Em outubro do ano passado as autoridades suecas detectaram indícios preocupantes de que submarinos haviam invadido seu território marítimo. E ao que tudo indica, esses submarinos eram russos – o que causa uma sensação de dejà vu no país, que foi o alvo de vários episódios de intrusão de seu território pela marinha russa na década de 1980, durante a Guerra Fria. A Rússia vem se tornando cada vez mais agressiva com seus vizinhos nos últimos anos – veja a disputa entre Rússia e Ucrânia pela Crimeia – portanto não é de se espantar que o governo da Suécia tenha resolvido aumentar seus gastos militares nos últimos meses.
Há quem proponha uma outra solução, no entanto. Um grupo de ativistas suecos conhecido como Swedish Peace and Arbitration Society (SPAS – Sociedade Sueca de Paz e Arbitração) lançou uma campanha para conter a militarização de seu país e, de quebra, trolar o governo russo e seu comportamento homofóbico.
A organização criou um painel de neon à prova d’água com a figura de um marinheiro de cueca balançando provocantemente os quadris. Ele também exibe a mensagem “Welcome to Sweden – Gay since 1944” (Bem-vindos à Suécia – Gay desde 1944), fazendo uma referência ao ano em que a homossexualidade deixou de ser crime na Suécia. Batizado de “Singing Sailor” (Marinheiro Cantor), o painel também emite sinais em código morse que dizem “This way if you’re gay” (Vem pra cá se você for gay, em tradução livre). A figura do marinheiro foi submergida no local em que os submarinos foram detectados, na esperança de espantar/provocar/excitar os marinheiros russos que passem por ele.
Isso tudo, é claro, faz referência às infames leis contra “propaganda gay” implementadas na Rússia desde 2012. Essas leis basicamente proíbem que se diga qualquer coisa positiva sobre a homossexualidade e outras formas de relação sexual “não tradicionais” em escolas, na mídia e outros ambientes públicos. Graças a essas medidas, a quantidade de crimes homofóbicos na Rússia aumentou, e o país passou por várias saias-justas durante os Jogos Olímpicos de Inverno em Sochi por causa de atletas LGBTs que não se sentiam seguros para entrar no país.
Daniel Holking, chefe de arrecadação e comunicação da SPAS, afirmou no site do grupo: “Se houver algum submarino por aí e alguém da tripulação ouvir ou enxergar o marinheiro, serão todos bem-vindos para participar da Parada do Orgulho LGBT no dia 1 de agosto em Estocolmo. Em tempos de conflito, o amor e a paz dos dois lados da fronteira são ainda mais importantes que o normal.”
O Marinheiro Cantor também tem como intenção enviar uma mensagem para o governo sueco: há maneiras melhores e mais criativas de se lidar com ameaças em potencial. “Há muitos modelos contemporâneos no mundo de como se resolver conflitos sem intervenção militar”, afirma Anna Ek, presidente da SPAS. Como afirma a mensagem no final do vídeo de divulgação da ação: “se armas funcionassem como um método de se resolver conflitos, haveria paz mundial há muito tempo”.