O que aprendemos sobre profilaxia pré-exposição, a PrEP

Num primeiro momento nós escrevemos um post contra o uso do Truvada para prevenir a infecção pelo HIV. E daí descobrimos que não sabíamos quase nada a respeito

por Marcio Caparica

Esse post foi atualizado em 15 de julho de 2014 para refletir informações adquiridas posteriormente. Seu título original era “Por que tomar Truvada para se prevenir contra o HIV é uma ideia cretina”. Para uma discussão aprofundada sobre o assunto, ouça o Lado Bi 63 – Truvada.

Você consideraria deixar uma camisinha no pau 24 horas por dia, todos os dias, pelo resto da vida, e ainda por cima pagar mais de dois mil reais por mês para fazer isso? Não?

Nos Estados Unidos estão fazendo uma campanha forte para que se faça algo mais ou menos tão absurdo quanto: Nos Estados Unidos estão propondo que gays que não foram infectados com o vírus do HIV tomem diariamente uma dose de Truvada, um dos medicamentos que os soropositivos tomam para controlar sua carga viral, como forma de prevenção. Pode-se especular sobre os interesses da indústria farmacêutica sobre essa medida, mas esta é uma nova forma de prevenção contra o HIV, que visa a tentar conter o avanço do número de infecções que vem acontecendo nos últimos anos.

Muito do trabalho que fazemos nesse blog é acompanhar o que acontece no exterior e tentar trazer aqui para o Brasil os debates estrangeiros que podem nos influenciar, ou que renovem as maneiras estabelecidas de encarar questões da cultura LGBT. Traduzimos e publicamos artigos com que concordamos em grande parte (mas não necessariamente integralmente).

Já faz muitos meses que textos que lidam com a questão do HIV em blogs que seguimos vêm louvando que se tome o Truvada para evitar a contaminação, dizendo que essa é uma solução incrível para quem quer fazer sexo sem camisinha e ainda assim evitar a infecção. Já vi textos que chegavam a comparar essa prática com a de mulheres tomarem pílulas anticoncepcionais. Chegam a sonhar com o dia em que serão feitos implantes subcutâneos que liberarão Truvada de maneira contínua ao longo de meses. Mas aqui no Brasil não se fala muito dessa “maravilha”. Fiquei intrigado. Falei com médicos a respeito, mas nenhum quis assinar embaixo dessa proposta.

(Update: posteriormente, entrevistamos mais médicos que, sim, assinam embaixo dessa ideia. Além da Organização Mundial de Saúde, claro.)

Foi um comentário num dos posts que traduzimos que me fez enxergar algo preocupante que estávamos fazendo, quase um desserviço. O leitor apontou que enquanto o post argumentava pela revolução de profilaxia pré-exposição (chamada de PreP, ou seja, tomar o Truvada sem ter HIV), nada se falava da profilaxia pós-exposição, ou seja, quem acabou de passar por um comportamento de risco tomar o coquetel antirretroviral para evitar que o HIV se instale no corpo, esse sim um tratamento endossado por todos os médicos no Brasil. Isso me deixou cismado com esse movimento nos EUA.

Alguns dias depois, em outro post sobre HIV, percebi que o autor original não só fazia questão de falar da PreP, como também omitia não apenas o coquetel do dia seguinte, como também o uso de preservativo. Daí eu já achei demais, e sem o menor remorso alterei o texto para incluir o uso de camisinha.

Foi então que resolvi investigar melhor essa história. Conversei com soropositivos que tomam o remédio, com médicos que tratam soropositivos, e com especialistas da área de saúde. O que eles me explicaram me fez perder a fé no uso do Truvada como estratégia de prevenção contra o HIV. (Update: depois de me informar, recuperei a confiança no uso do medicamento.)

O Truvada não oferece proteção completa

Para começar, não se pode afirmar que a proteção contra infecções proporcionada pelo Truvada seja tão absoluta assim – os próprios textos que propõem seu uso admitem que sua proteção é de 90%.

Update: matérias ao redor do globo citam níveis de proteção entre 90% e 99%. Isso não significa que 90% da população teve sucesso em se prevenir contra o HIV com o Truvada enquanto 10% foi infectado apesar de tomar a medicação. Isso significa que entre os que participaram do estudo, 90% se manteve sem o vírus e 10% (ou menos, dependendo da fonte) adquiriu o HIV – provavelmente por não ter tomado a medicação todos os dias. Todos aqueles que tomaram a medicação diariamente mantiveram-se soronegativos.

