truvada prep

PrEP: em 2,5 anos de tratamento, 0 novas infecções, revela estudo

A pílula diária que impede a contaminação pelo HIV teve 100% de eficácia; uso de preservativo diminuiu e de DSTs aumentou

por Marcio Caparica

Um estudo com 657 pessoas que fazem PrEP (Profilaxia Pré-Exposição), ou seja, tomam um comprimido de Truvada todos os dias para prevenir a contaminação pelo HIV, descobriu que nenhum dos observados contraiu o vírus durante os dois anos e meio de observação.

O estudo foi realizado pela seguradora Kaiser Permanente, de Oakland, California. Os participantes do estudo eram todos moradores de San Francisco, e 99% deles eram HSH (homens que fazem sexo com homens). “Nosso estudo demonstra que a PrEP funciona no mundo real”, afirmou o pesquisador Dr. Johathan Volk, um dos coordenadores do estudo.

Esse estudo também revelou que, seis meses depois do início do tratamento, 30% dos participantes havia contraído pelo menos uma doença sexualmente transmissível, principalmente clamídia, gonorreia e sífilis. Depois de 12 meses, esse percentual aumentou para 50%.

O resultado de zero infecções surpreendeu até mesmo os organizadores do estudo. Tendo por base os dados de testes prévios da PrEP entre participantes com níveis equivalentes de DSTs, esperava-se algo por volta de 8,9 infecções de HIV para cada 100 pessoas-ano.

Além disso, 188 dos participantes responderam a um questionário sobre suas práticas sexuais depois de seis meses tomando Truvada. Eles revelaram que, apesar do número de parceiros sexuais continuar o mesmo, 41% deles reduziu o uso de preservativo. O Dr. Volk, no entanto, faz questão de frisar que esses dados comportamentais não são rigorosos o suficiente para estabelecer uma relação de causa e efeito entre a PrEP e o menor uso de camisinha. A pesquisa, por exemplo, não avaliou o risco de exposição ao HIV de quem respondia ao questionário, nem de seus parceiros, nem perguntava se eles decidiam fazer sexo sem preservativo porque o parceiro também estava tomando Truvada. Além disso, não há, obviamente, um grupo de controle, para saber se o uso de preservativo seria menor mesmo sem PrEP ou não.

É importante observar que a pesquisa não realizou medições do nível de medicamento no sangue dos participantes da pesquisa para certificar-se de que estavam tomando Truvada diariamente – todos foram escolhidos porque haviam pedido a seus médicos para iniciar o tratamento, e pediram para que a seguradora bancasse a PrEP. Também não pode-se considerar que esse estudo tenha o mesmo rigor de uma pesquisa científica, pois não há grupo de controle que tomou placebo. Mesmo assim, a notícia é extremamente animadora. “Isso demonstra que a PrEP é extremamente eficaz”, comemorou o Dr. Volk. “Com a PrEP, temos mais uma linha de defesa contra o HIV.”

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3 comentários

Henrique

Boa Noite Marcio, Já tirei algumas dúvidas com você , acabei optando pelo não uso da camisinha no sexo oral por opção minha , mas diminui o número de parceiro sexuais para tentar diminuir o risco, mas sempre fica uma pontinha de medo do risco, mas enfim venho perguntar se existe mas alguma informação disponível sobre a distribuição do Truvada em 2016 pelo SUS, porque vário site diziam do interesse do SUS deixa-lo disponível no começo de 2016 , e no final não se falou nada , apenas se comenta de um estudo até o final do ano com jovens , mas descartam adultos acima de 30 , e o acesso ao Truvada está muito distante da maioria da população brasileira seja pelo valor altíssimo ou pela falta de disponibilidade por ser um medicamento importado , o que causa uma frustação que países que anunciavam a distribuição do remédio pela rede pública já o fazem , como o caso da França. E para piorar não existe ficha cadastro ou de espera , nem uma perspectiva sobre datas na rede pública , creio que seria o primeiro passo pois são poucos os infectologistas e locais para atendimento tão especifico ,disponíveis pelo Sus .Grato novamente pela oportunidade.

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