Já escrevi aqui algumas vezes sobre “American Horror Story” e como essa série trata da diversidade mais que qualquer outro programa de TV da atualidade, abordando não apenas questões de gênero, mas também racismo, feminismo e homossexualidade. Mas uma história ainda inédita, que nos foi passada com exclusividade ao UOL e ao Lado Bi, é sobre como Ethel Darling, a mulher barbada vivida por Kathy Bates na temporada “Freak Show” mexeu com as fantasias de gênero da atriz.
Vítima de um câncer, Bates perdeu os dois seios e entrou em depressão, mas tudo mudou graças à ajuda da amiga Jessica Lange, que falou com o produtor da série, Ryan Murphy (também autor de “Glee” e “Nip/Tuck”), que por sua vez convidou a atriz de “Louca Obsessão” e “Titanic” para participar da terceira temporada. O papel da torturadora de escravos Delphine Lalaurie, que viveu na Nova Orleans do século 19, em “Coven”, rendeu-lhe um Emmy.
Segundo ela, o encontro com Murphy despertou sua “criança interior” e rejuvenesceu seu espírito. “Fiquei tão animada. Acho que Ryan realmente aprecia atrizes mais velhas. Ele está rejuvenescido nossas carreiras e nos colocou perante ao público com nosso melhor. Nós temos uma base de fãs mais jovens agora. Eu credito a ele o fato de não apenas rejuvenescer minha carreira, mas de rejuvenescer o meu espírito”, disse a atriz, que ficou mundialmente famosa ao interpretar a psicopata Annie Wilkes no clássico de Stephen King “Louca Obsessão”. O papel lhe rendeu o Oscar de melhor atriz.
A declaração foi dada durante uma entrevista a jornalistas latino americanos em dezembro do ano passado. Durante a conversa, Bates falou especialmente sobre o papel de Ethel, em “Freak Show”. “[Me identifico com] sua autenticidade, sua força, sua luta e também porque me tornei uma sobrevivente do câncer, assim como ela, que descobre ter um câncer de fígado. Eu me identifiquei muito com aquela cena no consultório do médico [em que a personagem descobre seu diagnóstico].”
Outro aspecto de sua doença que encontra paralelo na personagem é o fato de Bates ter perdido os seios. “Uma das minhas fantasias com essa personagem era poder sair na rua vestida de homem, de terno, cartola, só para ver como seria. Especialmente agora, que não tenho mais seios. Acho que teria sido muito divertido.”
Desta vez, narra a história do último circo itinerante dos Estados Unidos que tem entre suas atrações apenas pessoas com deformidades físicas, liderado por uma atriz alemã decadente, Elsa Mars (Jessica Lange).
Além da mulher barbada vivida por Kathy Bates, a história gira em torno de duas gêmeas siamesas, interpretadas pela atriz Sarah Paulson, uma hermafrodita com três seios (Angela Bassett), entre outros personagens – alguns deles interpretados por atores com deformidades reais, como a indiana Jyoti Amge, que entrou para o livro dos recordes como a menor mulher do mundo.
Ryan Murphy fez cinco mini documentários contando as histórias desses atores e de como eles superaram suas limitações físicas. Um deles, nós legendamos e colocamos aqui abaixo. É sobre a atris transgênero Erika Ervin, que fez o teste para o papel em “Freak Show” vestida de homem.