Existe uma razão por que existem vários remédios, dosagens e combinações de drogas para reduzir a carga viral dos soropositivos: nem todos os subtipos do vírus reagem da mesma maneira aos mesmos medicamentos. Os soropositivos que iniciam o tratamento antirretroviral passam por uma fase inicial de acompanhamento até que se descubra a combinação exata de drogas que age sobre os vírus que ele ou ela estão carregando. O Truvada é a combinação de duas dessas drogas num comprimido só; funciona para muita gente, mas não para absolutamente todos.

Então digamos que você está tomando o Truvada e fazendo sexo sem proteção. Realmente, como apontam várias pesquisas, o remédio pode evitar a transmissão se você trombar com os subtipos do vírus HIV sobre as quais ele é mais eficaz. Agora, se você transar com alguém que esteja carregando um subtipo sobre a qual o Truvada não faz tanto efeito? Daí suas chances de adquirir o vírus são as mesmas de alguém que faz sexo sem proteção e não toma esse remédio.

Update: isso que eu escrevi é besteira. Sim, um subtipo pode ser imune a um medicamento, mas dificilmente será imune a dois usados concomitantemente. Os estudos indicam que a possibilidade disso acontecer é estatisticamente insignificante. Por isso optou-se por realizar PrEP com o Truvada, já que é uma formulação de dois remédios num só comprimido.

Pior ainda, as chances de você espalhar o vírus recém-adquirido são grandes, já que você está transando sem proteção por aí, crente de que não foi infectado. Se você transmitir esse subtipo para alguém, e essa pessoa eventualmente transmitir para outra… Existe então o risco de se espalhar na população o subtipo do HIV imune ao Truvada, num fenômeno similar ao que acontece com as bactérias super-resistentes a antibióticos. O controle da epidemia vai dar vários passos para trás, até que se encontrem tratamentos eficazes para esse subtipo imune ao Truvada, que vai se tornar cada vez mais prevalente. Tudo isso por se abrir mão do uso do preservativo, que impede a transmissão de todos os subtipos de HIV.

Update: mais bobagem que eu escrevi. Tudo indica que o risco disso acontecer em curto prazo é mínimo, já que dificilmente esse subtipo sequer vai existir. Ao longo de muitos e muitos anos existe a possibilidade de um subtipo resistente ao Truvada aparecer? A possibilidade existe. Mas até aí, supor que estaremos limitados ao Truvada daqui a muitos e muitos anos é subestimar a pesquisa farmacêutica. Novas gerações de medicação contra o HIV certamente surgirão, ainda mais eficazes.

E a prometida proteção, vale lembrar, só vem para quem toma o remédio religiosamente. Se você esquecer de tomar todo dia, já não dá pra garantir que a sua blindagem esteja tão forte. Algo me diz que alguém que optou por tomar Truvada mas por qualquer razão passou uma semana sem botar pra dentro seu comprimidinho não vai deixar passar a chance de transar com um boy lindo. Na falta de preservativo, esse indivíduo vai apostar em qualquer proteção que os resquícios do medicamento em seu corpo ainda possam oferecer. A sorte está lançada.

Update: isso continua sendo verdade. Felizmente PrEP não é apenas entregar os comprimidos na mão das pessoas, dizer pra tomar todo dia e beijo. Quem faz PrEP também recebe orientação médica constante, tem que fazer exames de sangue de três em três meses, e tem consultas para avaliar sua aderência ao tratamento e receber informação sobre uso de preservativo, DSTs e etc. Ou seja, vai ter uma rotina semelhante à dos soropositivos que tomam medicação. Essa educação tende a fazer com que mesmo quem não utilizava preservativo passe a utilizá-lo.

A medicação contra o HIV tem efeitos colaterais consideráveis

Essa é uma troca com a qual os soropositivos têm que conviver: eles tomam diariamente suas doses de medicamento que garantem sua saúde imediata, mas sabem que, a longo prazo, esses medicamentos afetam seu corpo de maneiras negativas. É algo que dá para administrar, mas mesmo assim não é bacana. Os efeitos vão desde o puramente estético, como a lipodistrofia, em que a distribuição de gordura pelo corpo fica alterada, até os mais preocupantes, como a osteoporose e a sobrecarga renal e hepática. Sim, hoje a medicação pega bem mais leve do que há quinze anos, e provavelmente as pesquisas científicas vão trazer ao mercado medicamentos com cada vez menos efeitos colaterais. Mas a única vida totalmente livre de efeitos colaterais é aquela que não ingere droga nenhuma, razão por que hoje em dia os infectologistas preferem aguardar que o nível de células imunológicas (linfócitos CD4) dos pacientes caia até um certo nível antes de introduzir a medicação. Se o paciente passar anos saudável sem tomar remédio nenhum, esses são anos em que sua qualidade de vida foi mantida e que seus órgãos foram poupados do esforço causado pelos coquetéis de drogas.

