Pego no pulo: grupo que promove cura gay produz outdoor mentiroso

Os grupos anti-LGBT tentam de todas as formas eliminar o argumento de que há um fator genético na homossexualidade. Afinal, se gays não “nascem gays”, então há um momento mágico em que o pequeno pervertido resolve magicamente sentir atração por alguém do mesmo sexo; também não haveria necessidade de se garantir direitos para pessoas que “optam” por esse “estilo de vida”; e o problema seria resolvido se esses depravados todos deixassem de ser teimosos e concordassem em entrar em tratamentos de cura gay. Para tentar convencer a população disso, esses grupos se dispõem até a mentir… reconsideremos esse “até”. Eles mentem o tempo todo.

Um exemplo disso aconteceu em Richmond, Virginia, Estados Unidos, em que o grupo Parents and Friends of Ex-Gays & Gays (PFOX – Pais e Amigos de Ex-gays e Gays) comprou um outdoor em que se lê “Gêmeos Idênticos: Um é gay. O outro não. Nós acreditamos, estudos científicos demonstram. Ninguém nasce gay”. De um lado do outdoor, a foto de um moço de terno e gravata. Do outro, seu irmão gêmeo, de camiseta. Gêmeos idênticos têm o mesmo DNA! Se um é gay e o outro não é, quer dizer que um deles optou por sair do caminho direito – supostamente o que se veste de camiseta, afinal alguém alinhado, vestindo um bom terno, jamais seria gay.

Acontece que os “gêmeos” que o outdoor exibe não são gêmeos. A organização simplesmente utilizou duas fotos do mesmo modelo, o sul-africano Kyle Roux, em duas fotos diferentes, compradas de um banco de imagens.

Em uma coisa eles acertaram: Roux é sim gay, e muito orgulhoso disso. Como ele declarou à estação de TV WWBV, “Eu vivo minha vida como um gay declarado, e feliz por toda a minha vida. Me parece que não há lugar no mundo de hoje para uma organização que promove a homossexualidade como um estilo de vida depravado ou desagradável.”

A PFOX promove grupos de “cura gay”, e tenta argumentar que se há gêmeos em que um irmão é gay e o outro não é, então claramente não há componente genético na homossexualidade. Eles se referem a um estudo de 2000 pelo Departamento de Psicologia da Northwestern University sobre irmãos gêmeos idênticos. O próprio autor desse estudo, J. Michael Bailey, discordou da interpretação feita pela organização de sua pesquisa:

As pessoas costumam se confundir com a terminologia. Elas perguntam, por exemplo, se a homossexualidade é genética ou é aprendida. Bem, genética não é o oposto de aprendida. Acho que inato é o oposto de aprendido. Uma característica pode ser completamente inata sem ser completamente genética. E eu acho que a orientação sexual dos homens é um desses casos.

Além disso, como já publicamos aqui, há indícios de que mais de um gene em vários cromossomos estão envolvidos na orientação sexual de um indivíduo. E a vida do indivíduo também não pode ser descartada do processo de formação da sexualidade. Não há respostas simples na genética – eu mesmo tenho um irmão gêmeo, ele é míope desde os 12 anos; eu nunca precisei usar óculos. Isso não quer dizer nem que não há fator genético na miopia, nem que alguns hábitos não possam fazer com que alguém se torne míope mais cedo.

Pega na mentira, a PFOX não dá o braço a torcer e insiste no papinho de que quem busca “curar” sua homossexualidade deveria ter o direito de tentar. Também ignorando pesquisas que apontam essas “terapias” como causa de depressão e autodepreciação, pacientes, que chegam a descrevê-las como tentativas de exorcismo. O outdoor continuará a exibir o embuste da PFOX até 4 de janeiro.

Ouça o Lado Bi da Cura Gay