Mulher-gato é bissexual, confirma autora da HQ

Na edição da HQ Catwoman que chega esse mês às bancas, Selina Kyle beija uma mulher; escritora garante que isso não será passageiro

por Marcio Caparica

A DC Comics continua ampliando seu leque de personagens LGBT. Depois da Batwoman, uma heroína lésbica, e um Lanterna Verde gay, agora é a vez da Mulher-Gato confirmar o que muitos já suspeitavam: ela é bissexual.

A Mulher-Gato (conhecida como Selina Kyle em sua identidade secreta) é uma das antagonistas mais clássicas do Batman. Os dois têm uma relação de atração e inimizade que vem sendo desenvolvida há décadas nos quadrinhos e nos filmes. Ao longo da existência da personagem ela também já se insinuou para várias mulheres, mas nunca fez nada explícito, até agora. Na edição 39 de sua HQ mensal, que acabou de chegar às bancas, Selina beija uma mulher.

catwoman39“Ela já flerta com essa ideia – literalmente, muitas vezes – há vários anos; para mim, isso é mais uma confirmação que uma revelação”, escreveu Genevieve Valentine, a atual autora do título, em seu blog. Ela também confirma que a bissexualidade de Selina Kyle, com essa cena, vai entrar para o cânone da personagem, ou seja, isso não é apenas um truque para aumentar as vendas temporariamente: a bissexualidade da Mulher-Gato torna-se oficial, e vai ser desenvolvida daqui para frente.

A trama atual do gibi acompanha o que acontece com Selina quando ela abandona temporariamente a identidade de Mulher-Gato para comandar um grupo mafioso em Gotham City. Uma nova personagem chamada Eiko toma para si a máscara da Mulher-Gato. Numa cena em que as duas estão se despedindo, Eiko alerta Selina que “eles vão declarar guerra a você”, e pede: “Tome cuidado. Por favor”. Selina responde: “Eu sei”, e as duas se beijam. Em seguida, Eiko pergunta “Isso foi para mim, ou para o uniforme?”. A resposta de Kyle: “Eu não sei. Se nós sobrevivermos a isso, vai ser bom descobrir”, enquanto se afasta da nova Mulher-Gato.

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A autora faz questão de frisar que o relacionamento entre Selina e Eiko vai ser desenvolvido, mas a conexão que ela tem com o Batman não será esquecida: “Não é assim que a bissexualidade (ou a humanidade) funciona”.

A especialista em quadrinhos Laura Sneddon, autora do blog, comicbookgrrrl, comemorou em entrevista ao jornal The Guardian: “Isso é um acontecimento, pois, apesar da Mulher-Gato ter flertado com mulheres no passado, isso sempre fazia parte de uma imagem hipersexualizada da personagem, e não um desenvolvimento significativo de sua personalidade. (…) Nenhum dos outros personagens LGBT da DC Comics são tão populares quanto a Mulher-Gato. E essa é a Mulher-Gato de verdade, não uma versão de um mundo alternativo ou outra pessoa que veste o uniforme, mas sim a própria Selina Kyle.”

“Esse não é um engano, ou controle mental, ou várias outras artimanhas que já foram usadas para explicar beijos ‘chocantes’ no passado”, continua Sneddon. “Isso torna esse acontecimento ainda mais importante para fãs LGBT, principalmente para mulheres bissexuais, que muitas vezes não conseguem encontrar representações não-sensacionalistas na mídia em geral, e nos quadrinhos de super-heróis em particular. (…) Quem sabe ela será seguida em breve pela Hera Venenosa e Harley Quinn.”

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