“Legend of Korra” chega ao fim insinuando romance lésbico da protagonista

Na última sexta-feira foi ao ar o episódio final de Legend of Korra, uma das melhores séries de animação dos últimos anos (sério, se você ainda não assistiu, assista). Continuação de outra animação de sucesso, Avatar: The Legend of Aang, a série desde o início fugiu dos padrões dos desenhos animados ao apresentar uma heroína forte, com um corpo de proporções humanas (ao contrário das princesas da Disney) e que faz o melhor que pode para navegar os vários dilemas morais que surgem em seu caminho. E, ao chegar ao final, Korra fugiu dos padrões mais uma vez e tornou real o desejo de milhares de fãs, fazendo com que a protagonista terminasse unida a outra personagem forte que vem lhe acompanhando desde a primeira temporada, Asami.

A trama das duas séries acontece num mundo em que alguns indivíduos especiais conseguem manipular os quatro elementos clássicos: ar, água, terra e fogo. Um indivíduo em especial é o único que é capaz de manipular os quatro elementos, e de fazer a ponte com o mundo dos espíritos. Esse indivíduo reencarna sucessivas vezes: na primeira série, ele era o jovem Aang; nessa segunda, Aang está reencarnado como a adolescente Korra. No final da primeira série, Aang termina beijando Katara, a garota que lhe acompanhou desde o primeiro episódio. Agora, no final da segunda, Korra pega nas mãos de Asami, olha profundamente nos seus olhos, e parte com ela para o mundo dos espíritos, enquanto a música aumenta.

Sim, não é explícito como o final de Aang, mas ainda assim é bastante corajoso para um desenho animado sempre patrulhado por pais conservadores. O romance entre Korra e Asami, apelidado de “Korrasami” pelos fãs internautas, fo0i cultivado em pinceladas pelas quatro temporadas da animação. Asami começava como a namorada de Mako, um esportista, por quem Korra também se interessa romanticamente. O namoro entre Korra e Mako chega a acontecer, mas depois que eles se separam, a relação entre as duas ex-rivais começa a se tornar mais e mais íntima. No início da quarta temporada, Asami troca cartas com Korra quando esta precisa se afastar de todos: “Querida Korra, sinto saudades de você”, escreve. Korra responde: “Por favor não conte para Mako e Bolin [irmão de Mako] que eu escrevi para você e não para eles. Eu não quero que eles fiquem magoados, é mais fácil falar com você sobre essas coisas.” Em outros momentos elas elogiam a aparência uma da outra e comentam como gostam de ficarem juntas. Não é nenhum arroubo de paixão, mas a série não é uma história romântica; os romances sempre foram tramas secundárias, mesmo quando em A Lenda de Aang.

Nem todos ficaram felizes com esse desfecho, e não pelas razões que era de se esperar. Houve quem reclamasse que seria uma atitude melhor – e mais feminista – se Korra simplesmente terminasse a história sozinha, demonstrando que não tem a necessidade de um homem para terminar feliz. E se as duas fossem apenas amigas, melhor ainda, seriam DUAS mulheres fortes e independentes. Sim, a presença de mulheres fortes é algo raro (ainda) na cultura pop, ainda mais nas animações. Mas muito mais raro são protagonistas homossexuais (menção honrosa para o romance entre Marceline e Princesa Jujuba em Hora de Aventura). E a união das duas não faz delas menos feministas ou mais frágeis: pelo contrário, a força que as duas demonstram ao longo de toda a trama apenas torna o romance entre elas algo mais importante. A mensagem que os fãs de Korra de todas as idades vão receber: não é preciso ser frágil para encontrar o amor – e ele pode estar em alguém que tem o mesmo sexo que você.