Mas, como já disse, essa é uma troca que os soropositivos precisam fazer para manter sua saúde. Agora, sobrecarregar seu corpo sem necessidade? Danificar seu fígado, seu rim, seus ossos com drogas todos dias, em troca de não usar preservativos durante o sexo? Não é mais inteligente utilizar uma forma de prevenção que só causa (muito pouco) incômodo durante os poucos momentos em que precisa ser usada?

Update: Todos os estudos feitos até o momento relatam que os efeitos colaterais do Truvada são muito baixos – ele é inclusive recomendado para soropositivos como uma alternativa a outros medicamentos que causam lipodistrofia e osteoporose. Soronegativos em PrEP relatam alguns dias de náusea e enjoo, e depois se acostumam. Efeitos sobre o fígado até o momento aparentam ser mínimos. Os efeitos a longo prazos obviamente ainda estão para ser avaliados, mas tudo indica que não devem ser graves.

O preço dessa forma de prevenção é muito, mas muito alto

Nós vivemos num país em que todo soropositivo recebe sua medicação antirretroviral gratuitamente pelo sistema público de saúde. Na maioria dos países isso não acontece. Esse excelente princípio de controle epidemiológico faz com que nós, brasileiros, muitas vezes não tenhamos noção do quanto custam esses remédios. Pois saibam que um mês de Truvada sai por mais de 2 mil reais por mês, por pessoa.

Enquanto isso, por poucos reais compra-se preservativos em qualquer drogaria ou farmácia. Não quer gastar esses trocados? Nosso sistema de saúde também oferece preservativos gratuitamente.

Eu acho que é um péssimo negócio trocar um gasto de, digamos, 50 reais por mês (isso se você transar MUITO) por um gasto de 2000 reais. Quanta viagem, quanta roupa, quanta balada, quantas mil outras coisas pode-se fazer com essa grana? Supondo-se que o poder público resolvesse bancar essa conta – realmente seria o uso mais eficiente dos nossos impostos? Não. Financeiramente, bancar os coquetéis para a profilaxia pós-exposição faz todo sentido: o governo está investindo uma quantia razoável num gasto pontual para evitar que esse gasto se torne permanente. Adotar o Truvada como prevenção seria tornar esse gasto permanente, generalizado… e ainda com ele gerar gastos posteriores para lidar com os já citados efeitos colaterais.

Update: mudei de opinião sim. Se a estratégia do PrEP resultar numa redução da quantidade de novas infecções por HIV (crescentes, no momento), terá sido um dinheiro muito bem gasto. No Brasil, isso deve acontecer via SUS, o que não acarretará gasto maior que o dos nossos já excessivos impostos.

Talvez os únicos que vejam vantagem nessa troca do preservativo pelo remédio sejam os cabeças das indústrias farmacêuticas, que passariam a ter um público cativo preso eternamente a medicamentos caríssimos em troca da (duvidosa) segurança que o Truvada proporciona a quem quer fazer sexo sem camisinha.

Vamos pensar bem, se o Truvada fosse assim a solução contra a transmissão do HIV, por que não fazer campanhas para que TODOS, homens, mulheres, gays, héteros, bis, velhos, jovens e crianças, tomem seu Truvadinha diário? Update: a epidemia de HIV é no momento bastante localizada numa subpopulação específica: a de homossexuais masculinos. Seja qual for a razão para isso, a melhor maneira de otimizar essa estratégia de prevenção é realmente focar na população mais propensa a contrair o vírus. Distribuir para uma imensa população que no momento tem pouca chance de adquirir o HIV seria, isso sim, um desperdício de dinheiro público. O HIV não discrimina por sexualidade nem por gênero, e se a população inteira contar com o escudo farmacêutico, a doença se extinguiria em poucas gerações. Mas isso é impraticável, absurdo e estupidamente dispendioso. Qualquer um pode prever que a população em geral não se submeteria a gastar um dinheiro absurdo para tomar remédios sem necessidade. Apenas um segmento que fetichiza cada vez mais o sexo sem proteção em detrimento da própria saúde, como muitos dos gays, seria capaz de embarcar numa proposta como essa. Para a alegria e esperança da indústria farmacêutica.

