Traduzido do artigo de Hugh Elliott para o jornal The Guardian
Quando eu saí do armário e contei para minha família que sou gay, aos 19 anos, eu havia acabado de me mudar para San Francisco. Ainda não destruída pela praga da Aids, a cidade era uma infame Meca gay, ainda ébria com o ainda relativamente recente advento da liberação gay. Para me apresentar à cidade, eu participei de um dos workshops de autoajuda que eram populares na época, um seminário particularmente voltado para gays, em que o exercício final envolvia escrever para nossos pais e informá-los que se era homossexual. Porque, afinal, todo meu interesse em teatro e música disco já não bastava. Sair do armário era enquadrado como um ato da Revolução Gay, um passaporte que nos libertaria da culpa e do estigma.
É muito lindo no papel. Mas como tantas coisas, a realidade era mais complicada. A resposta da minha mãe foi demonstrar um espanto falso digno de prêmios. “Eu não fazia a menor ideia”, ela me respondeu por escrito, sem convencer, antes de implorar para que eu não dissesse nada para meu padrasto. E, apesar de sua aparente ignorância parecer absurda, o conceito que ela tinha de gays tinha por base as celebridades afeminadas que havia vido em filmes e na TV, como Charles Nelson Reilly, Paul Lynde e Alan Sues. Nenhum desses atores coadjuvantes jamais realmente declararam serem homossexuais, eles apenas interpretavam homens mordazes que vestiam echarpes exuberantes, nem bonitos demais para serem sexualizados nem masculinos o suficiente para parecerem ameaçadores.
Hoje, apesar de haver vários atores famosos que são publicamente homossexuais – o mais notável, provavelmente, é Neil Patrick Harris – nenhum deles é considerado um ídolo das multidões. Muitos dos astros das telas ainda vivem uma vida dupla, fazendo malabarismos para administrar sua imagem pública e sua orientação oculta. Recentemente assisti o documentário Tab Hunter Confidential, em que o ídolo do cinema da década de 1950, Tab Hunter, permite que se vislumbre as maquinações envolvidas em ser um astro dentro do armário naquela era. Ele concedeu uma entrevista essa semana em que revela ainda mais. Sair do armário como acontece hoje não era uma opção. No entanto, Hunter conta como lidou com as complicações e até conseguiu manter relacionamentos, como o que teve com o ator Anthony Perkins, que buscava sua própria trajetória como astro de cinema.
E, apesar de Confidential nos mostrar uma versão nobre e idealizada de como Hunter lidava com as pressões de ser gay, muito do que ele conta é sincero e profundo. Principalmente quando frisa que a decisão de revelar sua orientação sexual foi, em última instância, sua e apenas sua. É uma verdade que cada vez mais é desconsiderada quando as pessoas falam sobre sair do armário, conforme o estigma mundial diminui e trata-se disso com superficialidade. As consequências podem ser menos drásticas hoje, mas essa ainda é uma decisão pessoal.
Recentemente o jovem ator gay Noah Galvin, protagonista da sitcom The Real O’Neals, foi condenado publicamente por comentários que fez durante uma entrevista sobre o também ator Colton Haynes. Haynes havia acabado de vir a público sobre sua homossexualidade, de maneira bastante discreta, algo que Galvin descreveu como “bobagem de um cara cagão” (mais tarde ele pediu desculpas). Seu desprezo pela maneira café-com-leite como Haynes fez sua revelação não poderia ser mais diferente da maneira como a indústria cinematográfica há tanto tempo evita a ideia de que emprega qualquer pessoa homossexual, principalmente se essa pessoa for um ator que espera tornar-se protagonista de filmes.
Pode parecer estranho que uma área que depende tanto dos talentos e dons dos homossexuais teria uma obsessão tão grande em ocultar a orientação sexual verdadeira de suas pessoas mais importantes e de seus rostos mais conhecidos. Em geral o argumento usado é “o público não vai acreditar que fulano de tal está interpretando um homem heterossexual se souber que ele é gay”. É uma artimanha curiosa por parte da indústria, fingir preocupação com nossa crença a respeito dos desejos sexuais dos heróis, quando ele ou ela estão cercados por dragões voadores e alienígenas belicosos.
Quem, exatamente, é esse público misterioso que se deixa confundir quando os protagonistas fingem serem heterossexuais? Os gays são capazes de acreditar que um personagem é hétero, mesmo quando o ator é gay. Afinal de contas, nós somos especialistas em dar esse tipo de truque. Não imagino que as mulheres realmente se importem com isso. O público que é a razão de tanta preocupação, claro é a faixa demográfica que se considera tão preciosa, a do jovem heterossexual masculino, cujo poder de compra se considera digno de lendas. Saber que seu herói das telas é gay poderia fazer com que se questione o que é ser masculino, o que significa ser verdadeiro a si mesmo, o que realmente é ser um homem que é honesto sobre quem ama. Deus nos acuda. O que aconteceria depois disso?
Eu Fiquei muito feliz pelo Colton Haynes se assumir gay<3 Esse homem é muito lindo, gostoso demais<3
Preciso de um homem desse na minha vida.<3
Sim, ele é muito lindo! quero namorar e casar com esse Deuso gato.
Ele é o amor da minha vida. Amo muitoooo