Cada vez fica mais claro como a televisão brasileira está atrasada (empacada?) quando o assunto é sexualidade e diversidade.
The Fosters é um seriado que estreou em 2013 no canal ABC Family. Ele acompanha os dramas de um casal interracial de lésbicas e seus vários filhos, naturais e adotados. Há vários episódios o programa vem desenrolando a amizade entre um de seus filhos, Jude, e seu colega de escola, Connor.
Logo no começo o roteiro deixa claro que Jude é gay. Em um episódio, Jude sofre bullying por pintar as unhas; em solidariedade, Connor faz o mesmo.
Alguns episódios depois, os dois acampam juntos numa excursão e algo acontece dentro da barraca, à noite. Mais tarde, os dois vão juntos ao cinema, e rola uma daquelas pegadinhas na mão, cheias de frisson e medo, que a gente só tem quando está no início de carreira.
Finalmente, ontem, como Connor não se resolve, Jude não aguenta mais ficar na dúvida e estoura. “Você me beijou! Lembra? Na barraca? E depois no cinema você pegou na minha mão. E agora você passa o dia inteiro… Eu… Eu não entendo. Eu não te entendo.” Daí Connor parte pro ataque e beija Jude.
Outros seriados como Glee e Teen Wolf também já exibiram beijos e pegações entre seus elencos adolescentes (mas ninguém tão jovem). Reparem como até agora os quatro cavaleiros do Apocalipse não dizimaram os pecadores que assistem TV no hemisfério norte.
Enquanto isso, no Brasil, as novelas apresentam cada vez mais personagens gays – com a próxima mudança de enredos, haverá sete deles entre os três horários – mas ainda se considera afeto e beijos entre eles algo muito chocante para o cidadão comum. Autores ficam justificando por que não acham necessário que seus personagens homossexuais troquem afetos que não são dignos sequer dos personagens heterossexuais mais recatados. Oba-oba entre três mulheres bêbadas durante festa do BBB pode, desde que seja rapidinho – vamos agradar uzômi que se imaginam no meios “dessas gatas”. Beijos, carícias entre dois homens? Demonstrações de amor e afeto verdadeiras entre casais homoafetivos? DESNECESSÁRIO. Melhor exibir uma narrativa de estupro, que pelo menos o pessoal acha engraçado.
Chorei… lindo demais…
Meu Deus, como gostaria de ter nascido hoje… não carregaria essa mala tão pesada cheia de ódio e raiva jogado durante a minha vida por ser gay.
Impecável seu texto, fica difícil acrescentar algo. Mas só uma coisa: lendo os comentários (fóbicos, claro) nas postagens sobre esse video no FB, lembrei que nos EUA, nas redes sociais, tbm chove comentário preconceituoso. O que parece ser diferente lá é que as emissoras de TV não estão mais com medo e intimidadas com esses haters, e estão apostando forte na diversidade. Aqui, parece que são completamente submissas à tv , aos anunciantes e ao público conservador, atrasado, intransigente e ditador.
Corrigindo, *submissas aos executivos, …
me dua um nojinho quando vejo ,como ficou os personagem gay de império…~~