Esperamos todos que a vacina e a cura da AIDS sejam descobertas. O Truvada, no entanto, está longe de ser qualquer uma das duas coisas. É um medicamento que traz qualidade de vida e segurança para inúmeros soropositivos que, com sua carga viral indetectável, podem esperar ter um futuro pleno, produtivo e feliz. Quanto a seu uso por quem não foi infectado com HIV, no entanto, eu concordo com o ativista Larry Kramer, autor da peça The Normal Heart: “qualquer um que por vontade própria tome um antirretroviral todos os dias só pode ter pedras na cabeça. Para mim, há algo covarde em se tomar Truvada ao invés de usar preservativos. Você está tomando uma droga que é um veneno para você, e isso diminui sua energia para lutar, para se envolver, para fazer qualquer coisa”.

Update: 25 anos de educação sexual no auge da Aids criaram não apenas nesse blogueiro, mas em grande parte dos gays, um verdadeiro tabu quanto ao sexo sem preservativo – um tabu responsável pelo fetiche que muitos sentem por essa prática. Assim, o reflexo é demonizar quem gostaria de fazê-lo, caindo no comportamento de tentar estigmatizar quem toma Truvada como “Truvada Whore” e afins. Alguém que decida fazer PrEP e seguir o tratamento à risca estará tomando uma atitude tão responsável quanto alguém que se propõe a usar preservativo em todas as relações. Além do que, uma tática não exclui a outra. O importante é frisar: tomar Truvada um dia antes de pirar o cabeção na night não tem efeito de proteção NENHUM. PrEP é um compromisso a longo prazo, para todos os dias, com a sua saúde e a dos seus parceiros. Siga as orientações do seu médico. E apesar da possibilidade, considere continuar usando o preservativo mesmo tomando a medicação. Afinal, ela não previne contra as outras DSTs, que, apesar de curáveis, são bem desagradáveis (veja por exemplo essas fotos de sífilis). Sem falar do fator higiene – camisinha sempre é uma boa contra passar um cheque inesperado. Vamos continuar focando no sexo responsável, seja qual for a estratégia de prevenção que você escolher se a PrEP vier a ser instaurada no Brasil.

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28 comentários

Dmitriy

Este retorno ao sexo sem camisinha em massa, dará imensos lucros para a indústria farmacêutica e outras doenças mais para os “corajosos” que poderão ter a sorte de não se contaminarem com o HIV mas experimentarão casos de Clamídia, Sífilis, Gonorréa, Hepatites e HPV. Os coitados dos passivos que pegarem HPV no reto, experimentarão num futuro não muito distante, das “”delícias”” dum câncer no reto, no ânus resultante das verrugas internas do HPV.

Marcio Caparica

A PrEP é a utilização de um medicamento antirretroviral, o Truvada, por pessoas que não são portadoras de HIV, para impedir a infecção.

Naraiana oliveira

Parabéns e obrigada! Até aos héteros, como eu, essas são informações muito importantes, uma vez que o número é mulheres casadas, infectadas pelos esposos é muito grande!
Realmente é uma lástima que essas informações não cheguem ao grande público, via propaganda aberta na televisão, rádios e jornais. Muitas, mas muitas pessoas mesmo precisam saber disso. Mais um vez obrigada!
Bjs e agora vou ler sempre seu blog!

PrEP: 5 gays contam por que tomam Truvada contra o HIV

[…] Há quase um ano a profilaxia pré-exposição (PrEP) tomou conta dos noticiários de saúde, causando alegria e consternação em partes iguais. A Organização Mundial de Saúde recomendou que todos os homens que fazem sexo com homens tomassem um comprimido do antirretroviral Truvada por dia como forma de impedir que o vírus HIV se alojasse no corpo de quem toma o remédio em caso de sexo sem preservativo. Houve todo um leque de reações: a felicidade do surgimento de uma nova maneira de se prevenir contra a contaminação pelo vírus HIV entrou em choque com a descrença resultante de 30 anos de condicionamento sobre a população LGBT, que passou décadas ouvindo que o preservativo era a única maneira de se prevenir a infecção. Nós mesmos aqui do LADO BI, admitimos, tivemos que rever nossa maneira de pensar. […]

x

Prezados, sou hiv negativo e, ao ter relação sexual na Espanha, a camisinha estourou. O cara é hiv pos, mas indetectável. Ele me levou a um hospital e me deram o medicamento, depois de muita luta (inclusive após ficar puto após ser atendido por um médico que nem sabia o que é pep), No final das contas, tive que pagar uma verdadeira fortuna por tudo o que foi feito, mais de 430 euros por 10 dias de medicamentos, mais custos com consultas etc. Detalhe, nenhum seguro de saúde cobre nada relacionado a hiv. Creio que seja necessário um post específico para avisar aqueles que vão de férias ao exterior e acham que vão ter o pep tão facilmente quanto tem no Brasil. Não vão ter e, se tiverem, vão ter que pagar uma fortuna. Sempre que viajo eu evito sexo com penetração. Na única vez que abria exceção, ocorreu o acidente. Vale a pena avisar a galera. Cheguei no brasil e em menos de uma hora eu já estava com a medicação para o resto dos dias de pep. Nunca senti tanto orgulho do meu pais como nesse momento. Ter o atendimento negado no exterior para algo tão importante é uma gigantesca ofenda à integridade moral. E se eu não tivesse os 430 euros para pagar o medicamento na hora? nem opção por genérico me deram, tive que comprar os originais.

