Descubra o que acontece quando dois homens andam de mãos dadas em Moscou

A aceitação de LGBTs está aumentando em várias partes do mundo -e outras, em reação, estão acirrando seus preconceitos. Uma pesquisa feita em 2013 descobriu que 74% dos russos pensam que a homossexualidade não deve ser aceita pela sociedade (em 2002, 60% dos entrevistados tinham essa opinião). Como o assunto do casamento igualitário ganhou as pautas mundiais depois que a Suprema Corte tornou-o legal nos Estados Unidos, dois blogueiros do canal do Youtube ChebuRussia resolveram fazer um experimento: passear por algumas horas de mãos dadas pelas ruas de Moscou e ver o que acontecia.

O vídeo, que já foi visto mais de 3 milhões de vezes, mostra toda a hostilidade a que LGBTs da Rússia são submetidos diariamente. Muitos olham o casal com incredulidade, apontam e riem dos dois (“Olha aqueles dois gays passando”, fala um homem a certa altura). Vários xingamentos são proferidos para os dois, entre comentários como “Ei, bichas, já tem muita viado na Rússia hoje em dia” e “Vão embora da Rússia!”.

A certa altura, um homem esbarra de propósito em um dos dois blogueiros, e depois tenta puxar briga: “Porra, qual é o seu problema? Chega aqui, viado!”. O casal segue em frente, abalado. Mais tarde, outro homem faz a mesma coisa, mas passa entre os dois, separando-os.

Como gostamos de lembrar, isso tudo pode parecer muito distante, mas reações similares aconteceriam aqui no Brasil na maioria das cidades.

A homossexualidade não é proibida na Rússia, mas LGBTs têm sido alvo de agressões do governo de Vladimir Putin nos últimos anos. Em 2013, o governo russo sancionou uma lei que proibia que se falasse de maneira positiva sobre a homossexualidade, a infame lei contra “propaganda gay”. No último dia 8 de julho, na celebração anual do “Dia da Família, Amor e Fidelidade”, um evento nacional, Putin revelou sua proposta de bandeira do “orgulho hétero”: um casal heterossexual de mãos dadas com três crianças. Essa bandeira é uma reação à bandeira do arco-íris do movimento LGBT, que havia tomado conta das redes sociais.

O Patriarca Kirill, líder da Igreja Ortodoxa Russa, religião de 75% da população do país, declarou em 2013 que o conceito do casamento igualitário era “um sinal muito perigoso da chegada do Apocalipse.”