Mais um caso medonho de homofobia aconteceu na cidade de São Bernardo do Campo. A vítima, no entanto, é um homem heterossexual, casado há um ano, sem filhos que comemorava seu aniversário de 33 anos com amigos em um bar.
Tudo aconteceu quando Gustavo Guazelli, a vítima, resolveu comprar cigarros em um posto de gasolina. Ele só não imaginava que o gesto simples de abraçar seu amigo Vanderly Pereira Pessoa, 34, despertaria a ira de um caminhoneiro que passava pela região. Os dois foram confundidos com casal gay e, segundo Pessoa, ofendidos com palavras homofóbicas na madruga de sábado (30 de maio).
Guazelli morreu no local ao ser atropelado pelas rodas traseiras do veículo, enquanto seu amigo conseguiu sair ileso.
Segundo nota do jornal “Diário do Grande ABC”, a PM informou que os dois estavam em um bar comemorando o aniversário da vítima, que tinha uma banda. Ao se dirigirem a um posto de gasolina próximo, onde iriam comprar cigarros, os dois foram surpreendidos com xingamentos de caráter homofóbico feitos por um caminhoneiro que passava pelo local.
Sem entender, Guazelli dirigiu-se à cabine do motorista, mas teria sido surpreendido por ameaça de agressão com barra de ferro. Protegido pelo amigo, o rapaz conseguiu se esquivar mas, ao tentar sair da rota do caminhão, se desequilibrou e acabou sendo atingido de forma fatal pelo veículo. A vítima, que não tinha filhos, deixou sua mulher antes mesmo de completar um ano de casado. A união foi oficializada em outubro.
Segundo a PM, o caminhoneiro Wilson Romão Batista, 53, foi encontrado na casa da irmã. O suspeito alegou não ter visto a vítima e somente ter reagido ao avistar dois indivíduos estranhos que estariam com uma barra de ferro. O caso foi registrado no 3º DP de São Bernardo, onde Batista foi indiciado por homicídio qualificado.
Esta é apenas a mais recente história em que a homofobia vitimou um heterossexual.
Em junho de 2012, um outro caso ganhou as páginas dos jornais em Salvador (BA). Uma reportagem do jornal “O Globo” daquela época contou a história de José Leonardo da Silva, 22, que ao caminhar abraçado com seu irmão gêmeo, José Leandro, despertou a ira de outros homens.
Os gêmeos foram espancados por cerca de oito pessoas na madrugada do domingo (24) quando voltavam do Camaforró, na cidade de Camaçari (Grande Salvador). Leonardo morreu no local ao receber várias pedradas na cabeça, enquanto Leandro foi levado ao Hospital Geral de Camaçari com um afundamento na face, mas já recebeu alta.
Os agressores, que não tinham passagem na polícia, foram presos no mesmo dia do crime. Segundo a delegada da 18ª DT, Maria Tereza Santos Silva, trata-se de um crime de homofobia. “Pensaram que eles fossem um casal homossexual. Os agressores e as vítimas não se conheciam e não tiveram nenhuma briga anterior, por isso acho que a motivação seja a homofobia.”
A delegada relata que o grupo desceu de um micro-ônibus ao ver os gêmeos abraçados e iniciou as agressões. “Eles alegaram que acharam que era um homem e uma mulher brigando.” Após as investigações, ela indiciou três das sete pessoas conduzidas para a delegacia. Douglas dos Santos Estrela, 19; Adriano Santos Lopes da Silva, 21; e Adan Jorge Araújo Benevides, 22; foram autuados em flagrante por homicídio qualificado (por motivo fútil) e formação de quadrilha.
Para a delegada Maria Tereza, o crime contra os gêmeos mostra um problema social. “Estamos no século 21 e matar uma pessoa porque é homossexual é um absurdo. Um jovem pagou com a vida porque foi confundido com um gay.”
O caso dos gêmeos aconteceu pouco menos de um ano depois de outra agressão motivada por homofobia causar danos a outro heterossexual. As vítimas, desta vez, eram pai e filho.
Segundo reportagem do G1, um autônomo de 42 anos teve parte de sua orelha decepada durante uma confusão em uma festa agropecuária em São João da Boa Vista, no interior de São Paulo só porque estava abraçado com o filho de 18 anos.
Na ocasião, um grupo de jovens se aproximou e perguntou se eles eram um casal gay. Mesmo com a negativa, pai e filho foram agredidos. O autônomo ficou desacordado e, quando se recuperou, percebeu que havia perdido parte de sua orelha.
“Não pode nem abraçar o filho. Ainda abracei ele, coisa de um segundo, não sei se abracei para chamar ele para tomar alguma coisa, é algo normal. Estava eu, meu filho, minha namorada e a namorada dele. Elas foram no banheiro e nós ficamos em pé lá. Aí eu peguei e abracei ele. Aí passou um grupo, perguntou se nós éramos gays, eu falei ‘lógico que não, ele é meu filho’. Ainda falaram ‘agora que liberou, vocês têm que dar beijinho’. Houve um empurra-empurra, mas acabou. Eles foram embora, achamos que tinha acabado ali”. “Não sei se eu tomei um soco, o que foi, veio de trás, pegou no queixo, eu acho que eu apaguei. Quando eu levantei achei que tinha tomado uma mordida. Eu senti, a minha orelha já estava no chão, um pedaço.”
O quarto e último caso foi motivado por transfobia. Uma aeromoça foi agredida no bairro Coroa do Meio, Zona Sul de Aracaju. Segundo Geilsa da Mota, os agressores a confundiram com travesti.
Independente de ela ser hétero ou não, Geilsa é uma mulher cis que foi confundida com UMA travesti.
Geilsa foi vítima de transfobia. Mas o GGGG adora generalizar.
Geilsa foi vítima de transfobia mesmo e isso está no texto sobre a morte dela, mas a “militância” dogmática fundamentalista adora generalizar lendo só o título. E não, não vou usar aquele amontoado de siglas homolesbotransfobia no título porque meu objetivo não é me comunicar com a militância, mas com quem nos oprime. Este é um texto pra heteros e para eu me comunicar com eles não posso usar um termo que nem entre LGBTs é popular. Antes de vir cagar regra, vai estudar comunicação.
O que eu vejo em comuns nestes fatos: a cachaça. Mas a da aeromoça desculpa mas é muito engraçado! Kkkk
[…] http://www.ladobi.com/2015/06/homofobia-problema-heteros/ […]
Pois é, já tinha ouvido falar do caso do pai e filho e agora mais estes! Não queriam assaltar! Só fizeram tudo isso por que acharam que as vítimas eram lgbt e ainda falam que homofobia não existe ou que tudo é crime passional dentro da comunidade!
Pois é, James, pois é, estamos vivendo tempos muito estranhos. Certamente, você está acompanhando a polêmica em torno da crucificação da transexual na Parada, a gritaria da bancada evangélica na Câmara e a brava resistência do Jean Wyllys. Ah, só complementando o assunto do texto, o rapaz agredido com a lâmpada naquele episódio da Paulista informou na época não ser gay, ele estava acompanhado de amigos gays (…) Precisamos nos unir cada vez mais, querido James, a tensão está grande, inclusive eu fiquei passado com o fato de muitos lgbt’s terem feito coro com os detratores da transexual crucificada na Paulista, que tristeza isso. Abraços mil, você, o Márcio e os meninos fazem um trabalho excelente, estamos juntos, sinto como se fôssemos amigos e tenho certeza de que somos irmãos nessa luta. Vamos em frente!