Clube do carimbo: 30 fatos sobre HIV/Aids que não foram ao ar

[…] Há também a PrEP (Profilaxia Pré-Exposição), que consiste no uso de medicamentos antirretrovira…, mas são mecanismos importantes no cardápio de prevenção que temos em relação ao HIV. Nos Estados Unidos, Canadá, Europa e Austrália, o uso desse tipo de medicamento como auxiliar à camisinha ou para pessoas que tenham problemas em usar preservativo já é amplamente praticado. A reportagem do Fantástico, apesar de mencionar a PEP na fala da diretora do UNAIDS, ignorou não só essas tecnologias disponíveis e indispensáveis para uma política séria de prevenção, como deixou de informar outras estratégias importantes como a prevenção combinada e a redução de risco. […]

maria

sinceramente, sou casada a 12 anos e apenas um parceiro a vida inteira, mas acredito que todas as mulheres deveriam tomar o truvada já que sempre a resistência de seus maridos em usar preservativo, homens cretinos que trazem da rua doenças pra suas esposas. O ideal seria não precisar, mas…

Bruno Campelo

Muito legal a atitude do LadoBi de reescrever a matéria, frente às novas informações. Mas bem ruim ter publicado uma matéria baseada no “achismo”, o que, infelizmente, é bem comum nesse portal. Mas como é errando que se aprende a acertar, ainda assim continuo acompanhando esse site.

James Cimino

Então, Bruno, gostaria de dizer que a outra matéria não foi feita em cima de achismos. Foi feita em cima de apuração. E, veja só, descobri depois, acompanhando um amigo que foi participar dos testes para PrEP que o Truvada tem sim vários efeitos colaterais. E esse amigo desistiu de fazer por causa disso. Então, nem lá nem cá.

James Cimino

Agora, você tem sempre a opção de procurar informação em outro site, só que o que tem por aí, você sabe, é só info de balada, de gente que saiu do armário e pau que vazou na webcam.

» TUTTOMONDO | Travada

[…] remédios devem ou não ser usados para prevenir a infecção pelo HIV. Tem gente que acha que essa é uma ideia cretina. Tem gente que acha que é cretino dizer que essa ideia é […]

Walter

A matéria é muito parcial, equivocada e precipitada. Realmente não passa da (infeliz) opiniao de quem a escreveu. A impressão que dá é que só os depravados de plantão e gays viciados em drogas é que usariam o Truvada. Não é verdade, o Truvada seria muito útil tanto para mulheres quanto para homens que gostariam de uma segurança a mais nas relações sexuais. Basta ver que nos EUA boa parte dos que compram o remédio são mulheres, como comprovam as noticias na midia. Seria muito util para dar mais tranquilidade no sexo oral por exemplo, ja que oral com camisinha é muito broxante, tanto para homens como para mulheres. Achar que , por causa do Truvada, todo mundo vai abandonar a camisinha é um erro grosseiro, pois sabemos que,infelizmente, boa parte da populacao já nao usa preservativo mesmo , sobretudo os mais jovens que acham que a aids já não mata ou que isso nunca acontecerá com eles.
Enfim, quem tem a cabeça mais aberta receberá de bom grado o Truvada não como um substituto da camisinha (coisa que ele nunca pretendeu ser), mas sim como mais uma importante arma para prevenção da epidemia da aids, que infelizmente continua crescendo a cada dia e cuja cura ou vacina ainda não apareceu no horizonte. Lembrando também que ninguem é obrigado a toma-lo, assim como ninguem é obrigado a usar camisinha. Vai toma-lo e usar camisinha quem quiser.Ou tiver inteligencia e amor pela vida. O Truvada é um grande e bemvindo avanço na luta contra aids. Que venha o Truvada para todos!

