um bom gancho pra um programa especificamente sobre feminismo.
Apesar de discordar de alguns pontos, não dá pra deixar de dar crédito ao que ela fala. São opiniões que devem ser levadas em conta, principalmente porque vêm de alguém de boa fé e que não é homofóbica. Parabéns pelo programa, foi divertido a parte final que fala dos personagens, cenas e músicas. Regina bastante sincera e aberta. Deve ser uma raridade nesse meio. Viva Regina!