Chegou o verão no Irã, e a nova estação trouxe um novo lote de proibições do governo iraniano. Estão oficialmente proibidos no país cortes de cabelo considerados “de gay” e “demoníacos“, com o intuito de se erradicar as influências ocidentais que assolam o país sempre que a temperatura começa a subir. Homens também estão proibidos de fazerem bronzeamento artificial e de aparar as sobrancelhas.
Mostafa Govahi, líder do sindicato dos barbeiros do país, anunciou essa semana durante um programa de televisão no canal iraniano Manoto, de oposição, que todas as barbearias do Irã receberam uma lista de cortes de cabelo “apropriados” para homens. A intenção é conter o crescente número de jovens que estão apresentando cortes de cabelo eriçados. “Cortes de cabelos que mostrem símbolos ou sinais de adoradores do demônio ou aqueles que são adotados por homossexuais estão banidos”, declarou Govahi. “Eu não permitirei estes estilos errôneos enquanto eu mantiver meu cargo.”
Govahi afirma que as medidas estão de acordo com as normas ditadas pelo aiatolá Ali Khamenei, líder supremo do país. “Qualquer barbearia que corte o cabelo num estilo demoníaco sofrerá graves consequências e terá sua licença revogada”, ele continuou. “Tatuagens, tratamentos em solários e fazer a sobrancelha [em homens] também estão proibidos”.
Todos os anos o governo iraniano tem implementado medidas com a intenção de cortar as asinhas de seus jovens. Em 2011 os homens iranianos foram proibidos de usarem colares. No ano anterior foram proibidos mullets e rabos de cavalo para os meninos. Todos esses estilos foram considerados anti-islâmicos.
O presidente iraniano Hassan Rouhani fez declarações se opondo às medidas, insistindo que o papel da polícia não é fazer cumprir o Islã, mas sim as leis civis. A polícia, no entanto, obedece aos aiatolás, e não dão importância às declarações do presidente. “Todos os indivíduos, inclusive a polícia, são obrigados a fazer cumprir as leis do Irã”, o aiatolá Makarem Shirazi respondeu a Rouhani.
Os policiais religiosos continuam de olho em qualquer sinal de ocidentalização. Um grupo na cidade de Quazvin pediu que as autoridades proibissem que salões de beleza realizassem depilação completa nas mulheres iranianas – estavam preocupados em particular com a depilação íntima. Manequins de loja com peitos e quadris grandes também tornaram-se alvo das polícias religiosas e das milícias basij, as forças militares voluntárias dos religiosos.