Luis Neves

Desresponsabilizam-se escolhendo grupos de estudo a milhas de distância, usando-os como cobaias humanas.
O seguro de saúde privado na América cobre tal medicamento, mas nem mesmo o ObamaCare muda o que seja, negócio é negócio. E negócio não se faz com ingenuidade nem com ingénuos, parece que até o Obama desistiu dessa – É mais importante para ele ser entrevistado no Tonight Show e manter uma popularidade razoável sem levantar muita poeira.

Wilson

Bom, eu participei do grupo aqui em SP da Pesquisa de aprovação do Truvada (tenho todos os relatórios detalhados). Acho que levou 3 ou 4 anos. Pois foi logo no inicio que eu precisei iniciar o meu tratamento e o meu perfil era desejável para participar da Pesquisa. Bem, pelos relatórios da pesquisa era explicado e detalhado que o Truvada era para substituir um outro anti-retroviral (Efavirenze)… e resumindo o Truvada durante as pesquisas apresentou a mesma eficácia das medicações presente no mercado, nada mais e nem nada menos. Contudo também apresentou os mesmos problemas de efeitos colaterais que foram considerados admissíveis. E no final da pesquisa se o grupo que estava utilizando o truvada deveria continuar o tratamento com uma outra medicação já existente no mercado. Já que o truvada ainda não estaria disponível comercialmente. Portanto acho que esta matéria faz muito sentido por ser bem direta e realmente dá para entender como estamos dependentes das indústrias farmacêuticas que só tem como objetivo o lucro.

Rubem

Pessoal, segue um texto meu publicado no Portal MeRepresenta a respeito de uso de Truvada para prevenção de HIV. Levanto algumas questões técnicas e rebato uma matéria publicado pelo LadoBi nessa semana quando o autor definiu essa medida como ‘cretina’. Vamos abrir um diálogo mais coerente e inteligente sobre essa questão!

“Nessa semana o LadoBi publicou uma matéria sobre uso do medicamento Truvada para prevenção de HIV, caracterizando essa medida como uma ‘ideia cretina’, ‘impraticável, absurda e estupidamente dispendiosa’ e ‘sem necessidade’ para diversos grupos populacionais, finalizando com o veredito de ‘covarde’ para aqueles que fazem uso da Truvada, parafraseando um militante Norte-americano. Não suficiente, o autor ainda que sem nenhuma referência científica, indica que a Truvada quando obtida através da Profilaxia Pré-Exposição para HIV (PrEP) não oferece proteção completa, apresenta consideráveis efeitos colaterais, sendo uma medida de prevenção de altíssimo custo.
Minha ideia nesse texto é apontar que todos esses argumentos são mentirosos. Eu faço isso levantando estudos e acúmulos coletivos de pessoas que estão em PrEP, para que possamos repensar outras práticas de prevenção de HIV.”

http://merepresenta.net/por-que-tomar-truvada-para-prevenir-hiv-nao-e-uma-ideia-cretina/

James Cimino

Rubem, você sabe como o Truvada vem sendo usado nos EUA? Eu entendo seus estudos e os respeito, mas eles não levam em consideração a irresponsabilidade dos usuários. Os mesmos que têm problema de aderir à camisinha têm problema em aderir a um tratamento sério com Truvada. Estes mesmos em breve podem originar um tipo de vírus resistente, não podem? Ou essa ideia é totalmente descartada? Você pode garantir isso? Eu não posso. A mesma medicação que hoje é considerada super eficaz, amanhã pode ser uma furada. E nesta brincadeira, quem sabe quantos podem ser infectados só porque quiseram transar sem camisinha. E se transar sem camisinha significa colocar outra pessoa em risco, eu acho a ideia cretina, embora eu não tenha escrito esse texto. E as pessoas que estão fazendo um uso irresponsável do Truvada não são pessoas que estão mais em risco, não são prostitutas. São pessoas irresponsáveis apenas.

Rubem

Olá James! Eu sei sim como a Truvada vem sendo tomanda nos EUA e acompanho um grupo de PrEPers com mais de 2000 pessoas. O que você está dizendo, mais uma vez, se baseia em achismo e preconceito. Você me parece que não leu a parte dos determinantes de uso de camisinha – eles não são os mesmos para uso de medicamento. Adêrencia de medicamento não é influenciado por sensibilidade sexual e fantasia sexual, por exemplo. Epidemia de virus-resistente? Você não é o primeiro a levantar essa hipótese que, na verdade, vem sendo levantada desde 1994 com o surgimento dos primeiros anti-retrovirais. Os virus mutam e a produção tecnológica que temos hoje garante controle de linhagens novas. Nós estamos fazendo isso há 20 anos. Ademais, não utilizar camisinha não significa que criará resistência; isso apenas acontece se houver contato com o vírus. Por exemplo, se você estiver tomando PrEP, não utilizar camisinha e não tiver contato com o vírus, não há resistência. Havendo contato, a chance de resistência é quase 0. E, sim, eu posso garantir isso.
Veja, seu racíocionio é ilógico: ‘E se transar sem camisinha significa colocar outra pessoa em risco, eu acho a ideia cretina’. O PrEP simplesmente acaba com risco de contaminação. O que você esta advocando não é contra uso de PrEP mas aumentao estigma e discriminação das pessoas que estão nele. O ‘cretina’ diz muito, acredite.

