Neste sábado, dia 10, a velocista paralímpica Marieke Vervoort vai competir às 11h na prova de 400 metros rasos femininos. No sábado seguinte, no mesmo horário, ela competirá nos 100 metros rasos e se despedirá do mundo esportivo – e, ao que tudo indica, em breve do mundo todo. Em entrevistas, a atleta vem anunciando que considera submeter-se à eutanásia depois que terminar as competições olímpicas.
Uma das dez atletas abertamente homossexuais dos Jogos Paralímpicos desse ano segundo a lista compilada pelo site Outsports, Vervoort sofre de uma rara doença degenerativa vertebral que lhe causa dores constantes e obrigou-a a utilizar uma cadeira de rodas para locomover-se. Segundo o jornal britânico Daily Mail, ela começou a jogar basquete de cadeira de rodas para auxiliar sua recuperação, e depois passou a competir no triatlo. Ela chegou a participar de uma prova de Ironman no Havaí em 2007. Em 2008 sua condição se deteriorou, e ela passou a se dedicar exclusivamente à corrida na cadeira de rodas. Em 2012, em Londres, a belga ganhou a medalha de ouro na competição de 100 metros rasos e a medalha de prata nos 200 metros rasos, ambos na classe T52.
A doença de Vervoort, no entanto, requer que ela fique sob cuidados constantes. Ela sofre de desmaios regulares, várias vezes por dia, e tem uma labradora chamada Zen treinada para lamber-lhe a cara e acordá-la quando desmaia. As dores que sentem também impedem que ela durma. “Todos me veem rindo, feliz, com as medalhas de ouro. Ninguém vê o lado negro. Eu sofro muita dor”, declarou ao jornal francês Le Parisien. “Às vezes durmo apenas dez minutos. Mesmo assim eu luto pela medalha de ouro. O Rio é meu último desejo.” Em seu diário online, a atleta registrou, por exemplo, no dia 17 de julho:
Felizmente eu tive uma noite melhor, apesar de ter tido um momento de crise que durou em torno de 45 minutos.
Da minha parte, parecia que eu havia dormido apenas uma hora, mas não era o caso.
Meu corpo está exausto por causa disso tudo… Eu deixei que a enfermeira me desse uma injeção de morfina essa manhã, e fui treinar apenas por princípio. Eu literalmente expulsei todos meus medos e frustrações para longe.
Todo esse esforço faz com que a atleta considere a eutanásia, que é legal em seu país natal, a Bélgica. “Eu vou terminar minha carreira depois do Rio. Então veremos o que a vida traz, e eu pretendo fazer meu melhor. Estou começando a considerar a eutanásia”, declarou ao jornal belga L’Avenir em agosto. “Apesar de minha doença, eu fui capaz de vivenciar coisas que outras pessoas apenas sonham em fazer.”
A eutanásia foi legalizada na Bélgica em 2002, e pode ser realizada depois que o paciente obtém permissão por escrito de três médicos. Estima-se que, no país, cinco pessoas por dia morram com auxílio médico.
Vervoort afirma que desde que tornou-se cadeirante, treinar e competir são sua razão de viver. “Quando eu me sento na cadeira de corrida, tudo desaparece”, afirma. “Eu expulso todos os pensamentos tenebrosos, luto contra o medo, a tristeza, o sofrimento, a frustração. É assim que ganho medalhas.”
“Espero encerrar minha carreira num pódio no Rio. Mas vai ser bem difícil, pois a competidora canadense também é muito forte”, considera. A medalhista afirma temer o dia em que sua doença impeça-lhe também de competir no esporte. “É muito difícil constatar, ano após ano, aquilo que não consigo mais fazer”, lamenta.
E, assim planeja sua morte: “Meu funeral não vai ser numa igreja. Não vai ser algo com um pedaço de bolo e um pouco de café. Eu quero que todos bebam uma taça de champanhe e digam, ‘Saúde, Marieke. O melhor para você. Você viveu uma boa vida. Agora você está num lugar melhor’.”
Não não. Faça isso tenho um filho com uma doença degenerativa segundo os médicos ele so tem cinco aninhos mas todo dia nos luta pra cada dia q passa ele viva intensamente ????????