Em 2014 a drag queen barbada Conchita Wurst foi a vencedora do concurso de música pop Eurovision, tradicional competição que envolve vários países europeus e já consagrou nomes como ABBA e Celine Dion. Wurst havia representado a Áustria na disputa, e, segundo as regras, esse país seria a sede do Eurovision em 2015.
Uma das maneiras que Viena, capital da Áustria, encontrou para preparar-se para o evento e demonstrar seu apreço pela inclusão foi alterando os bonequinhos de 120 semáforos de pedestre em suas ruas. Desde maio de 2015 casaizinhos homoafetivos de mãos dadas passaram a indicar a hora de aguardar e avançar nos cruzamentos. A administração da cidade declarou que essa era uma maneira de demonstrar como a cidade tem a mente aberta, mas políticos do Freiheitliche Partei Österreichs (FPO, Partido da Liberdade da Áustria), um partido de direita, opuseram-se à medida.
A iniciativa provou-se tão popular que também foi adotada pelas cidades de Linz e Salzburg. Quer dizer, havia sido. Markus Hein, responsável por questões de trânsito de Linz e membro do FPO, ordenou que os semáforos “homoafetivos” fossem removidos. “Semáforos são para cuidar do trânsito, e não devem ser mal-utilizados para sugerir como alguém deve viver sua vida”, afirmou. Segundo o político, os direitos LGBT já avançaram o suficiente, o que tornaria esses semáforos “completamente desnecessários”.
Muitos consideram a medida vergonhosa. Sevrin Mayr, membro do Partido Verde local, declarou que “as outras cidades colocaram esses semáforos para promover a abertura e a coexistência pacífica”, e que é lamentável que Linz caminhe no sentido oposto. Outros têm questões mais práticas: os semáforos LGBT foram colocados com dinheiro de doações para esse projeto. O que a cidade terá a dizer para os doadores?