James Cimino

Não senhor, não se baseia em achismo e preconceito não. Se baseia em experiência real, de conhecer pessoas que transam sem camisinha e dizem: “mas tomei Truvada”. Você toma todo dia? É soropositivo? Não sou, mas também não tomo todo dia. Só quando vou transar. Não me parece que esse seja o protocolo, certo? A mesma pessoa que toma Truvada dessa forma, fazia parte de um grupo de bareback que incluía o uso de várias outras drogas, inclusive Viagra, cocaína, key e tomava tudo misturado. Esse uso irresponsável é seguro? Garante mesmo que o cara não vai desenvolver resistência ao medicamento? E eu perguntei se você pode garantir com 100% de certeza que pessoas que transem sem camisinha e tomem Truvada não irão contaminar ninguém, porque outros médicos que consultamos disseram não garantir. Um professor-doutor em farmácia e bioquímica da USP, a quem também consultamos, também disse não haver 100% de garantia. Então, o único achismo aqui, até o momento, é o seu em relação à nossa opinião, que não saiu da nossa cabeça apenas. De qualquer modo, você poderá dar mais esclarecimentos sobre o tema em breve.

Rick

Não existe 100% de garantia para nada, só ficar em casa trancado sem transar. O que existe é gerenciamento de risco, e o Truvada é mais uma ferramenta no arsenal para gerenciar esse risco. Talvez não seja adequada para você, mas isso não a qualifica como idéia cretina.

Klesius

Seu texto de 06.03.2014 afirmava: “O remédio mais popular para esse tratamento é o Truvada, que vem demonstrando taxas de proteção de 98%.”
Então, antes de sair chamando uma idéia de cretina (parece mesmo que os autores desse blog adoram usar expressões assim nervosas e, pior, julgadoras), melhor seria perceber que vc mesmo há três meses parecia não só concordar com os números do Truvada como considerar uma excelente opção, já que não fez nenhuma reflexão ao contrário.
Já sei, vai falar que não recomendou nem aprovou, blá blá blá, que eram apenas números “científicos”.
E o leitor aqui fica sempre sem saber onde termina a notícia jornalística e onde começa o achismo do autor.
O que acha uma idéia cretina.

Matheus

Não sei como ele falou em outro texto sobre o medicamento, mas quanto ao fato de tratar o Truvada como uma solução para prevenção realmente isso é um perigo. Quando esse medicamento estava para ser aprovado para uso nos EUA já se discutia a sua distribuição somente para pessoas que estivessem expostas a alto risco de contágio como profissionais do sexo, da saúde e parceiros de soropositivos, justamente para que não se criasse a idéia de que o uso do medicamento deixaria as pessoas imunes ano contágio, afinal nada faz isso, nem mesmo o preservativo tem um eficiência de 100%, mas mesmo assim ainda tem a maior taxa de prevenção além de prevenir contra uma outra gama de DSTs além do HIV. Mas retomando, nessa história de trocar o preservativo por um medicamento não é uma idéia muito boa de forma alguma, pois seja qual for a chance de prevenção, 70, 90 ou 98%, ainda sim acredito se um valor pelo qual não vale arriscar.

James Cimino

Olha, Klesius, eu vou te dizer uma coisa. Se você está esperando quea gente chegue aqui e diga: olha, agora com o Truvada, vocês podem sair trepando sem camisinha pq o remédio é oitava maravilha do mundo, não vai acontecer. Não estamos questionando a eficiência do remédio, mas a forma como ele tem sido vendido como solução para todos os problemas relativos a infecção com HIV. Como você pode reparar no texto de março em comparação com esse, varia a taxa de eficiência dele, de estudo pra estudo, embora alta. E o que está acontecendo nos EUA em relação ao Truvada é gente que toma antes de fuder e depois para de tomar e toma de novo só antes de fuder de novo. O uso dele não é consenso entre médicos, por isso achamos uma ideia cretina substituir a camisinha pelo Truvada. Eles devem ser complementares. O Truvada nos EUa, inclusive, tem sido usado com outras drogas, como fazem as bichas que tomam bala, key, viagra e truvada. Lá já tem a figura da “truvada whore”, que tem esse tipo de comportamento. Agora, se você espera verdades absolutas, não, não trabalhamos. Nossa opinião sobre o truvada pode mudar para melhor ou para pior, mas só o tempo vai dizer. Enquanto isso, preferimos pecar pelo cuidado do que sair dizendo que é incrível e depois alguém se infecta mesmo usando truvada e vem aqui dizer que a gente é irresponsável. E o Truvada é uma excelente opção para quem faz tratamento de HIV e o respeita, mas uma péssima opção para quem usa a droga de maneira errada, o que pode criar uma geração de vírus resistentes e daí, ninguém sabe o que pode acontecer. Tá bom pra você? Menos cretina essa resposta?

