5 figuras históricas que deveriam protagonizar o filme “Stonewall”

Conheça as mulheres de várias identidades de gênero, etnias e orientações sexuais que tiveram papéis importantes no estopim do confronto que definiu a luta pelos direitos LGBT

por Marcio Caparica

Tudo que temos do filme Stonewall, de Roland Emmerich, é o trailer. A impressão que ele passa, no entanto, não é das melhores: ao que tudo indica, a trama do longa segue a trajetória de um jovem branco do interior, que, depois de fugir de casa por ser gay, acaba se envolvendo com a comunidade LGBT de Nova York e acaba por ocupar uma posição de destaque na revolta de Stonewall. O conflito que é considerado um marco na história da luta pelos direitos LGBT, na verdade, foi protagonizado por mulheres trans negras e latinas, fato que muitos tentam ocultar – mesmo dentro da comunidade LGBT.

Emmerich, famoso por produzir filmes cataclísmicos como Independence Day, 2012, O Dia Depois de Amanhã e Godzilla, jura que o filme respeita a história e que qualquer impressão negativa é resultado de decisões feitas pelo departamento de marketing, que editou o trailer. Mesmo assim, fica a pergunta: por que fazer uso de um personagem fictício, quando os fatos reais já oferecem tantos personagens ricos e interessantes? O que não falta nessa narrativa são figuras históricas que poderiam tranquilamente protagonizar um longa como esse. Confira  a seguir uma lista de apenas cinco deles, compilada pelo site SheWired:

1. Stormé DeLarverie

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DeLarverie foi uma lésbica caminhoneira, e a pessoa que primeiro deu um soco num policial durante a batida policial que deu início à revolta. Seu gesto serviu de estopim para que a multidão que observava impotente entrasse em ação e revidasse a agressão dos policiais. DeLarverie era mestre de cerimônias, cantora e segurança, e também trabalhava voluntariamente como protetora das ruas de Greenwich Village, point gay da época, declarando-se “a guardiã das lésbicas”.

2. Marsha P. Johnson

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Mulher trans, Johnson também foi uma das drag queens mais conhecidas de Nova York. Após de DeLarverie dar seu primeiro (e já histórico) soco, Johnson foi uma das primeiras que partiu para a briga. Ela fundou o grupo Street Tranvesttite Action Revolutionaries (STAR – Revolucionários pela Ação de Travestis de Rua, em tradução livre) com sua amiga Sylvia Rivera, dedicado a levar alimentos e roupas para jovens trans, drag queens e outros adolescentes sem-teto.

3. Sylvia Rivera

Sylvia Rivera

Nessa história em que cada figura parece contribuir com o primeiro de algum ato, consta que foi Sylvia Rivera, uma mulher trans bissexual, quem primeiro atirou uma garrafa contra a polícia dentre a multidão que assistia da calçada à batida policial que ocorria no Stonewall Inn. Ela veio a fundar outras organizações de ativismo LGBT, como a Gay Liberation Front e a Gay Activists Alliance, além de co-fundar o STAR com sua amiga Marsha P. Johnson.

4. Miss Major Griffin-Gracy

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Griffin-Gracy teve papel de liderança durante os embates e foi presa durante o protesto. Segundo ela, um policial fratural sua mandíbula durante o período em que esteve sob custódia. Hoje ela é diretora executiva do Transgender GenderVariant Intersex Justice Project, um grupo dedicado a auxiliar pessoas trans que encontram-se encarceradas.

5. Brenda Howard

Brenda Howard

Brenda Howard é conhecida como a “Mãe da Parada”. Bissexual, Howard organizou os primeiros protestos após a revolta, e, posteriormente, a marcha na data do primeiro aniversário da revolta de Stonewall. Foi ela quem estabeleceu a ideia de celebrar-se o orgulho LGBT durante toda a semana do aniversário dos confrontos, o que levou ao formato da Parada do Orgulho LGBT como conhecemos hoje.

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