Klesius

Somente questionei que os outros textos sobre o assunto pareciam somente reproduzir artigos e informações lidas (e que davam como excelente o Truvada, sem sequer questionar nada), e aí de repente esse texto agora vem decidindo que é cretinice tomar como prevenção.
Opinião todo mundo tem (direito a ter), mas eu jurava que jornalistas prestavam a informar, questionar, e não decidir. Não entendo que estou aqui julgando o papel de vcs ou mesmo as opiniões que emitem, estou levantando uma questão que me parece importante – até onde a opinião de um jornalista é mais importante do que informação.

James Cimino

Klesius, todo jornalismo tem opinião. Todo jornal tem editoriais e reportagens. Todo site, toda revista. Exceto a Caras, que é só pagação de pau. Os dois são importantes e se complementam. Só isso. Tomar como única alternativa de prevenção é uma cretinice mesmo, porque ninguém, pode te garantir 100% de eficácia. E é a sua saúde. Agora, você faz o que você quer. Esse papo de que “eu sou formador de opinião” é coisa de gente que quer responsabilizar os outros pelas suas decisões. E como já sei disso, prefiro dar um erramos depois por esse texto do que falar: isso, saiam por aí fudendo sem camisinha pq tá tudo bem. Não tá. Não é isso. E não faremos isso. Quem vai julgar se o que escrevemos aqui presta pra você ou não é você. Eu formo apenas a minha opinião, com base em várias opiniões sobre algo, e a publico. Se você quer formar sua opinião só pelo que escrevemos aqui, e nós opinamos mesmo, sugiro que busque outras fontes. A gente não caga verdade.

Klesius

Só quero deixar claro que, exatamente por levar muito em conta as coisas que vcs escrevem/falam, senti necessidade de demonstrar minha própria desorientação ao ler matérias/opiniões conflitantes emitidas aqui pelos autores. Claro que não usaria o site como única fonte de informação, tampouco acho que vcs tem a intenção de serem formadores de opinião. Mas acredito que, para quem escreve e quem lê, seja importante amadurecer os debates, e às vezes, super sinceramente, acho que vcs não gostam quase nada quando alguém discorda ou questiona o que vcs pensam/escrevem. Daí pra que ter campo para comentário? Não estou falando dos trollers, mas de quem vem aqui e quer opinar. Por último, se vcs preferem ter o cuidado de não sair a favor de algo que por ventura possa prejudicar quem siga a orientação, isso só demonstra o quanto vcs sabem e acreditam ser importante ter responsabilidade no serviço que prestam, pois o jornalismo não é somente achismo e opinião, mas tb serviço, talvez dos mais importantes pro cidadão. Espero não estar sendo um pé no saco de ng ao comentar aqui, e pode não parecer mas o assunto Truvada me interessa muito, acho muito sério, adoraria ter algo a tomar aliado ao uso da camisinha, e digo sem erro, quase nada se lê sobre isso, vcs abrem assuntos que a maioria dos sites gays mal resvala. Por tudo isso e pela admiração que tenho, é que critico a arrogância verbal às vezes derramada por vcs. Mas nada pessoal.

Junior

Parabéns James por essa matéria e acho certo você fazer a divulgação dela, pois pelos comentários também não levam a serio o fato do medicamento trazer consigo efeitos colaterais, que em algumas pessoas são severas.
Pra quem achar que não sei de nada, sou soropositivo e sei muito bem o que os anti-retrovirais fazem no organismo e ate conversei com minha infecto e ate ela disse que isso nos USA e um baita erro e sim os vírus vão se torna resistentes ao medicamento conforme as pessoas usarem de forma errada.
Pensem que não é somente a saúde que nós podemos perder ao adquirir o vírus e sim a vida.
Novamente quero parabenizar pela informação.

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